Capítulo 3

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Que merda foi aquela?

A pergunta ficou ecoando por sua cabeça durante o dia todo. O que exatamente tinha acontecido ele não sabia, ou pelo menos não queria aceitar, estava fazendo flexões com Henry em suas costas o tratando como um animal – como sempre – e então de repente estava nu com o peito vermelho e dolorido por causa do chicote e com uma das mãos do capitão o masturbando. Mas que merda aconteceu comigo?

Deveria relatar alguma coisa. Não, provavelmente os outros oficiais iriam rir e dizer que ele estava inventando tudo para se livrar do capitão Wardraig. De qualquer forma, foi algum tipo de abuso, mas ele tinha gozado, embora fosse extremamente vergonhoso admitir que tinha ficado excitado com o capitão o tocando daquela forma. Ainda é abuso se a vítima ficar excitada? Lembrar-se-ia de fazer aquela pergunta quando conhecesse um advogado.

De qualquer forma, os dois iam acabar se fodendo se ele dissesse algo, porque não eram permitidos atos libidinosos dentro do quartel.

- Eu não aguento mais esse lugar. – comentou seu colega de quarto, Damien que tomava banho no chuveiro ao lado. – Wardraig vai para o inferno quando morrer.

- Se ele não for eu mesmo vou invadir o paraíso para tirá-lo de lá e jogá-lo no inferno. – complementou Heiner. – Quero vê-lo sendo fodido pelo satan.

Alguns homens riram depois do comentário e logo voltaram a se concentrar no curto tempo em que tinham para tomar banho, algo em torno de 5 minutos de água fria. Também não era exatamente agradável tomar banho ao lado de oito homens sem divisória alguma entre os chuveiros, de alguma forma estava grato por serem só 5 minutos. A princípio foi extremamente desconfortável, mas já havia se passado dois meses, a maioria dos homens estava tão cansada quando acordavam de manhã que sequer se preocupava com isso.

No começo o pelotão devia ter algo em torno de 50 recrutas, mas bastou duas semanas de treinamento com Wardraig e mais da metade tinha desistido ou trocado de pelotão, para um que tivesse um capitão menos... cruel. Devia haver agora talvez algo entre 16 e 20 recrutas, dentre eles Arthur Astrophel, Damien Saeger, Heiner Traenkner que podia se dizer eram os mais aplicados, ou seja, não tinham nenhuma outra opção e eram obrigados a permanecer no exército.

- Acabou o banho! – gritou o primeiro-tenente. – Andem logo ou não terão tempo para o café da manhã!

- Por que não vai arrumar uma bunda pra colocar esse pau murcho? – sussurrou Damien alto o bastante para que somente os recrutas ali dentro o escutassem.

- Hey, os boatos são verdadeiros? – perguntou Heiner. – Ele tem mesmo um problema?

- Ouvi dizer isso na cantina, que ofereceram uma prostituta no aniversário dele e ele não aceitou. – contou Damien enquanto pegava uma toalha enrolando-a na cintura.

- Deve ter algum problema mesmo, está sempre limpando a sujeira do Wardraig. – Arthur comentou fazendo o mesmo com a toalha enquanto saia junto com os outros.

- Ele não ter aceitado a puta não indica nada, talvez ele goste de algo mais... pontudo. – Heiner comentou e o restante dos recrutas riu mais alto.

Kazimir Krieg era o Primeiro-Tenente que estava sempre ao lado do capitão, uma espécie de auxiliar, o ajudava a manter os recrutas na linha e a dar incentivos verbais quando era necessário uma vez que Henry não costumava gritar. O capitão estava sempre sério e possuía olhar cheio de um vazio assustador, mas as sobrancelhas de Kazimir estavam sempre juntas e a testa franzida, os olhos carregados de uma fúria que só ele conseguia sentir. De algum modo eles se complementavam, enquanto Henry ficava com a parte disciplinar e teórica, Kazimir os colocava abaixo dos cães com palavras.

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