Capítulo 4

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  Acordo com o barulho do despertador. Deveria ser proibido por lei acordar tão cedo. De que adianta eu ter me mudado, se nem em um domingo posso dormir até mais tarde?

 Sem nem um pouco de convicção, coloco um vestidinho floral e saio à procura de Be, que já estava pronta me esperando, linda com a MINHA saia jeans e uma batinha amarela.

  Passamos o dia todo fora, chegamos em casa só ao anoitecer. Até então não vi nem sinal do Alex. Deixei Be guardando a última sacola e vou para o banho. A porta do quarto dele esta fechada, então suponho que esta lá.  Coloco o meu pijama favorito da turma da Mônica, um pijama super surrado de tanto que uso, escovo o meu cabelo desfazendo todos os nós que se formaram durante o dia. Depois de fazer toda a higiene diária decido ir para o meu quarto, mas quando abro a porta fico paralisada com o que vejo. Isso não estava acontecendo, era demais para mim.

- Alguém pode me explicar o que está havendo aqui? – Pergunto muito séria, observando de cima a baixo a criatura abominável que vestia somente a barra de uma saia e uma blusinha, deixando seu silicone parcialmente à mostra, pendurada no pescoço do Alex.

- Boa noite para você Larissa! – Diz ele sem nem olhar na minha cara e já puxando a loira de farmácia pela cintura. – Vem linda, quero te mostrar a qualidade do meu colchão.

Ahhh, esse mequetrefe acha que pode trazer qualquer uma aqui em casa? Pessoa folgada, desagradável, pessoa sem moral, sem ... sem... Idiota!

Fico encarando a porta se fechar com a boca aberta. A Betina vai se ver comigo.

- Betinaaaaaaa!!! – Saio feito louca, soltando fogo pelas ventas a sua procura.

- O que foi Lari! - Encontro-a na cozinha organizando as compras. Leva uma mão ao peito e fica branca como uma vela. – Você está me assustando! – Exclama ela, deixando o pote de açúcar cair e esparramando no chão.

- Esse teu primo está achando que aqui é a casa da mãe Joana? – Digo com um tique nervoso na perna esquerda.

- O quê? Do que você ta falando? Pega o pano e me ajuda a limpar, isso foi culpa sua!

- Foi culpa sua! – Aponto o dedo na sua direção. – Por que foi você quem trouxe o seu primo sem o meu consentimento, que gerou o meu aborrecimento, que gerou este conflito em que estamos agora, por isso a culpa é sua.

- Credo Lari que amargor... Que foi que ele fez?

- Se mudou ontem e já esta trazendo lambisgóia? Ta pensando que aqui é um puteiro?

- O que tem de mais nisso! Você falando assim, parece até que está com ciúmes!

- Deus me livre, esta seria a maior infelicidade de todas.... Que fique bem claro então! Esta regra valera para nós três, vou trazer vários. - Coloco as mãos na cintura e ainda com o tique na perna.

- Falou a pega geral! – Pego o pano para ajudá-la a limpar os restos de açúcar, mas acabo desistindo.

GRRRR!!!! Marcho em direção ao quarto, percebendo que esta luta estava perdida.

  Ela deve estar biruta, ou bebeu. Ciúmes, eu? Claro que não, só se eu fosse louca para gostar de um cara folgado, mal humorado e galinha. Ok, devo confessar que ele é bem gostoso, tem os olhos mais lindos que já vi e o sorriso mais atraente também, mas não vale a tentativa.

  Resolvo separar minha roupa para trabalhar no dia seguinte. Pretendo sair bem cedo e nem topar com a cara dele. Amanhã deveria ser meu dia de folga, mas a Dona Malu insiste que eu tenho que ir organizar o estoque sendo que ele está impecável. Geralmente quem busca os produtos na dispensa sou eu, sempre cuido para não bagunçar nada, tudo separado por tipos cores e numeração para facilitar e agilizar o atendimento, mas não me importo de ter que ir. Adoro o salão, adoro fazer o que faço nem que seja arrumar o estoque.

QUE A SORTE ESTEJA AO SEU LADOOnde histórias criam vida. Descubra agora