Elevando o farol para iluminar o caminho, Louis Tomlinson percorreu a grandes passos o corredor que atravessava as cavalariças. O fedor acre do esterco fresco se mesclava com o poeirento aroma de feno, para estender-se pesadamente sobre o ar frio da noite. Relinchos de boas-vindas chegavam a seus ouvidos procedentes dos escuros compartimentos. Em outras circunstâncias, Louis possivelmente pararia, mas não tinha tempo nem vontade de dar torrões de açúcar aos cavalos aquela noite. As intermitentes manchas de luz dourada do farol e os rápidos movimentos de sua sombra brincando ao longo das paredes de madeira eram indícios da profundidade de sua ira. Fazia chiar os dentes para não bramar de pura fúria.
Chegou ao final do corredor e com um chute abriu a porta de pranchas que conduzia ao abrigo onde guardavam os arreios. Tal e como esperava, seu irmão, Sebastian, estava encurvado de forma pouco elegante sobre um montão de palha esparramada ao longo de uma das paredes, um de seus lugares favoritos para dormir embriagado. Engoliu saliva antes de pronunciar a primeira palavra, para dominar-se. Ao fim de um instante, Louis falou.
— Desperte, irmãozinho. Temos que conversar.
Com uma garrafa de uísque em uma mão e cobrindo seus olhos com a outra, o jovem de ressaca resmungou e ficou de barriga para baixo para dar as costas a Louis.
— Saia. É meia-noite.
As sete da noite dificilmente poderia dizer-se que era meia-noite e o fato de ver Sebastian com uma garrafa de uísque recordou a Louis que já era hora de que deixasse de considerar seu irmão de vinte anos uma criança.
— Disse para acordar. — Louis entrou no lugar e pendurou o farol no gancho de uma viga — Fizeram uma acusação muito grave contra você, jovenzinho, e quero chegar ao cerne de tudo isto.
Sebastian resmungou de novo. — Não podemos conversar mais tarde?
Louis cruzou os braços, desafiante, e levantou o queixo. — O juiz Styles acaba de me fazer uma visita. Violentaram seu filho, Harry, e Liam Payne afirma que você o fez.
Isto pareceu atrair a atenção de Sebastian, que em seguida se colocou outra vez de barriga para cima para olhar com olhos de míope por debaixo de suas mãos cavadas. Louis sentiu um raio de esperança. Mentiras, não eram mais que mentiras. Um horrível mal-entendido que com umas poucas palavras seu irmão poderia esclarecer. Nenhum Tomlinson se rebaixaria até o ponto de obrigar um homem a receber seus cuidados e muito menos um garoto tão indefeso como Harry Styles. Além disso, por que faria Sebastian algo assim? Era um jovem arrumado que pertencia a uma família rica. Quase todos os homens e mulheres do povoado rivalizavam para tentar ganhar seus favores. Sebastian piscou como se estivesse tentando assimilar o que seu irmão acabava de lhe dizer.
— O que diz que anda contando Liam por aí? — Depois de um momento fez uma careta de desprezo. — Maldito bode, delator, traidor! Já verá quando o pegar!
Como dedos úmidos e gelados, estas palavras apagaram a última faísca de esperança que havia em Louis. Ficou imóvel durante um momento, como paralisado pela incredulidade. Não havia na voz de Sebastian um sinal de que sentisse alguma compaixão por Harry Styles. E tampouco negou a acusação.O pó da palha se elevou no ar, lhe produzindo um coceira no nariz. Uma sensação abrasadora se apropriou de seus olhos.
— Me diga que não o fez pelo amor de Deus! — Louis tinha agora a voz quebrada. Enquanto pronunciava estas palavras, notou o timbre de desespero que havia em sua própria voz.
— Eu não o fiz. Mas podemos deixar esta conversa para amanhã de manhã?
— Não, maldição! Não podemos. —Louis se aproximou ainda mais. Seu corpo estava tenso, suas têmporas começaram a palpitar com força — Violentaram um garoto. Como poderíamos deixar esta conversa para amanhã? O juiz Styles está fora de si. E como não entendê-lo? Quero saber a verdade, Sebastian e quero que me diga agora. Diga-me o que aconteceu, por Deus! Por que diria Liam algo assim, se não é verdade?
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Harry's Song - Adaptação Larry Stylinson
RandomHarry Styles vive em um mundo solitário em que ninguém pode entrar e compreender. Tão delicado e belo como as doces flores da primavera de Oregon, é rejeitado por um povo que interpreta de maneira equivocada sua aflição. Porém, esta crueldade não po...