Capítulo 7👟Uma longa noite-Parte 2👟

574 107 11
                                    

Praia da Urca...

Kayke percorre a orla da praia em velocidade reduzida. Meus nervos estão em frangalhos. Começo a pensar mil coisas. Esse marginal pode ter levado Drica para qualquer lugar. Quase não há pessoas transitando próximo à mureta da praia a essa hora. Há somente alguns clientes nos bares e poucos transeuntes na areia.

__ Veja!__ Kayke vê primeiro uma moto estacionada próximo ao meio fio mais a frente.

__ Espera!__ Um casal discute no calçadão. A garota está sentada na mureta e o rapaz gesticula próximo a ela. __Acho que são eles!

__ Vamos!__ Kayke freia e sai rapidamente do carro. Eu o acompanho.

Caminhamos apressados. De longe noto que Drica está chorando. O tal do Leozinho grita para que ela pare de chorar. De repente em um ataque de fúria ele chuta a moto jogando-a ao chão. Depois avança para cima de Drica e segura seu pescoço. Ela quase se desequilibra e cai para trás.

__ Não!__ Corro em direção aos dois. Kayke é mais rápido. Chega em minha frente e empurra o covarde longe. Ele se levanta e parte para cima de Kayke. Drica corre e se joga em meus braços. Kayke lança um golpe certeiro na cara de Leozinho que o leva ao chão tonto.

__ Não se aproxime mais da garota! Ouviu?__ Leozinho o encara parecendo atordoado.__ Ouviu o que eu disse, covarde? Gosta de bater em mulher? Por que não levanta e me enfrenta?__ Kayke o sacode com o pé.

__ Já entendi!__ Leozinho fala cuspindo e tentando se levantar.__ Pode ficar com ela. Essa garota não serve para nada! É uma inútil!__ Drica chora em meus braços.

__ Se souber que tentou falar ou se aproximar dela novamente. Venho atrás de você e te garanto que da próxima vai ser bem pior! Ouviu?__ Leozinho se arrasta até a moto. Kayke vem ao nosso encontro. Coloca a mão nas costas de Drica e a ajuda a entrar no carro.

__ Está machucada?__ Kayke olha para trás depois de se acomodar no banco do motorista. Drica nega com a cabeça baixa. __ Ele tocou em você?__ Ele insiste e Drica entende o que Kayke quer saber. Olho para ela esperando também uma resposta.

__ Ele tentou. Mas não deixei. Ficou com muita raiva quando eu disse que não queria.__ Drica se treme toda.

__ Quer ir à delegacia denunciar esse bosta?__ Kayke fala entredentes. Sinto que está se controlando.

__ Não! Só quero ir para casa, por favor! __ Ela me segura pelos braços.

__ Vamos para casa.__ O encaro. Ele acena e dá a partida cantando pneu.

O trajeto até nossa casa foi feito em completo silêncio. Ouvimos apenas o choro abafado de Drica em meu peito. Assim que estacionamos em frente a casa de arquitetura antiga e entramos pelo pequeno portão de grade de ferro, nossa mãe vem ao nosso encontro. Abraça Drica e a leva para dentro. Paro em frente a porta e olho para trás. Kayke acaba de falar ao telefone.

__ Avisei ao meu pai que já a encontramos.__ Ele guarda o aparelho e me observa em sua postura impecável com as mãos nos bolsos.

__ Obrigada pelo o quê fez hoje por minha família. Se não me ajudasse talvez chegaria tarde demais.__ O encaro agradecida. Ele parece ficar sem jeito.

__ Não foi nada.__ Responde depois de alguns minutos me observando.

__ Claro que foi. Mal nos conhece e fez o papel de irmão mais velho.__ Kayke sorri de lado.

__ Se o relacionamento de nossos pais continuar no ritmo que está em breve seremos irmãos postiços.

__ Nossa, que estranho!__ Ergo as sobrancelhas.

Ela é cringe.Onde histórias criam vida. Descubra agora