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Na manhã seguinte, um comboio de mercadorias chegou a Tomlinsons Hall e todas eram para Harry. Louis se sentia como uma criança no Natal enquanto conduzia os homens a seu escritório, o qual a partir daquele momento se converteria também em salão de música.
Ao ver o órgão, Maddy levantou as sobrancelhas para manifestar suas reservas.

— Senhor, tem certeza de que quer que levem esse ruidoso aparelho a seu escritório? Como poderá concentrar-se?

Louis tinha a intenção de concentrar-se muito, mas não necessariamente em suas contas. Fazia já várias semanas que tinha decidido que a melhor maneira de cortejar seu esposo era com sons. Não permitiria que pusessem seus chamarizes em outra habitação.

— Onde está Harry agora? — pergunto para Maddy.

— No quarto das crianças. Desenhando, acredito.

Louis sorriu. Estava tão ansioso para mostrar a seu esposo tudo o que tinha comprado que foi correndo a carruagem para levar ele mesmo uma das caixas.

— Nós podemos levá-lo, senhor Tomlinson — lhe assegurou um dos homens — É nosso trabalho.

— Não me incomoda ajudá-los.

Louis levou a caixa a seu escritório e a pôs sobre a escrivaninha. Tirou uma navalha do bolso, cortou a fita e as cordas e logo abriu a tampa. Aparelhos de surdez. Quase com veneração, Louis tirou um da caixa e sorriu para Maddy.

— Os aparelhos de surdez de Harry! Agora poderei começar a lhe dar aulas.

— Vai atuar como professor? Recorde as notas que tirava o colégio. Será todo um espetáculo!

— Vou lhe ensinar o alfabeto mímico e a língua de sinais — declarou Louis — Espera e verá. Serei um professor estupendo. Não queria começar até que chegassem estes aparelhos. — Levantou uma trombeta — Com um pouco de sorte, Maddy, poderá ouvir com estes artefatos. Ao melhor não com a maior claridade, mas tudo pode ajudar.

Maddy se dirigiu à escrivaninha e tirou da caixa um aparelho de surdez de tamanho médio. Depois de tirar o papel, introduziu o aparelho em seu ouvido. Louis se inclinou para frente e disse "olá" no outro extremo. Ela se assustou, afastou o aparelho de sua cabeça bruscamente e gritou.

— Valha-me Deus!

Louis riu e lhe arrebatou a trombeta. A levou ao ouvido.

— Diga algo.

— Rompeu meu tímpano! — disse Maddy quase a gritos.

— Por Deus! — Louis esfregou um lado da cabeça com uma mão e olhou o aparelho de surdez com renovado respeito — É assombroso. Completamente assombroso.

Uma vez que os correios partiram, Louis passou perto de meia hora organizando todos os instrumentos de Harry na habitação. Absteve— se de tentar tocar algum deles, pois temia que ele pudesse ouvir os sons e fosse ao escritório antes que ele tivesse terminado de preparar tudo.
Finalmente chegou o momento da entrega dos presentes. Tão emocionado por ver seu rosto mal podia suportar a espera, Louis se sentou no órgão. Depois de respirar fundo e rezar, provou os pedais. Ato seguido começou a tocar. Bom, não precisamente a tocar, pois não tinha nem a menor ideia de como fazer música com aquele condenado aparelho. Mas o som que saía dele era maravilhoso.

Uns poucos minutos depois, a porta de seu estúdio se abriu com grande estrépito e Harry entrou com as mãos cruzadas sobre seu inchado ventre e os olhos como pratos. Louis seguiu enchendo a habitação de sons, sorrindo para Harry por cima de seu ombro. Como se estivesse hipnotizado, ele se dirigiu para Louis com os olhos cravados no órgão. Quando finalmente esteve perto, estendeu uma mão para tocar a brilhante madeira de um modo quase reverencial. Logo, aproximou-se ainda mais, acariciando a superfície do órgão com as duas mãos. A expressão de seu rosto fez com que valesse a pena cada centavo gasto nele. Felicidade, isso era o que se refletia em seu rosto. Sem separar as mãos da madeira, o garoto fechou os olhos. Seu encantado sorriso era tão doce que ele sentiu uma profunda dor no coração. Louis deixou de tocar, agarrou-o pela mão e fez com que se sentasse no banco.

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora