Hooperville, Oregón
Domingo 6 de abril de 1890.
Quando Sebastian Tomlinson estava sóbrio, sua companhia era suportável; mas quando bebia, Liam Payne sentia medo dele. Liam não tinha explicação do porque. Que ele soubesse Sebastian nunca fez nada verdadeiramente mal a ninguém. Mas mesmo assim pressentia, sem poder evitar, que poderia chegar a fazê-lo. Este era um pensamento perturbador, pois obrigava Liam a examinar sua própria personalidade.
Se Sebastian não lhe parecesse todo simpático, por que se relacionava com ele? E, ainda mais, por que bebia com ele? Eram perguntas que Liam se fez milhares de vezes, e a resposta, embora não gostasse de reconhecer, era que não se atrevia a lhe dizer não... Uma palavra tão simples como "não"! Mas dizer a alguém como Sebastian não era nada simples.
Depois de obrigar seu cavalo para que diminuísse o passo, Liam entreabriu os olhos frente ao forte sol matutino para observar as costas dos quatro companheiros que cavalgavam adiante dele. Sebastian Tomlinson, mais alto e largo de costas que os outros, encabeçava o grupo. Como querendo deixar em relevo sua autoridade, cravava com frequência as esporas no cavalo e sacudia continuamente as rédeas da pobre besta. Liam quase sentia náuseas ao pensar em semelhantes maus tratos.
Era um cavalo obediente e não havia nenhuma necessidade de que Sebastian o tratasse com crueldade. Logo, Liam dirigiu o olhar para Zayn Malik , Stanley Lucas e Calvin Rodgers, os outros três jovens que estavam adiante dele. Eram seus melhores amigos desde que se lembrava e acreditava conhecê-los quase tão bem como a si mesmo. Suspeitava que temessem Sebastian tanto como ele. Que pena davam! Na noite anterior esqueceram tudo o que alguma vez aprenderam para seguirem Sebastian como obedientes cordeirinhos, ou como estúpidos escravos: foram com ele aos bordéis e logo afogaram os remorsos em álcool. Mas as fortes dores de cabeça que sentiam naquele momento os faziam pagar caro por sua debilidade. Deus santo! Era domingo. Suas famílias deviam estar na igreja naquele preciso momento, perguntando-se onde teriam se metido.
Era possível que nenhum deles tivesse um pouco de força de vontade? Sebastian fez com que seu cavalo ficasse de lado no meio do caminho para lhes fechar o passo, tirou o chapéu de feltro e secou o suor da fronte com uma manga. Fez uma careta ao ver a imundície que manchou imediatamente seu branco punho. Abril era usualmente seco, choveu muito pouco nas últimas duas semanas e o caminho estava poeirento.
— Proponho-lhes nadar para nos limpar. — disse com ar e tom desafiante — O último é um idiota!
As Cataratas Brumosas e sua lagoa favorita estavam perto dali. Liam, incrédulo, lançou um olhar naquela direção. Sebastian adorava fazer loucuras; quanto mais imprudente, melhor. Mas propor aquilo justo depois do acontecido na noite anterior, já era muito.
— Irmos nadar? Ficou louco? Morreremos de frio.
— Por Deus, Liam, é uma criança mimada. Aqui faz mais calor que no próprio inferno. Estou suando, e você também.
— Sim, assim vestido e completamente seco... Claro que estou suando! — reconheceu Liam — Mas não é o mesmo, nem parecido,entrar nesta lagoa.
— A água da lagoa é neve derretida das montanhas. — assinalou Zayn — Com toda segurança estará desagradavelmente fria, Sebastian.
— Desagradavelmente fria? É um homem, Zayn, ou uma garotinha chorona disfarçada de homem?
O rosto de Zayn ficou vermelho pela humilhação, mas não disse nada para defender sua dignidade. Nenhum deles nunca encarou Sebastian.
Sebastian deixou escapar um grunhido de indignação; e esporeou o cavalo para que saísse do caminho e entrasse na sarjeta que se encontrava junto ao mesmo. Agitando seu chapéu de feltro no ar,soltou um chiado enquanto o animal saltava um aterro. Liam olhou com receio para seus três amigos. De sobra sabia que nenhum deles queria ir nadar. Infelizmente, também sabia que dobrariam a nuca ante Sebastian, pois nenhum tinha força para lhe opor resistência.
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Harry's Song - Adaptação Larry Stylinson
RandomHarry Styles vive em um mundo solitário em que ninguém pode entrar e compreender. Tão delicado e belo como as doces flores da primavera de Oregon, é rejeitado por um povo que interpreta de maneira equivocada sua aflição. Porém, esta crueldade não po...