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Fazendo todo o possível para esconder seu aborrecimento, Niall Horan se sentou com cuidado na borda da cama de Harry Styles e o agarrou pela mão. O receio que se refletia em seus grandes olhos verdes fez com que lhe encolhesse o coração. Aquela era ao menos a vigésima vez, desde que Louis Tomlinson o foi procurar no povoado, que teve que tragar a ira que sentia contra seus pais. Não podia entender como duas pessoas tão boas e caridosas como Desmond e Anne podiam dar um trato tão insensível a seu filho mais novo. Se fosse verdade que o jovem estava grávido, seu estado não mudaria de um dia para outro. Mas tinha insistido na necessidade de confirmar sua suspeita aquela mesma noite.

Niall não era partidário de assustar seus pacientes, e não havia a menor dúvida de que Harry sentia medo. Não era de estranhar. Não o tinha atendido mais de uma dúzia de vezes em toda sua vida; só em uma ocasião desde aquela febre que afetou sua saúde mental, e ele era um desconhecido para ele. Agora se encontrava em sua habitação, tirado de um sono profundo para examiná-lo. Anne montava guarda atrás dele, retorcendo as mãos, gemendo e chorando. Isto bastava para aterrorizar o jovem. Para cúmulo dos males, Desmond estava do outro lado da habitação, marcando um atalho com seus passo no reluzente chão. Apesar de serem duas pessoas tão inteligentes, não pareciam ter nenhum senso comum.

— E bem? — Perguntou Des com impaciência — Está grávido ou não?

Já era suficiente. Niall se levantou da cama e se ergueu em toda sua altura; o que na realidade não era muito. Lançando um olhar hostil ao consternado casal, espetou:

— Saiam do quarto! Ainda não o examinei e não penso fazê-lo nestas condições.

Anne se sobressaltou. Desmond parou depois de girar sobre seus calcanhares e cravou nele um olhar de assombro.

— Estão alterando o garoto — disse Niall com mais delicadeza — Peço-lhes que esperem no corredor. Quando tiver um diagnóstico, os chamarei.

— Pois bem! — exclamou Anne indignada.

Naquele momento, Niall não se importou em ter ofendido Anne Styles. A mulher estava esgotando sua paciência, e isto era o único que podia fazer para não ver-se obrigado a amarrá-la com uma corda. Atrasado ou não, Harry tinha sentimentos, e sua mãe, mais que ninguém, deveria saber. Foi violentado, nada menos, e ninguém tinha chamado Niall para que fora o examiná-lo? Anne deveria saber naquele momento que era possível que o jovem apresentasse uma hemorragia interna ou, por exemplo, que tivesse contraído uma infecção. Não obstante, naquela oportunidade não lhe chamaram. Era quase como se Anne tivesse medo de que ele examinasse Harry, como se temesse seu diagnóstico. Por quê? Esta era precisamente a pergunta que se fazia e Niall não tinha uma resposta.

Depois de acompanhá-los até a porta, Horan suspirou e se voltou para Harry. O rapaz o estava olhando nervoso, com os olhos redondos como pratos. Fazendo todo o possível para parecer inofensivo, dirigiu-se lentamente à cama. Voltou a sentar-se na borda do colchão, agarrou sua mão de novo e lhe deu um tapinha afetuoso.

— Lembra-se de mim, Harry? — perguntou-lhe em voz baixa.

Sem deixar de olhar fixamente sua boca, ele levantou o queixo e esfregou o rosto contra o ombro de sua camisa. Niall contemplou seus traços finamente cinzelados, pensando que era uma pena que uma febre o tivesse deixado incapacitado. Embora as demais Styles estivessem casadas e, devido a longa distância que tinham que percorrer, raras vezes iam à casa de seus pais, Niall recordava com toda claridade seus rostos. Sem lugar a dúvida, Harry era o mais bonito dos quatro irmãos. Mas, certamente, era preciso olhá-lo atentamente para perceber isso. Tinha um cabelo azeviche extraordinariamente espesso, cujos sedosos cachos formavam redemoinhos em desordem ao redor do rosto, quase escondendo um rosto que era perfeito como um camafeu.

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora