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Uma terrível dor de cabeça e uma animação tão forte para levantar os mortos de suas tumbas despertaram a Louis pouco depois do amanhecer do dia seguinte. Ouviam-se vozes chorosas. O alvoroço lhe recordou a memorável ocasião em que Harry cravou seus dentes no dedo da senhora Perkins. Não era algo que pudesse ignorar facilmente, com ressaca ou sem ela. Perguntando-se que classe de problemas estaria ocasionando seu esposo naquela ocasião, resmungou e desceu da cama. Depois de colocar a roupa a toda pressa, Louis saiu correndo da habitação principal para dirigir-se ao corredor do primeiro andar e seguiu os gritos até chegar ao quarto das crianças. Descalço e com a camisa meio aberta, entrou no quarto, esperando ver combatentes retorcendo-se no chão. Em troca, encontrou Maddy, três criadas, Frederick o mordomo e Henry, o criado encarregado de tarefas diversas, reunidos ao redor da cama de Harry. Uma das criadas sustentava em seus braços um monte de lençóis cuidadosamente
dobrados.

— Que diabos está acontecendo aqui? — gritou Louis.

Aparentemente sem saber o que dizer, Maddy se voltou para ele com as mãos levantadas em sinal de impotência.

— Yvonne entrou no quarto com o fim de limpar e mudar os lençóis, como o faz todas as manhãs.

— E o que?

Metendo as abas da camisa na calça, Louis atravessou o quarto. Lançou um amplo olhar e fez um balanço da situação. Harry, que usava uma camisola branca quase transparente de mangas largas, parecia ser o foco das atenções. Encontrava-se sentado com as pernas cruzadas no centro de sua cama desfeita, com as torneadas pernas descobertas até os joelhos e os braços estendidos como se estivesse se protegendo dos intrusos. Ao olhá-lo, Louis pensou em uma patinadora que acabava de cair sobre o frágil gelo e que tinha medo de que a pessoas ali reunidas se equilibrasse sobre ela com a intenção de resgatá-la, rompessem o gelo estrepitosamente e ao final se afundassem todos na água gelada.

Esfregou o rosto com uma mão e piscou, em parte para espantar o sono, mas antes de tudo porque este já era um hábito nervoso. Maddy dizia que parecia um idiota quando fazia isso. Mas, bom, o que importava. Quando sua visão se limpou, Harry seguia sentado no mesmo lugar e sua postura expressava com maior clareza de palavras que não queria que eles se aproximassem. Louis não podia desfazer-se da sensação de que estava tentando proteger algo. Perguntava-se o quê? Um monte de roupa de cama enrugada?

— Não entendo nada. — Maddy pensava em voz alta — Ontem se levantou sem armar tanto confusão — olhou para Louis — O que devo fazer?

Louis tinha várias ideias, a primeira das quais era censurar Frederick e Henry. Não podia acreditar que Maddy tivesse permitido que dois homens entrassem ali enquanto seu esposo estava vestido com tão pouco recato. Seus mamilos brilhavam como dois pequenos faróis que emitiam uma luz de cor rosada através da camisola. Tinha a plena certeza de que, se ele tinha notado, Frederick e Henry também o tinham feito.

Assinalando a saída com o dedo indicador, gritou:
— Fora daqui!

Todos se sobressaltaram, menos Harry. A Frederick lhe saíram os olhos das órbitas e seu rosto ficou de uma cor vermelha intensa. Henry, o menos inteligente dos dois, raspou uma orelha e cravou seus olhos azuis no patrão com uma expressão inquiridora.

— Só viemos a ajudar, senhor Tomlinson.

— Fora! — repetiu Louis entre dentes. Começou a sentir-se como se sua cabeça fosse um melão arrojado ao duro cimento — Saiam daqui agora mesmo! Este é o dormitório de meu esposo, pelo amor de Deus!

As criadas, todas tão nervosas como passarinhos, apressaram-se a sair dali. Louis agarrou Yvonne, a portadora dos lençóis, pelo cotovelo.

— Você não!

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora