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Ao longo das semanas seguintes, a palavra cortejo adquiriu um novo significado para Louis. Em lugar de conquistar Harry com palavras de amor ditas em sussurros, fazia música, se pudesse chamar isto de algum jeito. Em vez de lhe escrever poemas românticos, desenhava as letras e fazia um grande esforço para tentar lhe ensinar o alfabeto de sinais. Em lugar de entretê-lo com conversas brilhantes, colocava-lhe uma trombeta no ouvido e gritava; ou cravava os olhos em um livro e enquanto lia, tentando torpemente fazer gestos segundo as instruções.

A princípio, Harry foi um aluno pouco receptivo. Devorava-lhe a ansiedade tentando fazer os gestos perfeitamente, mas ao levantar os olhos descobria que tinha desviado sua atenção para a janela que se encontrava atrás dele ou que estava olhando um de seus "aparelhos de ruído" com grande desejo. De vez em quando, o surpreendia inclusive olhando-o com aquele vivo desejo que alterava seus nervos. Desde aquele dia no quarto das crianças, ele não voltou a abraçá-lo, não porque não quisesse estreitá-lo entre seus braços, mas sim porque temia perder o controle se ficasse muito excitado.

Pelo visto, Harry não tinha uma preocupação semelhante. Para ele, os jogos preliminares foram uma experiência extremamente prazerosa e era evidente que não estabelecia relação alguma entre os ditos jogos e o fato de que Louis queria fazer mais. Infelizmente, sim havia uma relação e muito forte. Não obstante, Louis estava decidido a não tomar parte em atividades que pudesse sair de controle, até que estivesse seguro de que Harry estava pronto para consumar o matrimônio.

Uma manhã, enquanto lhe dava uma aula sobre a língua de sinais, Louis levantou os olhos da guia de ensino e viu Harry apoiado sobre sua escrivaninha. Seu peso descansava por partes iguais nos cotovelos e no inchado ventre. O sorriso malicioso e o olhar sedutor fizeram com que seu coração começasse a pulsar com força.

— Harry, supõe-se que deveríamos estar trabalhando — disse ele com voz severa.

As covinhas de suas bochechas ficaram mais profundas e enquanto o jovem olhava fixamente sua boca, lhe deu a impressão de que estava pensando em coisas que não tinham nada a ver com a leitura dos lábios. Levando uma mão a sua camisa, ele começou a brincar com seus botões. Logo levantou o olhar para ele. Seu sorriso formulava um inconfundível convite. Louis afastou o olhar em seguida e começou a folhear desesperadamente as páginas do livro. O pequeno sedutor se inclinou ainda mais para ele.

— Harry — disse, levantando os olhos — Desça, por favor, de minha escrivaninha. Vai esparramar os papéis por...

Seu olhar caiu como uma rocha para posar-se nos magros dedos do jovem, que tinham passado dos pequenos botões de sua camisa ao topo do peito. Ele estava se acariciando brandamente através das capas de roupa. Louis podia ver seu mamilo palpitando com força contra o tecido e era uma tentação que o atraía de maneira irresistível.

— Harry, não faça isso. Não é...

Ele sorriu e mordeu o lábio inferior. Louis se levantou da cadeira e se dirigiu para a janela.

— Não deve...

Não podia afastar o olhar de sua mão e do que ele estava fazendo. Fez-lhe um doloroso nó no estômago... E mais abaixo. Queria lhe dizer que aquele comportamento era impróprio, mas tinha que reconhecer que, enquanto ele fizesse aquelas coisas quando estavam sozinhos, não lhe parecia censurável. Justamente o contrário.

— Nunca faça isto na frente de outras pessoas — lhe disse com voz rouca — Nem na presença de Maddy nem de ninguém mais. Entendeu?

Ele assentiu com a cabeça. Louis respirou trêmulo.

— Quanto a fazê-lo diante de mim — prosseguiu — tem que entender que, se aceitar seu oferecimento, irei querer fazer também as outras coisas das quais falamos. A última vez, quando tentei isto, você se assustou. A menos que sua atitude tenha mudado, sugiro que deixe de... — engoliu saliva com grande esforço — me fazer esse convite.

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora