Capítulo 13

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Com a instrução do médico, Toni começou rapidamente a fisioterapia. Betty ficou encarregada de ligar para marcar as sessões. As primeiras seriam feitas na clínica.
- Você está com uma carinha. – Betty olhou mais atentamente pra amiga.
- Cara nenhuma, estou normal. Talvez empolgada com a fisioterapia, espero que eu volte a andar normalmente em pouco tempo.
- Não desconversa! Essa cara aí é de quem fez... – Betty arregalou os olhos. – Não acredito! Aconteceu?!
- Que isso Betty, ta parecendo minha mãe espalhando pras amigas o dia que eu fiquei menstruada pela primeira vez.
Betty riu, mas não desistiu de perguntar.
- Vai, me conta, quero saber de tudo. Como foi?
- Nossa, se eu não falar você vai me perturbar o dia todo. Foi muito bom, ela é carinhosa, eu gostei e ponto.
- Só isso? - Betty olhava incrédula, queria mais detalhes. – Quero os detalhes.
- Não tem detalhes. A que horas será minha fisioterapia?
- Ao menos me diz se você gostou, poxa.
- Claro que gostei. – A voz saiu mais entusiasmada do que ela queria.
Betty olhou querendo rir, mas se conteve, sabia que estava pisando em terreno perigoso.
- Ta me dei por satisfeita com essa resposta. Seu fisioterapeuta é daqui a pouco. Marquei para todas as manhãs, achei que era melhor pra você.
E assim foi. Todos os dias ela ia e ficava por quase duas horas e sua condição física evoluía bem. Com dez sessões ela já conseguia andar somente com uma muleta. Seu fisioterapeuta se chamava Reggie Mantle, era muito simpático. Moreno, olhos castanhos, forte, mas tinha um corpo definido, além de fisioterapeuta, era personal em uma academia e ficou todo animado com Toni.
- Você está indo muito bem. Pelas radiografias que vi do seu pé, achei que ia ficar mais tempo imobilizada.
- Graças a Deus que melhorei, estou doida pra voltar ao meu dia a dia, ainda não me sinto cem por cento. Ainda bem que tenho ajuda de amigos, nem em casa tenho ficado.
- Vai ficar em forma e com menos sessões do que propus no início, o que é uma pena, estou adorando te ver todo dia. – disparou sem a menor vergonha uma cantada barata.
Toni ficou totalmente desconsertada, não sabia se ria ou se despistava o assunto. Acabou rindo, mas de vergonha.
- Imagina, o que mais você tem são mulheres bonitas perto de você, fica numa academia o dia todo.
- Ter tem né, mas como você, nunca vi. – Falou dando um sorriso estonteante. – Você é educada, conversa legal, existem poucas mulheres assim. Sem contar que mesmo sendo quem é, sabe ser simples.
Toni ficou lisonjeada pelas palavras, mas nada sentiu; olhava pra ele e lembrava de Cheryl. Realmente a ruiva já tomava conta de seus pensamentos, mais que isso, do seu coração.
- Você já pode retirar a bota e ficar só com a muleta pra dar firmeza e toda noite antes de deitar passe esse gel, vai ajudar. – Estendeu um tubo de gel pra ela. – E não precisa mais depender de ninguém, pode ficar na sua casa, já sobe escadas numa boa.
- Obrigada, neste caso teria como eu fazer a fisioterapia lá?
- Claro! No mesmo horário?
- Isso, combinado então.
Ela se levantou pra sair e ele deu um beijo de despedida nela, mas que pra Toni não significou nada. Chegou de táxi no café e subiu para o escritório, teve uma ótima surpresa, pois Cheryl a esperava lá dentro.
- Oi! – Sorriu e foi em direção a ela.
- Como foi hoje? – Beijaram-se.
- Estou indo bem, ele disse que já posso ter vida normal e estou liberada dessa bota. Só não tirei porque não trouxe o outro sapato. Falou que já posso ir pra casa e que posso fazer as fisioterapias lá.
- Adorei até a parte que vai pra casa e dele fazer essas sessões lá; por que não na clínica?
- Num sei, mais cômodo em casa, eu que sugeri.
- Hum... – fechou o cenho. – E ele é bonito?
- Um gato, moreno, olhos castanhos e quando eu olho pra ele...
Cheryl estava visivelmente contrariada.
- ...Só consigo me lembrar de você, mas não com essa cara feia me olhando. É com aquele sorriso lindo que me dá todos os dias de manhã. – Falou bem próxima a boca dela.
- Você merece um beijo por isso. – Beijaram-se demoradamente.
Betty entrou, as interrompendo e gostou do que viu, sorriu e falou calmamente.
- Bom dia para as duas, aqui não é lugar de namorar.
Elas se separaram e Cheryl abraçou Toni.
- Só um pouquinho, vim aqui pra chamar minha namorada pra almoçar.
- E não pode convidar a secretária dela também?
- Claro. – Toni respondeu. – Precisamos mesmo de uma vela.
- Ah, isso vai ter troco.
- Vamos! Você anda muito dramática. – Toni falou.
Durante o almoço Betty percebeu que Toni havia mudado o tratamento com Cheryl, estava mais próxima e retribuía sorrisos e olhares pra namorada. Depois de terminarem Toni teve de ir primeiro, uma cozinheira havia chamado lá dentro no buffet.

- Você me pega? – Perguntou a Cheryl.
- Pode deixar, passo aqui. 

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