Assim que terminaram de almoçar, Arthur e os outros recrutas foram para o salão de lutas como Kazimir tinha ordenado. Sempre passavam a manhã estudando e a tarde toda treinando e naquela tarde em especial quando o primeiro-tenente disse que o capitão estava indisposto o louro quase deu um pulo de alegria, mas se limitou a sorrir. Ele gostava das aulas de instrução de combate e gostava quando o capitão não aparecia para pegar no seu pé, mas Kazimir percebeu o repentino sorriso no rosto dele e começou a gritar. “Você ficou feliz por que eu disse que seu capitão está indisposto?! Seu bastardo, você deveria estar chorando agora! Se estivessem em um campo de batalha e o seu capitão estivesse indisposto vocês estariam todos mortos!” e coisas do tipo e logo depois o enfrentou como oponente. Na metade da tarde a visão de Arthur já estava embaçada depois de ser nocauteado tantas vezes pelos punhos nada modestos do Primeiro-Tenente.
Começou a chover só no final da tarde, mais ou menos quando o louro perguntou a Kazimir se podia ir buscar papel higiênico para o seu nariz, que por muito pouco ainda não estava quebrado pela quantidade de sangue que deixava escapar. Wardraig apareceu de novo no exato momento em que Arthur se sentou para descansar um pouco e olhou para ele nada satisfeito, como se o louro estivesse ali sem fazer nada o dia todo. Conversou alguma coisa com Kazimir durante alguns minutos, mas Arthur realmente não fez questão de escutar.
- Cara, olha se meu nariz tá torto. – pediu Heiner que estava sentado ao lado dele no banco, com uma toalha no ombro.
- Eu acho que não. – o louro semicerrou os olhos. – Pelo menos nada que deixe você mais feio do que já é.
- Ah, claro, me desculpe princesa.
Os dois se entreolharam e deram um sorriso meio idiota de autopiedade. O louro desviou o olhar e fitou uma das janelas, a chuva estava caindo realmente forte lá fora, causando estrondos como socos batendo contra o cimento do pátio.
- Que tempo maravilhoso. – o capitão comentou em tom mais alto para que os recrutas que ainda estavam lutando prestassem alguma atenção e nenhum deles ousou não fazer isso. – Que tal ir todo mundo lá pra fora e começar a fazer flexões?
Ninguém disse nada, apenas se entreolharam.
- Foi uma ordem, bando de imbecis, já pra fora!Agora! – gritou Kazimir, carinhosamente. – O que chegar por último no pátio vai fazer 50 flexões a mais!
Por um momento Arthur se lembrou da hora do recreio na escola, quando a professora abria a porta e se escondia atrás dela para não ser atropelada pelo bando de alunos esfomeados. Foi quase isso, mas assim que os recrutas passaram em frente ao capitão rapidamente recuperaram a postura e seguiram adiante com mais calma.
Arthur não foi o último, na verdade foi um garoto mais franzino que foi empurrado para trás pelos cavalos e o louro não o conhecia. Abaixou-se ao lado de Heiner e todos os recrutas começaram a fazer o que lhes foi ordenado, claro que tiveram o trabalho de se organizar em linha para que não recebessem nenhuma punição extra por bagunça.
Depois da sua primeira semana no exército Arthur conseguia sentir todos os músculos do corpo doloridos e inchados de tanto serem trabalhados excessivamente sem quase nenhum descanso, mas agora já estava mais acostumado ao esforço físico e seus músculos já tinham se desenvolvido para o dobro do que eram antes. De alguma forma Arthur ainda odiava fazer tudo aquilo, mas tinha que admitir que estava feliz por ter o corpo que tinha agora, afinal, ele provavelmente nunca teria coragem o suficiente para ir a academia todos os dias para ter aquele físico. Não, na verdade ele nunca teria feito isso, era preguiçoso demais para tal. Ele deu um sorriso enquanto se abaixava e levantava, orgulhoso pelo fato dos braços não ficarem doloridos depois de tantas flexões.

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Damage
RomanceArthur entrou no exército sem grandes expectativas a respeito do futuro, assim como seus dois companheiros de dormitório, Heiner e Damien. No entanto no primeiro dia quando são apresentados ao seu instrutor, o Capitão Wardraig, Arthur acaba soltando...