Vinte

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   Jiminie me levanta como se eu não fosse nada, senão um boneco, e me senta de volta no balcão. É a segunda vez que ele me tira do caminho. O homem, com certeza, é territorial quando cozinha, e estranhamente eu acho sexy. A mão dele aperta minha cintura cada vez que ele me levanta e eu tenho que cruzar as pernas e apertar minhas coxas fechadas para impedir o meu corpo de reagir a ele.

— Eu vi você cozinhar, lembra? Acho que posso fazer sozinho. — Ele sorri para mim. Um sorriso arrogante que deveria me irritar. Mas, em vez disso, encontro-me espelhando o seu sorriso. Sorrio de volta depois que ele acaba de me insultar. Esse homem me faz perder todo o bom senso.

   O jantar está delicioso. Começamos a nos conhecer melhor. Eu conto a ele sobre o meu trabalho, meu trabalho voluntário em uma clínica de mulheres agredidas, e algumas coisas sobre a minha infância. Omito o período entre onze e dezessete anos. Ele não existe para mim. Jiminie me conta sobre o seu centro de treinamento e alguns outros produtos que ele apoia e estou impressionado com o quanto ele parece conhecer os produtos. É evidente que ele não faz contrato com algo que não use ou, pelo menos, que sinta convicção. Ao contrário de muitos atletas que têm contrato com um produto e usam outro, o dinheiro parece não comprar o seu aval.

   Após o jantar, digo para ele ir relaxar que eu limpo. Ele não ouve, em vez disso, fazemos isso juntos. É uma sensação natural e confortável limpar a sua cozinha. Trabalhamos juntos facilmente, sem esforço... como se tivéssemos feito isso milhares de vezes antes. Não é a primeira vez que sinto essa sensação quando estou com Jimin. Às vezes, sinto como se o conhecesse há muito mais tempo do que eu realmente conheço. Estranhamente familiar, mesmo sendo tudo novo e excitante, ao mesmo tempo.

   Meu batimento cardíaco acelera quando Jiminie me serve vinho em uma taça e apaga as luzes na cozinha. Com o jantar fora do caminho, não há mais nada para ocupar nosso tempo. Exceto o que eu acho que nós dois estamos aguardando para acontecer. Não nos conhecemos há muito tempo, apesar de sentir como se eu estivesse aguardando por esta noite há uma eternidade. Desde o dia em que ele entrou no meu escritório.

— Você já foi a uma luta? — O loft está silencioso e sua voz é tão baixa que soa quase dolorosa.

— Você quer dizer uma luta de MMA?

— Sim. — Ele espera calmamente pela minha resposta.

— Uma vez.

   As sobrancelhas de Jiminie se erguem. Ele está surpreso que fui a uma luta. Dou um sorrisinho para ele. Ele tem razão de estar surpreso, eu ainda não consigo acreditar que fui convencido a ir. Não tinha contado a ele que fui a uma de suas lutas. Especialmente não o que eu presenciei. Ele sorri para mim, mas, em seguida, seu rosto cai novamente antes de continuar.

— Quem estava lutando?

— Você. — Não é como se o assunto tivesse surgido na nossa conversa e eu mentido para ele, mas sinto como se tivesse feito algo de errado em não mencionar que fui a uma luta sua. Aquela luta.

   Minha resposta o deixa surpreso. — Você me viu lutar?

— Uma vez.

— Que luta?

— Não me lembro do nome do outro cara. — Eu deveria lembrar, lembro-me de tudo. Mas não estou mentindo quando respondo. Eu bloqueei a coisa toda na minha memória tão bem, que na verdade não me lembro. Sou bom em fazer isso. Felizmente, meu cérebro entra em modo proteção, às vezes.

— Eu ganhei? — Vejo um lampejo do seu sorriso arrogante. Ele deve vencer sempre.

— Sim. — Eu sorrio.

O Destruidor de CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora