Capítulo 6

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🌸Amélia - Perfumado e tão alinhado assim tão cedo? Já sei, vai até a casa de Lupe.

Atílio - Sim...preciso adiantar as coisas entre nós. Já estou aqui a muito tempo e ando subindo pelas paredes, nunca fiquei tanto tempo sem...

Amélia - Um rabo de saia.

Atílio - Exatamente, essa menina virou uma obsessão tão grande que nem sequer consigo olhar ao meu redor. Eu quero ela!

Amélia - Guadalupe não é para você.

Atílio - Como não é para mim? Eu já te disse, no fim das contas cega ou não ela é uma mulher como outra.

Como combinado eu me arrumei e fui até a casa de Guadalupe, eu precisava convencer Guadalupe a viver comigo. Resolvi ir á cavalo dando uma olhada ao redor e pensando nela, ainda bem cedo bati na porta daquela humilde casa.

Ester - Atílio?

Atílio - Perdoe-me por vir assim tão cedo, mas vim conversar um instante com Guadalupe. É claro se sua filha quiser me receber!

Leonel - Minha filha não tem nada para tratar com você.

Leonel não podia ter quebrado nosso acordo, mas no fim pouco importava se havia contado a ela a verdadeira causa de sua prisão repentina. Quem sabe isso mostrasse a ela do que eu sou capaz para conseguir o que quero.

Guadalupe - Papai, posso falar por mim mesma...quantas vezes preciso lembrá-lo?

Leonel - Mas...

Guadalupe - Mamãe, Atílio e eu caminharemos um pouco aqui pelo rancho.

Ester - Está bem, mas não se afastem muito.

Guadalupe - Vamos Atílio?

Tão independente e decidida, sempre me deixava impressionado e com aquela atitude parecia estar caindo bem rápido em meus galanteios. Caminhamos um pouco até nos aproximarmos de um velho balanço de madeira.

Guadalupe - Gabriel e eu costumávamos vir aqui, até que um dia ele me derrubou do balanço...depois disso nunca mais quis brincar.

Atílio - Vem sente-se.

Guiei ela delicadamente até o balanço de madeira em uma enorme mangueira, mas Guadalupe relutou.

Atílio - Não confia em mim como confia nele, por que?

Guadalupe - Eu confio, mas é que Gabriel e eu fomos criados juntos. Já você...chegou agora e pouco sabemos a seu respeito.

Atílio - Então sente-se no balanço e vou falar um pouco sobre mim.

Guadalupe respirou fundo, com muito medo ela se sentou e segurou nos dois lados da corda e eu toquei suas mãos.

Atílio - Agora vou te balançar devagar, sou um homem da cidade como todos sabem...sempre sonhei em viver em um lugar assim. Tranquilo e ter muitos filhos.

Minha capacidade de mentir era enorme.

...

Atílio começou a me balançar devagar, eu sentia o vento tocar meu rosto e aos poucos meu medo foi indo embora.

Atílio - Viu? Eu só quero que confie em mim.

Guadalupe - Eu confio.

Atílio - Se lembra do que falamos na igreja? A solidão tem me tirado o sono, tanto que vim parar aqui assim tão cedo...para te ver e poder conversar um pouco.

Guadalupe - Sempre pode vir aqui me ver e conversar.

Atílio - Se você fosse comigo para casa...se confiasse...

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