Capítulo 1

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A primeira vez que Daniel levantou a mão para ela, Regina não se encolhe. Ela não dá um passo para trás, nem sente o medo passar pelo rosto.

Ela sabe que ele não vai bater nela.

Ela continua com seu discurso furioso, anos depois, ela nem sabe o porquê dessa briga, ela apenas se lembrará da sombra de algo passando atrás dos olhos dele, algo que ela nunca viu antes.

Ele não bate nela. Ele levanta a mão, a palma da mão aberta, a meio caminho entre os dois, como se não pudesse decidir se quer ir em frente e dar um tapa na bochecha dela, ou recuar. Sua mão treme por um segundo antes de cair de volta para o lado em derrota.

Regina sente o traço de algo enrolar em seu estômago quando ele se vira para sair. Quando ele bate a porta atrás dele, ela percebe que isso é alívio.

Ela tem vinte e dois anos e acha que sabe tudo. Ela sabe que ele não a teria agredido.

***

A primeira vez que Daniel bate, ele não coloca a mão nela. Eles estão brigando de novo, parece que fazem isso mais do que qualquer coisa ultimamente. Desta vez, é porque Regina pediu sua opinião sobre um discurso que ela deve fazer para o Senado estudantil no dia seguinte.

Regina ainda não sabe o que o provocou, mas de repente seu bloco de anotações estava no chão, os dois estavam de pé, se encarando com algo parecido com raiva nos olhos.

Regina fica vagamente espantada com o fato de alguém não ter batido na porta e dizer para que se acalmem ainda, é dia de semana final e eles estão na escola de maior prestígio do país, os nerds precisam de calma para estudar.

- É importante para mim, eu apenas pensei que você gostaria de fingir que se importa por dois segundos! - Regina gritou, as mãos se curvando ao lado do corpo, preparada para sair em disparada.

- É isso Regina, é sempre algo importante para você, suas reuniões, suas aulas, seus estágios, você não se importa mais comigo! - Ele grita de volta.

As sobrancelhas da mulher se erguem ao perceber:

- Oh, não me diga que você está com ciúmes. - Os lábios dela se curvam em um leve sorriso. Faria sentido, ambos eram pessoas extremamente ambiciosas, e era natural tentar comparar.

Regina observa o rosto dele ficar vermelho vivo em negação.

- Eu não tenho ciúmes de você. - Ele cospe.

A morena finge que a maneira como ele joga a frase nela não a destrói completamente:

- Bom, espero que você tenha orgulho de suas realizações. - Ela atira de volta.

Ela sabe que o está antagonizando e não se importa nesse momento.

Os punhos de Daniel se apertam e abrem antes que sua raiva o domine e ele se vira, disparando com o punho na parede de gesso do dormitório.

Regina pula quando a mão dele faz contato e rompe a parede. Imediatamente, ele está retirando o membro e segurando-o.

- Porra. - Ele amaldiçoa.

Regina não se move. Lágrimas instintivamente brotam nos cantos dos olhos dele devido à dor, e ele se parece tanto com o garoto de dezenove anos de idade, com cabelos bagunçados pelos quais se apaixonou há três anos, que não pode simplesmente deixá-lo assim.

Ela diz para ele se sentar e vai pegar gelo para ele. Eles passam a noite juntos no dormitório de Daniel, onde ambos sussurram desculpas no escuro.

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