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Na manhã seguinte, quando desceu as escadas para dirigir-se ao andar de baixo, Louis se encontrou com Yvonne, uma das criadas, que estava frente ao quarto das crianças com um monte de roupa recém-engomada nos braços. Ao vê-la, inclinou a cabeça e sorriu.

— Presumo que meu esposo está descansando de novo esta manhã.

Yvonne negou com a cabeça.

— Não, senhor, já se levantou, mas ainda não está preparado para que lhe arrumem a cama.

Posto que a porta estava entreaberta, Louis não acreditou que Harry estivesse se vestindo. Curioso, colocou a cabeça pela porta e viu Maddy no centro da habitação, com as pernas ligeiramente separadas e as mãos na cintura. Ao ver Louis na entrada, saudou-o com a cabeça.

— Está procurando algo entre os lençóis de novo. — encolheu os ombros para mostrar seu desconcerto — Faz o mesmo todas as manhãs sem falta. Está se convertendo em um ritual.

Louis entrou no quarto.

— Perguntou o que está procurando?

— Se lhe perguntei? — Maddy negou com a cabeça — Não, não o fiz. Nunca me ocorreu pensar que poderia responder.

Contente em ter uma desculpa, qualquer que fosse, para ficar, Louis dirigiu seu olhar para Harry, que estava registrando, com todo cuidado a enrugada roupa de cama. Como já tinha notado antes, sua camisola, embora de corte recatado, era de tecido muito fino e estava tão gasto que era quase transparente. Tomou nota com o pensamento de que era preciso acrescentar roupa de dormir à lista de coisas que queria lhe mandar fazer. Não é que tivesse nada contra as camisolas de tecido muito fino. Justamente o contrário. Mas...

Estava sorrindo com satisfação masculina quando se aproximou de Harry. Ele se sobressaltou ao vê-lo e deixou de dar tapinhas nas mantas. Louis assinalou a cama.

— O que está procurando, Harry? Maddy e eu podemos te ajudar.

Elea franziu o cenho, claramente inquieto, não só pela pergunta, mas também pelo fato de que ele estivesse esperando uma resposta. Louis deixou escapar um suspiro. A paciência nunca foi uma de suas virtudes, mas desde que se casou com Harry estava começando a entender que este era um atributo que tinha que adquirir. Tinham-no obrigado durante quatorze anos a obedecer as regras muito estritas e lhe tinham proibido emitir som algum ou tentar comunicar-se. Sinceramente, Louis não podia esperar que ele o mudasse da noite para o dia.

— Harry, responde a pergunta o melhor que puder. Ninguém vai te castigar, prometo.

Ele não pareceu muito convencido de que isso fosse certo. Louis não gostava de pressioná-lo, mas sabia que ou era isto ou permitir que seguisse igual.

— O que está procurando? — Agora começou a adotar uma expressão severa que esperava que o animasse a responder, sem matá-lo de susto.

Harry puxou nervosamente a camisola, gesto que fez com que Louis deixasse de lhe olhar seu rosto e centrasse toda a atenção em seu peito. Ante a visão que apareceu frente a seus olhos, apertou os dentes e em seguida voltou a dirigir o olhar para seu rosto. De modo surpreendente, ele não pareceu perceber que seu centro de atenção se desviou por um instante. Depois do que Sebastian lhe fez, lhe parecia que sua ingenuidade era algo mais que incrível. Mas a verdade era que estava vendo as coisas do seu ponto de vista, não de Harry. Era evidente que a violenta agressão de Sebastian contra ele tinha sido só isso: violência. Não houve flerte preliminar, nem atração, nem erotismo algum, só pânico e dor. Isto lhe tinha ensinado a não confiar nos homens, mas não lhe tinha sido dado nada para compreender o prazer carnal ou o que lhe precedia.

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora