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Louis golpeou a porta principal dos Styles com tal força que a madeira se sacudiu em suas dobradiças. Em seguida ouviu passos que se dirigiam correndo a responder sua chamada e no instante mesmo em que a porta se abriu, entrou como um ciclone na casa, e esteve a ponto de derrubar o assustado mordomo.

— Onde está Desmond? — perguntou a gritos. Agarrando firmemente suas lapelas, o criado encolheu os ombros para arrumar a jaqueta.

— Rogo-lhe que me perdoe, senhor, mas...

— Não se preocupe. Eu mesmo procurarei.

Louis se dirigiu a grandes passos ao salão. Pensou que os pais de Harry poderiam encontrar-se ali a aquela hora. Não havia ninguém nessa casa. Ato seguido percorreu o corredor com passo resolvido, abrindo todas as portas. Tampouco viu ninguém no escritório de Desmond, a sala de estar ou a biblioteca. Ao final do corredor, encontrou-se com uma série de painéis de mogno. Empurrando-os com o ombro para abri-os, entrou de supetão na sala de jantar e surpreendeu os sogros jantando. Desmond levantou os olhos com as bochechas repletas de comida; o garfo e a faca suspensos sobre o prato. Ao reconhecer Louis, engoliu a comida com dificuldade.

— Deus santo! O que acontece? Harry está bem?

Anne, que se encontrava sentada no extremo oposto da longa mesa, de costas às portas, levantou-se da cadeira de um salto. Ao fazer isto, golpeou a taça, que caiu, derramando o vinho. O líquido cor carmesim salpicou a imaculada toalha branca e formou um atoleiro ao redor do pé de um pretensioso candelabro ornamentado.

— Que diabos aconteceu? — perguntou ela — Fez algo terrível? O que ocorreu?

Ignorando Anne, Louis passou a seu lado para avançar para Desmond. Quando chegou ao outro extremo da mesa, agarrou o juiz por um dos ombros de seu smoking e pegou-o bruscamente para obrigá-lo a ficar de pé.

— É um bode egoísta e desalmado! — Louis estava fora de si — Como pôde fazer algo tão monstruoso a seu próprio filho?

O medo fez com que os olhos de Desmond se abrissem como pratos e que seu rosto ficasse lívido.

— De que diabos está falando? — O pai tentou agarrar-se aos pulsos de Louis — Vai rasgar minha roupa, homem.

— A roupa?

Louis soltou o homem de maneira tão repentina que este cambaleou, tropeçou com sua cadeira e caiu no chão.

— O que vou fazer, miserável verme, é te arrancar a cabeça dos ombros.

Apoiando-se sobre um joelho com grande dificuldade, Desmond agarrou o braço da cadeira com todas suas forças para tentar recuperar o equilíbrio.

— Explique! Não pode entrar em minha casa desta maneira, proferindo ameaças, agredindo e escandalizando! Há leis que...

— Leis? — Louis deu um enorme murro na mesa. As fontes e os candelabros saltaram ante a força do impacto e voltaram a cair com grande estrondo — Há normas de decência, meu amigo, que nunca foram escritas em seus preciosos códigos. Acaso respeitou alguma delas em sua vida? Com seu filho não, disso estou completamente seguro. — Louis apontou o nariz do outro homem com um dedo — Entenda isto, desprezível filho da puta, Harry nunca retornará a esta casa. Não o fará enquanto eu estiver vivo. Dê por quebrada minha palavra no que se refere a essa parte de nosso acordo e mais vale que dê graças ao Deus Todo-Poderoso para que isso seja o único que tenha decidido romper.

— Não sei do que me está falando — disse Desmond com voz trêmula — Nunca maltratei meu filho.

— Alguma vez o maltratou? — Louis soltou uma áspera gargalhada — Além de lhe bater cada vez que desobedecia, faltou a seu dever de lhe dar uma educação. Há colégios para surdos! E se podem fazer muitas coisas para ajudar uma pessoa como ele. Em todos estes anos, nem sequer lhe comprou uma trombeta, um aparelho de ressonância. E, pior ainda, deixou que todos neste povoado acreditassem que é um idiota! Como consegue conciliar o sono pelas noites? Pode me dizer isso? Estou completamente seguro de que eu não poderia.

Harry's Song - Adaptação Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora