O apartamento que compramos tinha três quartos, um banheiro, sala e cozinha conjugada, não era muito grande, mas era o nosso aconchego, o nosso passo para a liberdade. Estávamos tão felizes que decidimos nos mudar antes do prazo previsto. Depois de passar quase quatro meses aturando corretores, papelada e toda a burocracia necessária não dava para esperar mais, então assim que alguns móveis que nossos pais nos deram, foram entregues, nos mudamos.
Para mim o dia estava perfeito, apesar de que a chuva que caia era tão forte, que dava a impressão que São Pedro havia aberto uma represa.
Tiaguinho tocava ao fundo “Caraca moleque, que dia, que isso, põe um pagodinho só pra relaxar.” Enquanto as pessoas se encolhiam em seus guarda-chuvas em plena manhã de sábado.
Já com os carros estacionados, subimos com afobação para o nosso mais novo lar!!
- Primeiro o pé direito – Aponto para Betina ao entrar na frente.
Nem sequer entro totalmente e o meu telefone toca.
- Oi mãe!!
- Oi minha filha, que saudade, você chegou bem? Pegou chuva? Não fica com a roupa molhada, pode pegar uma pneumonia, aah, e lembra o que o seu pai falou, deixa sempre a porta trancada, e os seus vizinhos como são? Tá gostando? Porque você sabe filha, as portas aqui de casa sempre estarão abertas para você, é só querer voltar! – Agora você consegue entender o porquê de eu tanto querer sair de casa. Pensa então ouvir isto durante todo o dia. Agora sei que sou guerreira.
- Calma mãe, não faz nem uma hora que sai de casa.
- Mas parece um ano querida... Você faz tanta falta. – Senti que ela iria começar a chorar e eu também.
- Não exagera Dona Carmem, olha o drama! Estamos apenas quarenta minutos de distancia! – Digo com um sorriso para disfarçar minha voz nublada.
Depois de quase meia hora tentando convencer mamãe que estou bem, ela finalmente se despede chorando, dizendo que me ama demais e me fazendo prometer que ligaria todos os dias. Preciso ressaltar que não foi nada fácil convencer meus pais de me deixar morar com a Be, tive que praticamente assinar um contrato com várias cláusulas. Acredite em mim, eles me obrigaram a praticamente montar uma apresentação de como eu sobreviveria sem eles, ou seja, meu ganho mais o da Be, nossos custos, nossos cronogramas, quase desisti, mas lembrei do bem maior que seria a minha liberdade.
Be já havia desencaixotado algumas coisas, me entregou uma xícara com um líquido laranja dentro.
- Vamos brindar a nossa liberdade – Ela sorri inclinando o braço para frente.
- Be, o que tem nessa xícara? – Fico encarando tentando adivinhar, vinho eu sei que não era muito menos champanhe!
-Haá!! É suco, não temos mais nada na geladeira a não ser isto.
Encostamos nossas xícaras e tomamos com muita empolgação.
- Agora, mãos à obra, pois temos um apartamento inteiro para organizar.
No fim do dia, me joguei em nosso mais novo sofá, sem acreditar que tínhamos terminado de arrumar quase tudo. Claro que faltavam várias coisas, mas com o tempo iríamos fazendo. Decidi tomar um banho quando me lembrei de algo fundamental.
- Be!!! Esquecemos de chamar um eletricista para instalar o chuveiro e a torneira da pia!! E agora? Eu não posso me deitar neste estado!
Começo a me desesperar ao pensar nas duas únicas alternativas: Tomar banho gelado ou voltar para casa.
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QUE A SORTE ESTEJA AO SEU LADO
RomanceOBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL. DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS PELA LEI N° 9.610 DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 Sinopse Chamo-me Larissa Medeiros e tenho dezenove anos, morava com meus pais, mas eles me sufocaram com tanto amor que decidi dividi...