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Andando aflito pelo que acabava de descobrir, Louis fez uma visita aos pais de Harry na manhã seguinte.

Depois de que o fizeram passar ao salão, sentou-se em uma poltrona de braços perto da chaminé, para ficar frente à Anne e Desmond, que se encontrava sentado no sofá de crina de cavalo. Sem saber muito bem nem como nem por onde começar, Louis apertou os punhos e observou atentamente a almofadas com estampados de rosas, para tentar pôr em ordem suas ideias, o que naquele momento parecia uma missão quase impossível. Afinal, decidiu que contar-lhes tudo sem rodeios era o melhor que podia fazer. E lhes narrou os acontecimentos da noite anterior.Terminou seu relato dizendo:

— Depois de ver como Harry se comunicava com minha governanta, estou convencido de que ele pode ser muito mais inteligente do que todos nós pensávamos.

Ao ouvir estas palavras, Anne ficou tão branca como uma folha de papel. Depois de um momento de silêncio que pareceu retumbar nos tímpanos de Louis, estalou.

— Tolice. Nosso filho sofreu uma febre muito alta que o converteu em um incapacitado mental, senhor Tomlinson. Já lhe explicamos isso atentamente!

— E é muito possível que vocês tenham toda a razão. Mas a pergunta é: em que grau é grave sua incapacidade mental? Alguma vez tentaram averiguar? O garoto é capaz de raciocinar, de dirigir conceitos, senhora Styles; não é um idiota. — deslizou-se até a borda da cadeira e fez um gesto de cansaço — Desmond, o senhor é um homem educado. Certamente entende o que estou dizendo. Seu filho pode observar a relação entre dois acontecimentos que aparentemente não estão relacionados entre si. Se ele fosse tão débil mental como acreditam, poderia fazê-lo?

Anne se levantou como uma mola.

— Nós entendemos o que está dizendo. Simplesmente não estamos de acordo.

— Não é minha intenção culpar ninguém — assegurou Louis em um tom mais tranquilizador — Por favor, não me interpretem mal. Só estou dizendo que é possível que o mal de Harry não seja tão grave como pensávamos. Queria levá-lo a Portland. Fazer com que lhe fizessem alguns exames. Ali há médicos excelentes que poderiam...

— Não! — Gritou Anne com voz aguda, e lançou um olhar de ressentimento a seu marido — Temia que isto acontecesse! Roguei-te que o mandasse a outro povoado até que nascesse o bebê. Agora olhe o que está passando! Quer que lhe façam uns exames!

Disse a palavra exames como se tratasse de uma vulgaridade. Louis soltou um suspiro:

— Só um exame de rotina, senhora Styles. Nada exaustivo. O que

podemos perder?

— O que podemos perder? — perguntou ela friamente — Esse é só o começo. Logo irá querer que Harry fique em Tomlinsons Hall e não lhe permitirá vir nunca a casa.

Des estendeu o braço para sujeitar firmemente sua mão. — Venha, Anne. Louis não disse tal coisa. Está se precipitando ao tirar conclusões. Não é verdade, Louis?

Uma sensação asfixiante se apropriou do peito de Louis.

— Bom, Desmond, a verdade é que eu gostaria de falar contigo a

respeito de...

— Sabia! — Anne soltou sua mão de um puxão. Fulminou a Louis com o olhar — Nos deu sua palavra,senhor! Disse que era um acordo temporário. Só de nome. O senhor prometeu!

Louis esfregou o rosto com uma mão.

— Disse isso antes que percebesse...

— Antes que percebesse o que? — perguntou ela — Como se atreve? Tem o garoto durante três curtos dias, e já acredita que o conhece melhor que sua própria mãe? Acaso está pensando fazer com que esse matrimônio seja permanente? Como se atreve!

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora