Capítulo 13

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A primeira vez que Regina pede ajuda é no dia seguinte. Faz dois dias desde o incidente e as palmas das mãos dela não estão cicatrizando tão bem quanto ela gostaria.

Ela está preparando o jantar com o mínimo de movimento possível quando Daniel chega em casa. Ele faz uma pausa na porta da cozinha com um buquê de flores, ainda vestindo a mesma camisa e calça do dia em que a agrediu. É a primeira vez que o vê desde que ele saiu, deixando-a em uma sujeira de vidro.

Ela não fala, ou reconhece sua existência, além de trancar brevemente os olhos com ele antes de voltar a cortar legumes.

- Regina, me desculpe pelo que aconteceu.

Regina ouve suas palavras cuidadosas, do jeito que ele diz que está se desculpando com 'o que aconteceu' e não 'o que ele' fez. Claro que ele não está assumindo a responsabilidade disso.

Ela não responde e ele coloca as flores com cuidado.

- Eu quero fazer isso direito, Regina. Diga-me o que eu preciso fazer.

Sua resposta imediata é uma risada curta:

- Volte no tempo. - Ela olha para ele, avaliando sua resposta enquanto ele aperta a borda do balcão até que os nós dos dedos fiquem brancos.

- Estou tentando. - Ele reclama.

Regina bate a faca no balcão, com a palma da mão esticada em segurança, para não se machucar, mas estremece levemente quando sente o grande corte na palma da mão esquerda reabrir.

- Eu também.

Seus olhos voam entre a faca e o olhar duro de sua esposa.

- O quê? Você vai me esfaquear? - Ele ri.

Ela revira os olhos.

-Você sabe que eu não faria.

- Exatamente. - Seus olhos brilham quando ele se engrandece - Eu sei que você não faria isso, você nunca fará isso - Ele começa a contornar a ilha da cozinha até ficar em sua frente.

Regina deixa a mão cair ao seu lado, mas tenta encará-lo.

- Tudo o que você faria é correr e contar a sua pequena amiga xerife. - Regina sente a cor sumir de seu rosto, e o sorriso de Daniel se amplia – Tudo bem, eu sei que você contou a ela.

- Daniel, eu...

- Guarde suas desculpas - Ele descarta - Se eu fosse você, pensaria duas vezes sobre o que você conta, Regina.

Não é exatamente uma ameaça, mas está perto o suficiente e Regina desiste. Ela dá meia-volta e sai da cozinha com a ferocidade real de um furacão tropical. Ela não para até ter corrido seis quarteirões e percebe que não sabe o que fazer. Ela ainda está usando o terninho e os saltos do trabalho, e não tem absolutamente nenhuma ideia para onde está indo.

Ela para e verifica a placa da rua, suspirando em algum alívio estranho ao reconhecê-la. Não é um lugar que ela já esteve, mas ela sabe o nome dessa estrada, é onde Emma mora.

O prédio é fácil de encontrar, e Regina entra e sobe dois lances de escada antes que ela realmente saiba o que está fazendo. Ela levanta a mão para bater, depois a deixa cair ao seu lado. Ela anda de um lado para o outro do corredor, tentando convencer-se a sair ou bater, ou qualquer outra coisa que não seja apenas subir e descer loucamente.

Finalmente ela bate.

- Espere! - A voz de Emma grita de algum lugar dentro do apartamento.

Regina considera fugir. Mas ela fica.

A porta está aberta para revelar uma Emma sorridente. Ela está com os pés descalços com um par de shorts pequenos e um suéter enorme, o cabelo jogado para cima em um coque bagunçado.

- Regina, o que há de errado? - Os olhos de Emma imediatamente se tornam preocupados.

- Me desculpe, eu não deveria ter vindo. - Regina murmura, já recuando pelo corredor de onde ela veio - Eu apenas...

Ela é parada por uma mão em seu braço.

- Fique. - O pedido de Emma é suave e quente, a mão que ela está usando para segurar Regina não é opressiva como a de Daniel parece sempre.

Regina ainda não mostra sinais de ceder até Emma dar um sorriso carinhoso para ela.

- Por favor? Estou fazendo espaguete.

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