Capítulo 2

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🌸 Atílio esperava todos os dias por Guadalupe, vê-la passar havia se tornado um hábito.

Atílio - Eu preciso conversar com aquela garota, encontrar uma forma de ficar a sós com ela.

Amélia - Pelo que parece a família dela é bem sistemática...recusaram seu convite para jantar. Sebastião me disse que eles são muito religiosos e vão a missa todos os domingos.

Atílio - Então é isso que farei, vou me tornar o maior católico desse lugar!

Amélia - Está tão interessado assim nessa menina filho? A ponto de se converter de verdade?

Atílio - É que além de bela, ela é diferente das outras...não sei por que, mais vou descobrir.

Domingo na missa...

Guadalupe estava bela como sempre, Ester sempre deixava a filha bem arrumada para ir a missa. Com os cabelos soltos e um vestido simples e alinhado.

Ester - Já quer ir falar com o padre sobre sua crisma filha?

Guadalupe - Sim, tem que ser antes da missa.

Dona Ester a levou até a sacristia, mas o padre pediu que ela esperasse um instante pois estava com um pequeno contratempo.

Fernanda - Dona Ester, pode nos ajudar um momento? É que a túnica do padre Antenor acabou de rasgar e como você é uma boa costureira, acho que precisa dar uns pontos...

Ester - Se importa em esperar aqui um instante filha? Prometo não demorar.

Guadalupe - Não mamãe, pode ir tranquila...vou esperar a senhora e o padre aqui bem quietinha.

Ester - Está bem...eu já volto.

Guadalupe ficou ali na sacristia, apenas esperando a mãe...até que Atílio entrou e a viu sozinha como tanto queria. Não disse nada, apenas ficou admirando sua beleza por alguns segundos.

Guadalupe tinha os demais sentidos apurados, percebeu a presença dele sabia que havia mais alguém ali apesar do silêncio...todos sabiam da sua deficiência e se aquela pessoa não denunciou sua presença é por que com certeza era algum estranho.

Com medo, ela resolveu sair em direção ao salão da igreja onde podia ouvir as vozes das pessoas aguardando a missa e o pai viria de encontro a ela, mas acabou por engano indo na direção dos braços dele.

Guadalupe - Quem é você? Por que não diz nada? Me solte!

Atílio - E eu achando que você era puritana...mal podia esperar para se jogar nos meus braços não é?

Ela tentava se afastar, mas ele a continha em seus braços fortes.

Padre - O que está acontecendo?

Ester - Solte minha filha!

Atílio abriu os braços e Ester puxou a filha para seu lado, a moça ainda ofegava forte.

Atílio - Me desculpem...eu apenas entrei para falar com o reverendo e sua filha veio para os meus braços assim repentinamente...

Ester - Minha filha é cega...e com certeza você a assustou, assim como quando a surpreendeu indo para a cidade.

Atílio - Cega? De verdade?

Ester -Infelizmente sim, vai dizer que só agora percebeu?

Padre - Leve Guadalupe para tomar água ela está pálida, depois que se acalmar nós conversaremos sobre sua crisma.

Ester - Sim padre, com licença.

Padre - não deveria ter tocado nela assim rapaz, as moças daqui são todas de respeito e Guadalupe ainda mais.

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