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Louis estava desabotoando a camisola de seu esposo e estava procurando as cegas na parte de baixo, quando finalmente entrou em razão e percebeu o que estava fazendo e com quem. Com Harry. Deixou de beijá-lo. Com a cabeça febril de paixão e os pensamentos embaralhados, piscou e olhou a seu redor. Pouco a pouco, voltou para a realidade. No chão? Por Deus! Quando viu o que esteve a ponto de fazer, um calafrio lhe percorreu o corpo, sacudindo-o como se lhe tivessem jogado um jorro de água gelada.

Respirava ofegante e tentou com todas suas forças recuperar o domínio de si mesmo, tarefa que nesse momento lhe parecia gigantesca. O desejo ardia em suas vísceras como um carvão quente. Em suas têmporas, o pulso começou a golpear como um martelo e sentia uma dor atrás dos olhos parecida a de uma punhalada. Piscou e tentou enfocar com claridade seu pequeno rosto, concentrar-se nele e só nele; um garoto doce, assustado e em avançado estado de gestação, que não só merecia que o tratassem com suavidade, mas também o necessitava.

De algum jeito, ele o tinha sobre seu colo. Seu joelho levantado servia de apoio as costas dele. O braço ao redor de seu ventre inchado era a âncora que o sujeitava com firmeza. Descendo os olhos, viu que sua camisola subiu até os joelhos, que estava perigosamente perto de tocar tesouros proibidos. Engoliu saliva e levou uma mão trêmula ao desgrenhado cabelo de Harry. Sob as pontas de seus dedos, o cabelo do rapaz parecia seda aquecida pelo sol. Seus olhos, grandes e receosos, afastaram-se rapidamente da mão de Louis para posar em seu rosto. Era evidente que ele temia o que ele pudesse fazer depois. E com toda a razão, pensou Louis. Um par de segundos mais e o teria de barriga para cima para abrir as portas de sua maravilhosa intimidade.

— Harry, — sussurrou Louis com voz vibrante — sinto muito. Não queria te assustar, carinho. É só que... — interrompeu-se. Não estava muito seguro do que devia dizer; não sabia se tinha que ser brutalmente sincero ou mentir para não assustá-lo ainda mais. Ao final, optou pela sinceridade. O jovem foi afastado da realidade durante muitos anos e ele não podia continuar fazendo o mesmo — Desejo-te terrivelmente. Faz já várias semanas que te desejo. Quando um homem está perto de uma pessoa durante um período tão longo de tempo, como eu estive com você, e nunca pode... — Sua voz se foi apagando — Sinto muito. O desejo me dominou durante um momento, isso é tudo e quase perco o controle.

Louis esteve a ponto de lhe prometer que não permitiria que isto voltasse a acontecer, mas se conteve. A verdade era que poderia acontecer de novo. Era muito prazeroso abraçá-lo. Tudo lhe tentava, do rosa translúcido das pequenas unhas de seus dedos até a brilhante umidade de seu carnudo lábio inferior. Nunca tinha desejado tanto uma pessoa. Lentamente, muito lentamente para ele, o medo desapareceu de seus belos olhos. Louis sorriu, sentindo-se mais que aliviado por ele lhe devolver o sorriso. Harry ainda estava inseguro e um pouco alterado, mas parecia disposto a lhe conceder o benefício da dúvida.

Graças a Deus.

Sentia-se como um vil canalha. Acariciou-sua bochecha e o olhou fixamente nos olhos.

— Sem dúvida nenhuma, foi o beijo mais doce que me deram na vida. Sinto muito tê-lo acuado dessa maneira. Não te fiz mal, verdade?

Um pouco vacilante, ele negou com a cabeça. Louis pôde ver que estava tremendo; e desta vez não podia jogar a culpa em Sebastian. Acariciando sua boca com extrema delicadeza, sussurrou: — Sei muito bem que não mereço isso, mas me daria outra oportunidade? Desta vez farei o que é devido.

Os olhos de Harry se escureceram, por causa do medo ou da incerteza, não estava seguro. Conteve a respiração, esperando a resposta. Quando ele assentiu com a cabeça de maneira quase imperceptível, Louis esteve a ponto de soltar um grito de alívio, o qual não teria sido apropriado absolutamente, tendo em conta que não lhe iludia muito aquela promessa.

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora