Capítulo 31

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As horas logo se passaram e o tempo como sempre fez aquela sua estranha mágica de tornar o que é ruim ainda pior, os joelhos de Samuel logo começaram a ficar doloridos de tanto ficar no chão daquela forma humilhante e seu orgulho parecia chorar cada vez mais a cada instante daquele jeito, mas Hans não se cansava de informar ao garoto que ainda não tinha se esquecido dele e que continuasse exatamente do jeito que estava.

- Por que está fazendo isso? – perguntou enquanto o ruivo mexia alguma coisa no fogo.

Hans virou os olhos de leve, como se Samuel fosse um cachorrinho latindo por um pedaço de carne ao redor do dono e o recruta quase rosnou de verdade, o cozinheiro deveria estar adorando olhar para o garoto de cima daquela forma superior.

- Você chegou atrasado, você não apareceu no almoço e você fechou a porta na minha cara ontem. – justificou-se. – E também porque você fica uma gracinha desse jeito.

Samuel levantou-se após a última frase, todos os motivos pareciam bons, mas aquele último parecia ser o único verdadeiro e o recruta ficou muito puto ao ouvir aquilo.

- Escuta aqui, eu fui praticamente estuprado ontem! – apontou para ele. – Eu devia denunciar você, processá-lo e ficar rico com isso! Não vou ficar aqui escutando você dizer asneiras!

Hans arqueou uma sobrancelha, o cenho de Samuel estava franzido e ele apontava para o peito do cozinheiro de forma ameaçadora, só faltava mordê-lo com as presas macias. O ruivo tombou a cabeça para um dos lados e procurou por mais algum ser vivo, dois de seus ajudantes ainda estavam ali e a última coisa que o cozinheiro-chefe queria era eles ouvindo aquela conversa.

- Hey, vocês podem ir embora. – apontou para os dois e depois para a porta, estava tarde e ambos queriam ir dormir, logo a ordem do ruivo não foi sequer questionada.

Alguns passos secos correram pela cozinha e depois o barulho da porta batendo, Hans virou novamente seu rosto em direção à Samuel, o que implicava que ele teve de abaixá-la um pouco para fita-lo.

- O que disse? – perguntou.

Samuel levou as mãos até a gola da roupa do cozinheiro, suas mãos contrastando com o tecido branco e sua raiva com a incitação de Hans que só aumentou com o toque e raiva inesperados.

- Eu disse que se você não fizer o que eu quero, você vai preso.

- Oh. – fez-se de inocente. – Está me chantageando?

Por algum motivo aquela expressão boba no rosto do ruivo fez Samuel hesitar um pouco, vacilar, repensar o que estava fazendo e com quem estava fazendo, mas era tarde demais. É o que acontece quando um cavaleiro demasiado corajoso incomoda o sono de um dragão.

- Acho que você se esqueceu... – Hans segurou o pulso dele e quando o garoto levantou a outra mão para tentar acertá-lo essa foi detida também. O cozinheiro empurrou Samuel até que a cintura do garoto tocasse o balcão e ele ficasse totalmente preso entre o mármore e o corpo do ruivo, de novo. – ...que é minha propriedade, e bens não se rebelam contra seus donos.

Samuel tinha uma resposta para aquilo e mais ameaças, mas seus lábios não conseguiram se abrir mais quando Hans soltou seus pulsos e o puxou pela cintura até que seus corpos se colassem.

- Você disse que eu o estuprei, e você tem razão sobre eu não ter ouvido adequadamente sua opinião sobre o que aconteceu. – ele falava tão perto que Samuel podia sentir o calor do seu hálito nos próprios lábios. – Mas você não quer que eu pare, ou estaria gritando, e você me desafiou, não posso deixa-lo ir embora tão facilmente depois disso.

- Eu...quero...sim. – murmurou, incerto.

- Você não quer. – repetiu. – Me diga o que quer de verdade.

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