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Três semanas depois, quando Louis levou Harry e Maddy para a estação de Medford para despedir-se deles, a manhã estava fria, sombria e úmida; um reflexo perfeito de seu estado de ânimo, que era péssimo, por não dizer outra coisa. Esteve temendo aquele momento desde mais de dois meses; não queria encará-lo; e poderia ter pensado em uma dúzia de razões para dar meia volta e levar para casa seu esposo e seu filho.

— Tem os bilhetes?

Fazendo uma careta, Louis percebeu que estava gritando para que Harry pudesse lhe ouvir por cima do ruído da locomotiva. Colocando a mão debaixo das grossas dobras da capa de lã que ele levava, agarrou-o pelo braço e o obrigou a parar. Ato seguido inclinou-se para que ele pudesse lhe ver o rosto enquanto lhe repetia a pergunta.

Ele abriu um estojo de seda azul bordado e começou a rebuscar em seu caótico interior. Louis conseguiu ver algo pequeno e marrom movendo-se entre os papéis. Antes que pudesse perceber o que era ou reagir, a criatura saiu da bolsa de um salto.

— Nooo! — bramiu Harry.

— Jesus! — exclamou Louis.

— Um camundongo! — gritou uma dama gorda.

A partir desse instante, armou-se um Deus nos acuda. As mulheres começaram a berrar e a lançar-se para os bancos, os homens pisavam no chão com força para tentar esmagar com os saltos de seus sapatos a escorregadia criaturinha. Louis se meteu no meio da refrega, sem saber muito bem o que esperava conseguir, além de ficar como um perfeito imbecil. Duvidava que o pobre camundongo ficasse imóvel para que ele pudesse agarrá-lo em meio daquele barulho. Mas com o olhar de adoração de Harry cravado nele e a expressão de seu rosto aclamando-o como seu herói, não podia ficar ali sem fazer nada.

O camundongo se refugiou entre um cubo de lixo e um poste. E então uma mulher, com a saia recolhida sobre os tornozelos, lançou um ataque contra o esconderijo do camundongo, fazendo oscilar sua bolsa com fúria. Louis só pensou em que aquela mulher poderia esmurrar o mascote de Harry até matá-lo ante seus próprios olhos. Lançou-se entre a agressora e o cubo de lixo, recebendo a pior parte do castigo em seus ombros e obtendo assim que os golpes não lhe fizessem mal algum ao bichinho. Quando as pontas de seus dedos tocaram um corpinho peludo uns dentes diminutos se cravaram em seu dedo indicador.

— Caramba! Ingrato camundongo de merda!

— Não diga palavrões, senhor!

Cataplum.

A bolsa da mulher o golpeou em uma orelha. Enquanto se levantava, Louis levantou um braço
para proteger seu rosto.

— Como se atreve a soltar um camundongo em um lugar público? — Gritou a dama — Quase me dá um ataque do coração!

A Louis pareceu que aquela bruxa estava perfeitamente bem. Esquivou outro ataque de sua bolsa.

— Senhora, tenha a amabilidade de deixar de me atacar com sua bolsa.

Como resposta, golpeou-o no ombro.

— Como se atreve a perturbar a paz, a aterrorizar pessoas inocente? É um homem adulto, nada menos. Isso é travessura de meninos. Mas o senhor? Tenho vontades de denunciá-lo. Os roedores transmitem enfermidades. Têm a raiva! A peste! Como se atreve a expor as demais pessoas a...?

Louis apertou o camundongo resgatado contra a lapela de seu casaco.

— Este não é um camundongo normal. É um... — disse as primeiras palavras que lhe vieram a mente — genus attica. É um animal muito estranho. Meu esposo não se desprenderia dele embora lhe dessem mil dólares.

A mulher piscou.

— Diz o senhor que é um animal estranho?

— Nem imagina quanto.

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora