Capítulo 23

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 Inércia. Jamais eu pensei que um dia experimentaria sua pura essência. A falta dos sentidos e ausência total de frio ou calor. Solidão ou aconchego. Felicidade ou infelicidade. Fúria ou calmaria, para mim, tanto faz, a única coisa que consigo sentir são as lágrimas que escorrem dos meus olhos, talvez seja um mecanismo de defesa que meu cérebro optou para não me fazer sofrer, mas afinal o que define sofrimento quando não se sabe mais como sofrer? Agora consigo ver que era feliz, que tinha tudo ou quase tudo para ser completa, me deixei levar como uma marionete pelo que os astros ditavam ser o meu destino. Enxerguei tarde demais que quem faz meu próprio destino sou eu e ninguém mais, cada palavra, cada escolha foi minha, então não posso culpar ninguém, a não ser eu mesma!

 Estou deitada na sacada do apê acima do salão, há uma sacada enorme com uma parte descoberta, como não sabia mais para onde ir, pedi para o taxista me deixar aqui, por sorte tinha a chave na bolsa e agora estou aqui olhando as estrelas, sem saber que rumo tomar, só quero ficar aqui, olhando para elas, não quero saber do amanhã, apenas hoje é tudo que me interessa, e hoje eu quero ficar aqui...olhando as estrelas, as mesmas que segui durante anos da minha vida, acreditando ser o correto a se fazer, mas a vida me ensinou com seus atos cruciais que não é bem assim que o universo funciona, como diz o ditado “ O Universo não gira em torno de você” Pena que descobri tarde demais.

 Meu celular toca sem parar, pego o na mão e vejo que tem trinta e quatro chamadas não atendidas da Betina, e oito de um numero desconhecido, droga deixei ela preocupada comigo no dia da sua festa, alem de tudo sou uma péssima amiga.

- Alô.

- Alô o caramba! – Minha amiga berra do outro lado da linha. – Onde você se meteu, já são 4:00hs da manhã e você não nos deu o ar de sua graça! O Alexandre ta indo te buscar é só avisar onde está! – Ela só podia estar louca né! Nem a pau que eu iria a algum lugar com ele, se eu estava agora chorando rios é por causa ele.

- Eu estou bem Betina, já estou voltando pra casa!

- Você está sozinha? Onde você está? O Lucas disse que vocês estavam se divertindo e de repente você sumiu! O coitado saiu pela cidade a sua procura, disse que iria ficar tentando ligar para você.

- Estou voltando para casa, pode aproveitar a festa.

- A festa acabou Larissa! Estamos eu e o Alexandre aqui, aflitos por sua espera!

 Então agora o Alexandre estava preocupado comigo? Canalha, ele que vá ficar com as suas putinhas.

- Ok, vou pedir para o Lucas me levar, estou com ele... – Minto, só para enfurecer Alexandre. – Não precisa me esperar.

- Ok amiga, não faça nenhuma besteira é só o que te peço!

- Não vou fazer! Beijos!

 Desligo o telefone e decido voltar para casa. Então o Alexandre ficou preocupado com o meu sumiço? Bem feito, deixe ele pensar que estou com o Lucas.

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 Abro a porta do apartamento e encontro os dois sentados no sofá, mal termino de fechar a porta quando Alexandre vem como um gavião sobre mim.

- Onde você estava? – Esbraveja feito um cão raivoso, só falta espumar!

Viro-me calmamente e olho bem nos seus olhos.

- Quem você pensa que é? A minha mãe? - Ele só podia estar de sacanagem comigo, não sei porque ainda finje se preocupar...

- Você não se toca garota, pensa que o mundo gira ao seu redor?

QUE A SORTE ESTEJA AO SEU LADOOnde histórias criam vida. Descubra agora