Capítulo 3

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  Parada no meio do quarto ouço os dois conversarem no corredor. Tento ficar na minha e ser uma pessoa educada, porém não resisto à tentação e encosto o ouvido na porta para ouvir sobre o que falavam.

- Ai Xande... Não dá bola para ela não, é que eu me esqueci de avisar que você vinha. É comigo que ela está irritada, não é nada contra você.

  "Quem disse que não, Betina?" Penso comigo.

- Não é uma garota mimada que vai me abalar não, pode ficar tranquila Be... Pode ligar o disjuntor do banheiro, o chuveiro está instalado.

  Deixo me escorregar até o chão e fico ali, sem saber se passam segundos ou minutos.

  É, talvez eu tenha exagerado um pouquinho mesmo. Vai ver pode ter suas vantagens ter um homem na casa, minha mãe vai ficar menos paranoica e vamos ter alguém para fazer o serviço pesado.

  Realmente preciso me distrair, mas estou sem paciência para ler agora, nem os meus romances podem me ajudar. Então ligo o som e deixo a música me levar enquanto admiro a vista pela janela.

  A chuva parou mais à noite está muito escura, a não ser pelas luzes da cidade. Não consigo ver muita coisa, mas a brisa que sopra do terceiro andar faz com que eu me acalme.

  Já está muito tarde e eu preciso tomar um banho. Não tenho condições de dormir neste estado. Pego o meu roupão e abro a porta bem devagar. Percebo que as luzes do apê estão apagadas, provavelmente já foram dormir.

  Tomo um banho demorado, o jato de água é forte e quente fazendo com que eu me sinta renovada. Me enrolo no roupão e vou até a cozinha, meu estômago ronca tão alto que acho que o prédio todo pode ouvir.

  Abro a geladeira na esperança que tenha um pedaço daquela torta de chocolate que a mamãe faz, mas ao abrir me deparo com a triste realidade. Não havia nada para comer a não ser o suco de caixinha que Be havia aberto mais cedo, uma caixa de leite e uma dúzia de ovos. Amanhã sem falta temos que passar no supermercado!

- É, amiguinho – Dou um tapinha no meu estômago para silenciar a bravura – Vamos ter de nos contentar com um suco de laranja mesmo...

 Ao despejar o suco em um copo, fico repassando a conversa que ouvi mais cedo entre a Be e o Alexandre, será que ele me acha assim tão mimada? Como foi mesmo que ele disse... Ah, foi assim: “Não é uma garota mimada que vai me abalar não, pode ficar tranquila, Be.”

  Repito com uma voz fina e fazendo careta em uma tentativa falha de imitar aquela sua voz irritante.

- Que foi! Deu para falar sozinha agora?

  Alexandre aparece em minha frente como um fantasma. Me engasgo com o suco, colocando uma parte para fora, sinto leves tapas nas minhas costas em seguida mãos fortes descem pela minha coluna, parando na base da minha cintura.

- Larissa, você está bem? Não tinha a intenção de te assustar!

  Seus olhos estavam atentos em mim com grande preocupação, sinto sua respiração na minha face, minha boca ficou seca, minha voz tomou chá de sumiço e senti meu rosto pegar fogo.

 Meu Deus o que está acontecendo comigo! Não estava me sentindo muito bem. De repente, tudo sai fora de foco e passo a ver tudo dobrado. Não acredito que estou desmaiando só pode ser uma praga!

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Quando acordo, estou deitada no chão da cozinha, com Alexandre me sacudindo com o olhar aflito. Oh Deus, que terrível dor de cabeça, o que aconteceu comigo? Deve ter sido uma queda de pressão.

QUE A SORTE ESTEJA AO SEU LADOOnde histórias criam vida. Descubra agora