Capítulo 40

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Leandro partiu no primeiro trem rumo a capital, por lá teria forças para superar todas as decisões equivocadas que tomou no passado e o fizeram perder a única mulher que amou nessa vida. Chegou na grande casa que a família tinha, as duas empregadas o receberam e ele logo se instalou. Dentro de seu quarto começou a escrever um telegrama para a família contando que havia chegado bem.

Gabriel e Jamile não se desgrudavam sequer um segundo, Paulo se sentiu usado por ela e não era para menos. Ele deixou de frequentar as aulas e ela foi conversar com ele na fazenda do pai.

Jamile – Sei que está magoado comigo e com razão, mas não se prive de aprender a ler e a escrever. Vá ao menos para as aulas com Luíza!

Paulo – A senhorita não deveria ter me dado esperanças e nem sequer aquele beijo, que eu nunca vou conseguir esquecer.

Jamile – Me perdoe de verdade me perdoe.

Ele não disse nada, mas é um rapaz jovem e bonito. Um dia encontrará o amor nos braços de uma mulher que o mereça de verdade.

Guadalupe

Eu já caminhava devagar pela casa, conhecendo e estudando cada canto dela. Nenhuma das empregadas gostava de me servir e as vezes até me tratavam mal, eu só pedia algo, quando realmente não poderia fazer por mim mesma. Como me fazia falta estar na companhia de pessoas bondosas como Amélia, que fazia tudo para me ver bem.

Guadalupe – Célia? Nádia?

Célia – Estou aqui!

Guadalupe – Eu preciso que me faça um chá de camomila, por favor.

Célia – Sim senhora.

Guadalupe saiu, qualquer pedido por mais simples que fosse para elas era uma grande afronta. Ambas tinham uma origem humilde e eram moradoras daquela região.

Célia – Essa cega estúpida já se sente dona da casa, Lucília mal foi devorada pelos vermes e ela já está aqui ocupando a cama do patrão.

Nádia – E o que você queria? Estar no lugar dela, na cama dele?

Célia – Claro que não, mas não é justo que essa mulherzinha tenha largado o marido para vir aqui nos dar ordens!

Nádia – Você vai acabar levando um esporro do patrão, por causa dessa moça.

Célia levou aquela xícara de chá e colocou na mão de Guadalupe que estava com o bebê no colo, o líquido ainda estava muito quente.

Guadalupe – Seja mais cuidadosa, eu poderia ter derramado nele!

Célia – Desculpe, senhora!

O dia passou normalmente, Guadalupe colocou o bebê para dormir. Igor chegou junto com Adalberto e os dois foram direto para a sala de jantar.

Igor – E Guadalupe, não vem comer?

Célia – Ela disse que vai se deitar mais cedo hoje, aproveitando que Benjamin também dormiu. – Diz ela servindo os dois.

Igor – Mais tarde leve uma bandeja de frutas para ela e leite.

Célia – Sim senhor! – Respondeu ela, engolindo a raiva que sentia.

Adalberto – Perdoe minha intromissão patrão, mas não acha arriscado...

Igor – Não toque mais nesse assunto, nada mais importa a não ser o futuro.

Os dois jantaram no mais absoluto silêncio.

Raul

Leandro vai dar um jeito em sua própria vida e quem sabe venha de lá casado, Celina já está passando da idade e quero ter netos ou toda a nossa família vai começar a falar dela. Nuca pensei que meus filhos ao vir para esse fim de mundo iriam me arrumar mais problemas do que soluções, de valeram tantos gastos em instrução se ambos não tem capacidade de encontrar o próprio caminho na vida!

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