Capítulo 11

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Quando Arthur acordou ele sentia cada parte do seu corpo mais dolorida que a outra, o que não deveria ocorrer, mas as costas tinham tido a pele torturada e os músculos foram abençoados com uma noite de sono no tapete do capitão. Abriu os olhos lentamente sentindo o pouco da luz que entrava pela janela arranhando seus olhos acostumados com o escuro dos sonhos.

Sentou-se e levantou os braços para se espreguiçar, a pele das costas sofreu um pouco ao ser esticada e de repente Arthur já tinha uma ideia de como era a época de escravidão da qual ele tanto tinha ouvido falar na escola, quando os escravos eram chicoteados e depois dormiam no chão sem o mínimo de carinho. Bocejou e pairou os olhos sobre Henry que ainda estava deitado no sofá dormindo.

Quando adormeceu obviamente Arthur não estava no chão, mas em algum momento da madrugada o capitão achou que precisava de mais espaço e o chutou para fora do conforto como um travesseiro que atrapalha na hora de dormir ou ocupa muito espaço na cama. Não que o louro se importasse muito com isso, afinal, ele tinha tido Henry só para si várias vezes ao decorrer daquela noite e já conhecia cada parte do corpo dele como a palma da sua mão, mão essa que fez questão de percorrer cada centímetro de pele do capitão sem nenhum pudor.

Arqueou a sobrancelha e varreu o corpo dele com os olhos, Henry usava somente a cueca verde da noite anterior. Ele ficava bem de verde. Na verdade qualquer cor que usasse ali ficaria bem, pelo menos aos olhos do louro. Quando se olhava para o capitão dormindo daquela forma qualquer pessoa jamais conseguiria imaginar o quão sádico e cruel ele podia ser, porque independente das suas ações, enquanto os olhos azul-índigo estavam fechados ele parecia uma criança em seu sonho mais doce. Todos os músculos adormecidos, o pulmão se enchendo e esvaziando lentamente, os cabelos bagunçados caídos despreocupadamente sobre sua testa e nuca, todo o corpo dele parecia uma suave canção de ninar naquele momento.

Levantou-se finalmente e varreu o quarto procurando por suas roupas, uma das vantagens de se ser jovem era a de que bastava algumas horas de sono e você estaria bem para mais um dia, já uma das vantagens de se estar no exército era a que uma hora ou outra você acaba aprendendo a ignorar o cansaço.

Colocou cada peça de roupa no seu devido lugar e caminhou até a janela atrás da mesa de Henry, o velhinho já estava lá varrendo como sempre, o que significava que não estava tão cedo assim. De repente Arthur se imaginou chegando atrasado e recebendo o melhor dos sorrisos de Krieg junto com uma vassoura e a chave dos banheiros. Bufou com certo pânico crescendo no peito e foi em direção a porta, lembrando-se imediatamente de que não tinha dormido ali sozinho, embora não tivesse tido o prazer de compartilhar do calor de seu companheiro por muito tempo, já que o chão pareceu mais agradável para Henry.

- Capitão...? – ele perguntou em voz mediana, mas não pareceu surtir muito efeito.

Caminhou novamente até o lado de Henry e se ajoelhou ao lado dele, levando uma das mãos até seu ombro. O capitão franziu o cenho e resmungou alguma coisa antes de abrir pesadamente os olhos, nada satisfeito por ter sido acordado.

- Mas que droga, o que você quer? – rosnou afastando a mão do louro de si mesmo.

Arthur teria ficado boquiaberto, mas já tinha se acostumado a ser tratado daquela forma. Quer dizer, qualquer tipo de amante comum teria esperado um sorriso e um “Bom dia!” do parceiro, mas bom, Henry certamente não era nenhum parceiro do tipo comum.

- Já está tarde, quando pensa em acordar? – arqueou a sobrancelha.

- Eu acordo quando quiser, sou um capitão, idiota. – respondeu com escárnio e fechou os olhos de novo. – Acho melhor você ir logo, Kazimir provavelmente está o esperando com alguma surpresa por ter se atrasado.

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