Kayke sobe a escadaria de pedra e atravessa o gramado carregando-me no ombro. Os poucos convidados presentes nos observam curiosos.
Na certa estão me julgando como uma bêbada!
__ O que houve?!__ Ouço a voz de Sebastian.
__ Dê mais atenção a sua mulher.__ Ouço Kayke o responder.
__ Nossa! Que deselegante! Só podia ser a lavadeira!__ Reconheço a voz de Cíntia quando alcançamos o primeiro patamar da casa.
Aproveito-me da situação e ergo o dedo do meio para ela.
__ É uma desclassificada mesmo!__ Cíntia tenta embarreirar o caminho.
__ Saia da frente, Cíntia!__ A voz de Kayke sai áspera.
__ Você é um grosso, Kayke! No fundo, os dois se merecem!__ Cíntia sai apressada pela porta de vidro.
Algumas pessoas nos observam sobressaltadas quando passamos pela sala de estar em direção à escada de madeira que dá acesso aos andares superiores.
__ Eu vi o que fez!__ Kayke me dá um tapa no traseiro.__ Não faça mais esse sinal.
Apenas sorrio baixinho com ar de vitória.
__ O que foi isso? O que está acontecendo? Por acaso quer virar uma alcólatra?__ Kayke me desliza até o chão assim que entra em um quarto no terceiro andar.
__ Não estou bêbada. __ Me sinto injustiçada.
__ Como não? Se não chego a tempo ia acabar se afogando junto com aqueles dois irresponsáveis.
__ Chico e Theo realmente estavam um pouco "altos ", mas eu não. Não consegui beber. Chico derrubou minha taça no mar.
__ Não tente me enrolar, Abigail Machado! Seus olhos estão brilhantes por causa do álcool. __ Kayke fala com os olhos cerrados.
O encaro por um tempo sentindo-me um pouco tonta. Estou tão feliz que esteja de volta. E que o encontro com a mãe não tenha abalado sua segurança. Por isso não penso duas vezes em me jogar em seu peito.
__ Meus olhos estão brilhantes por sua causa, Kayke Avellar!__ Agarro sua camisa de malha cinza. Apesar de minha voz sair um pouco arrastada isso o desconcerta.
__ Já disse para parar de brincar comigo, Abigail. Meu dia foi terrível e ainda tive que dirigir feito um louco por horas para vir ao seu encontro, portanto meu humor está péssimo.__ Sua voz sai assustadoramente baixa.
__ Não estou brincando. Estava muito preocupada com você.__ Fico na ponta dos pés.
__ Só preocupada. __ Kayke me segura pela cintura.
__ Também senti muito sua falta. Talvez por isso tenha bebido só um pouquinho.__ Mostro a quantidade com os dedos.
__ Só um pouquinho?__ Kayke sorri de lado.__ Só você, Abigail...
Sua cabeça abaixa e captura meus lábios em um beijo quente e ousado. A saída-de-praia branca de crochê desliza de meus ombros e cai aos meus pés expondo meu corpo coberto apenas pelo biquíni do conjunto. Kayke me ergue pela cintura e caminha até que sinto a parte detrás dos meus joelhos encostarem na cama. Caio de costas e trago ele comigo. Minhas mãos deslizam para baixo de sua camisa e acariciam suas costas. Em um único movimento ele a arranca pela cabeça.
Uma brisa fresca do mar entra pela janela aberta. O quarto está iluminado somente pela luz que vem de fora. Uma euforia toma conta de nós e nossos movimentos tornam-se urgentes. A boca de Kayke me provoca arrepios por todo o corpo com os beijos depositados no pescoço, colo e descendo até a barriga.
__ Kayke...__ Arranho seu peito. Ele respira fundo.
__ Melhor pararmos por aqui, porque você bebeu e não está em seu juízo perfeito e confesso que não estou totalmente controlado hoje.__ Ergue o tronco e me observa.
__ Não quero parar...__ Enlaço minhas pernas nas dele. Sinto meu corpo febril.
__ Tem certeza do que está dizendo, Abigail Machado? __ Desce o corpo e me encara encostando nossos narizes.__Por que não vou perguntar de novo. Sabe que não sou nenhum típico mocinho dessas novelas que gosta de assistir. Na verdade, estou mais para o vilão.
__ Tenho certeza...__ Respondo em um sussurro. E ele não insiste, apenas me beija preguiçosamente.
Logo, a parte de cima de meu biquíni se solta. Kayke me observa com veneração.
__ Você é linda. Como imaginei desde o primeiro dia em que te vi naquela estrada.
__ Mentiroso! Em nosso caso foi ódio a primeira vista!__ Mordo seu lábio inferior de leve. Ele geme.
__ Está muito enganada, Abigail Machado. Te amei desde o primeiro minuto.__ Acaricia a maçã de meu rosto. Fecho os olhos.__ Talvez por isso tenhamos brigado tanto. Lutei demais contra esse sentimento.
__ Eu também custei a admitir.__ Jogo a cabeça para trás. Nossos corpos se moldam um ao outro em uma dança sincronizada.
A mão de Kayke desliza pela lateral de meu corpo. Seus dedos desfazem o nó da última peça. Arqueio meu corpo. Sinto-o clamar por ele. Minhas mãos o puxam mais para perto.
__ Espera.__ Kayke segura a mão que descia o cós de sua calça.
__ Já fez isso alguma vez, Abigail?!__ Suas sobrancelhas se unem. Dá para notar que Kayke tem a respiração mais pesada.
O encaro por um momento e depois desvio o olhar para a janela. Kayke segura meu queixo com delicadeza para olhá-lo nos olhos.
__ Responda.__ Meu silêncio diz tudo.__ Quando ia me contar que era sua primeira vez, Abigail?
__ Logo ia notar.__ Remexo-me por baixo dele. Kayke passa a mão no rosto até os cabelos.
__ Vamos parar por aqui.__ Gira o corpo para o lado.
__ Quê?! Por quê?! __ Sinto-me indignada e rejeitada.
__ Tem noção do que quase aconteceu? Podia ter sido uma péssima experiência para você. Eu podia ter te machucado sem saber que era sua primeira vez! Além do mais, não está totalmente sóbria. Não quero que se arrependa depois.
Meus olhos começam a se encher de lágrimas. O queixo treme. Puxo com força o lençol da cama.
__ E eu te odeio, Kayke Avellar!__ Kayke me olha surpreso.
__ Ótimo.__ Sustenta meu olhar magoado.
__ Estava demorando para deixar vir a tona o babaca que sempre foi.__ Enrolo o lençol em meu corpo.
__ Acredite, mas tarde irá me agradecer.__ Põe os braços por trás da cabeça.
Pego minhas roupas e saio apressada do quarto batendo a porta com força...
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Ela é cringe.
Lãng mạnComédia romântica que narra as desventuras de Abigail Machado, jovem inteligente, de bom coração, criativa e esforçada, porém com certa propensão a pequenos incidentes. Abi, como amigos e parentes costumam chamar, se desdobra para ajudar a mãe a toc...