Capítulo 42👟Kayke Avellar👟

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Passo a marcha do Audi atingindo maior velocidade. Observo pelo retrovisor o carro de vidro escuro que não sai de minha cola. A mãe de Kayke não conseguiu me alcançar, mas havia alguém aguardando do lado de fora do prédio. Sorte que as ruas próximas ao condomínio estão pouco movimentadas. Mas em algum momento serei interceptada. Já ultrapassei três radares em alta velocidade.

Em pensar que Kayke não queria que eu dirigisse Vanda temendo por minha segurança. Se me visse agora, provavelmente nunca mais me emprestaria seu carro. O motorista em minha traseira buzina insistente. A mão se põe para fora sinalizando para que eu pare. Não faço a mínima ideia para onde irei. Não vou atrair esses bandidos para a empresa, muito menos para minha casa. Entro na via beirando a praia.

Tento me desviar dos poucos carros que trafegam pela orla. Acompanho pelo retrovisor a evolução de meu perseguidor. Meu celular começa a vibrar. Tiro do bolso, coloco no viva-voz e o jogo no banco carona.

__ Abigail?! Onde você está? Porque está demorando tanto?__ A voz de Kayke invade o salão do carro.

__ Kayke! Estou dirigindo! Aconteceu uma coisa...__ Olho pelo retrovisor. O carro está mais próximo.

__ O que aconteceu? Você está bem?

__ Sua mãe! Ela foi em seu apartamento. __ A ligação fica muda por alguns segundos.

__ O que essa mulher fez dessa vez?!__ Seu tom de voz fica tenso.

__ Não posso falar agora, Kayke! Tem um carro me seguindo...__ Não me dou ao trabalho de desligar. Ainda ouço a voz de Kayke por alguns minutos me chamando, mas depois de um tempo a ligação é encerrada.

O veículo que me persegue está quase grudando em minha traseira. Me desespero quando identifico um revólver na mão estendida para fora. Ouço um tiro. Sem saber como me desviar abaixo a cabeça de lado, mas tento continuar dirigindo. Perco um pouco de velocidade. De repente ouço um segundo tiro e em seguida um estouro.

O Audi derrapa pela estrada, tento controlar a direção como posso. A adrenalina toma conta de meu corpo. Preparo-me para bater em outro carro ou em qualquer obstáculo pela frente. Acho que atiraram nos pneus. O veículo se arrasta por alguns quilômetros ainda e depois para tombando de lado. Abro os olhos não acreditando que saí ilesa.

Um homem de meia idade, porém forte, desce do carro que me perseguia. Vem em direção a minha porta. Fico paralisada de medo. Meus olhos se arregalam quando ele atira contra o vidro. Viro o rosto numa tentativa falha de me proteger. Sinto-me surda por um tempo. Logo, uma queimação insuportável se apodera de meu braço esquerdo. Ele abre a porta e me puxa para fora. Grito de dor.

__ Onde estão os documentos?__ Aponta o revólver em direção ao meu rosto.

__ Que documentos? Não sei o que quer?__ Todo meu corpo convulsiona. O braço atingido lateja muito.

Nesse momento, um outro carro estaciona pelas proximidades. Reconheço a mãe de Kayke assim que desce do veículo.

__ Ficou louco? O que você fez?! Vamos cair fora daqui logo antes que a polícia apareça!__ Ela repreende o homem assim que vê meu estado.

__ Não sem antes pegar o envelope, Virgínia!__ Ele esbraveja feito uma fera.

__ Esqueça isso, homem! Vamos embora! Quer voltar para a cadeia?

Suspeito que este seja o pai biológico de Kayke.

__ Cale a boca, sua inútil!__ O homem profere um tapa no rosto da mulher.__ Se tivesse feito sua parte direito e convencido seu filho, não precisaríamos chegar a esse ponto.

Ela é cringe.Onde histórias criam vida. Descubra agora