Capítulo 17

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A primeira vez que Regina coloca os pés no chão é quando seus pontos saem.

Emma a levou para o hospital e voltou. Quando elas pararam na frente da mansão, Emma estava ao redor do carro abrindo a porta antes de Regina sequer pegar a maçaneta. Ela sorriu, sentindo um peso levantar do peito, de alguma forma ela pode encontrar consolo nessa mulher. Quando o resto de seu mundo está desmoronando, Emma está aqui sorrindo e rindo, abrindo portas para ela e fazendo seu macarrão como se tudo não estivesse mudando para sempre.

Elas andam pelo caminho da porta da frente, escovando os cotovelos. Mary Margaret e David estão no quintal da frente brincando com Neil. O menino está rastejando em volta de um cobertor sob o olhar atento de sua mãe.

Por apenas um momento, Regina os observa. É reconfortante. Emma acena para David, que concorda com a cabeça. Na porta da frente, Emma não hesita antes de puxar Regina para um abraço rápido.

- Se você precisar de qualquer coisa...

- Eu tenho o seu número. - Regina termina.

- Exatamente. - Emma assente. Ela olha para Regina mais uma vez, balançando a cabeça em aparente satisfação antes de voltar para o carro.

Regina tranca a porta quando está sozinha mais uma vez.

Ela está sentada na cozinha, passando os dedos levemente sobre a pele enrugada da longa cicatriz na mão esquerda. Ela pensa abstratamente naqueles dias em que sua mãe costumava arrastar ela e sua irmã para a igreja todos os domingos quando eram jovens.

Todas imagens e crucifixos envolveram a garota quando ela era mais jovem, mas agora ela se pergunta se é assim que uma palma ficaria depois de ser pregada na cruz.

Ela é atraída por suas reflexões quando Daniel entra pela porta da frente. Ele deixa cair o paletó no corredor da frente, as chaves na tigela no aparador. Por impulso, Regina se levanta.

Faz dias desde que Regina disse mais de duas palavras ao marido, e agora ela se contorce ao pensar nele com essa palavra. Ela sai para o hall, Daniel observa enquanto ela puxa o chaveiro da tigela.

Ela a vira nas mãos, removendo a chave da casa e colocando-a de volta no aparador.

Regina joga o chaveiro, agora uma chave mais leve, para Daniel antes de dizer:

- Saia daqui.

- Desculpe?

- Eu quero você fora da minha casa. - Regina exige. Sua voz não vacila.

- Sua casa? - Ele pergunta indignado.

- Minha casa, ela está em meu nome. Quero você fora.

- Regina...

- Você pode voltar no sábado ao meio dia para pegar suas coisas, até então, eu não quero ver você por aqui. - Seus olhos estão duros e não deixam espaço para perguntas.

- Você realmente acha que pode me expulsar da minha própria casa? - Ele dá um passo em direção a ela.

- Eu não acho, eu posso. - Ela levanta uma sobrancelha para os punhos cerrados vindo em sua direção- Você pode tentar, e eu vou gritar. Eu sei que David e Mary Margaret estão no quintal com Neil. Você acha que pode se mover rápido o suficiente para me impedir de alertá-los?

Seu rosto está rapidamente ficando vermelho quando ele se vira e caminha pelo corredor até a porta da frente.

- Isso não acabou, Regina. - Ele promete antes de bater a porta atrás de si.

Uma vez que Regina ouve o carro dele partir e sair da estrada, ela cai contra a parede, todo o fogo atrás dos olhos se extinguindo enquanto respira superficialmente. Ela pega o celular e disca sem pensar.

- Emma. Você está ocupada?

- Ocupada para você? Nunca.

***

A primeira vez que Regina desabafa com a irmã, ela realmente desabafa. É o dia depois que ela expulsou Daniel e ela está sentada na cama, o que não seria nada de especial, exceto que são 13h30 da tarde e ela não dormiu a noite toda.

Ela está sentada na cama, joelhos dobrados, braços em volta deles, puxando-se para a bola mais compacta em que ela pode se moldar. Quando elas eram jovens, Zelena costumava chamá-la de "bolinha" porque, quando estava chateada, entrava no quarto da irmã e se enrolava em uma bola assim.

Ela permanece nessa posição até as costas doerem. Ela pega o celular da mesa de cabeceira e disca. É atendido no terceiro toque.

- Sim? - A voz está embaçada pelo sono.

- Desculpe. - Regina pede desculpas automaticamente - Espero não ter acordado você.

A mulher do outro lado da linha ri.

- Regina, eu tenho dois filhos de quatro anos e uma agenda de ensaios louca. Você nunca é a única que me acorda.

- Como estão minha linda sobrinha e sobrinho?

- Consideravelmente menos bonitos quando eles estão destruindo minha sala de estar. - Zelena brinca - Como está a vida no meio do nada?

- É Maine, não no meio do nada.

- Há controvérsias .

Regina revira os olhos.

- Escute, há algo que eu queria falar com você.

- Claro, o que houve? - Zelena pergunta, ela parece subitamente mais séria.

- Eu larguei Daniel.

- Conte-me tudo.

Então ela conta. Regina conta tudo para a irmã, desde a primeira vez em que ainda estava na faculdade, aquela noite em que todos estavam visitando os pais, os últimos acontecimentos, e o fato de estar agora sentada sozinha em sua cama, com medo de dormir.

Zelena fica quieta durante a maior parte da explicação. Apenas fazendo pequenos barulhos encorajadores quando Regina vacila. Quando ela termina, Zelena está determinada:

- Estou indo para aí.

- Não, Zelena...

- Estou indo aí e arrebentando a cara dele, sem objeções, Regina. Esse porco merece.

- Zelena - O tom de Regina é duro - Nós não vamos nos igualar ao nível dele. Eu tenho isso sob controle.

- Eu não vou deixar você passar por isso sozinha.

- Eu não estou sozinha.

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