Capítulo 4

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No dia seguinte, assim que Toni pisou em sua sala Betty a chamou. Ela voltou e entrou na sala da secretária.

- Acabei de falar na transportadora, vão atrasar um pouco porque a Rio Quality também mandou ajuda e eles vão colocar tudo em um caminhão maior. Tem algum problema?
- Nenhum. Que bom que resolveram ajudar.
- Cheryl é o máximo. – riu.
- Sim, é ótima. – Revirou os olhos.

A chef entrou em sua sala e pensou na ruiva. Não parecia ser má pessoa, mas daí a ter um relacionamento com ela era demais.

- Nada de relacionamentos, Toni! – falou pra si mesma.

À tarde, já ia saindo do escritório e ia pra casa. Deu uma passada rápida na cozinha e conversou com o pessoal novo. Estavam mudando os equipamentos, os novos haviam chegado e eles testavam.

- Nossa Toni! Esse triturador bate até pedra brita. – Brincou.
- Muito bom, só tem que tomar cuidado com a mão.
- Ah isso com certeza.
- Pessoal, por favor, quero dar uma palavrinha com vocês. – Falou mais alto para que pudessem ouvi-la. – Esses equipamentos novos requerem mais atenção no manuseio, alguns são automáticos e outros são afiados demais. Pelo amor de Deus trabalhem com luvas e na dúvida me chamem. Um acidente depois de causado, não tem como mudar.

Todos ouviam atentamente.
- Quanto aos equipamentos antigos, podem levar para casa. Façam um acordo entre vocês e cada um leva um, eu sei que dá.
Todos agradeceram animados.

- Nossa! Não vou ganhar nem um liquidificador? – Betty se aproximou.
- Com o salário que você ganha dá pra comprar vários deles. Mas se for o caso, te dou de aniversário. Ta chegando mesmo.
- Não obrigada, presente pra casa não rola.
- Estou saindo, quer carona?
- Quero, mas antes vou comer alguma coisa, dá tempo?
- Claro.
- Espera aí que vou comprar uma coxinha no bar da esquina. – Brincou.
- Faça isso e espero que tenha uma disenteria.
- Nossa! Praga de chef de cozinha pega hein?

Sentaram em uma mesa e pediram.

- Quero uma torta de massa folhada com Mussarela de búfalo.
- Eu quero um suco somente.

Toni observou ao redor do café, estava movimentado. Tinha clientes de todo tipo e eram exigentes da gastronomia.

- Ontem um rapaz falou que a sua torta de tomate seco com manjericão e queijo brie é um espetáculo.
- Deu certo né? Lembra quando fiz? A bagunça na cozinha lá de casa era monumental.
- Nossa, foi mesmo. Comi tanto que passei mal no dia seguinte, fiquei sem comer direito uns três dias.

Toni, que prestava atenção em Betty, voltou seus olhos para a porta. Acompanhando seu olhar a secretária viu que Cheryl estava entrando e acompanhada de outra mulher ruiva. Por sinal, muito parecida com ela.

- Ih, chegou seu afeto. – A secretária brincou.
- Para de bobeira, não tem afeto nenhum.
Cheryl não as viu e sentou em uma mesa mais distante. Pediu e continuou conversando com a outra mulher. Pareciam concentradas e discutir algum assunto importante, pois nem o garçom as interrompeu quando serviu.

- Já acabou de comer? – Toni perguntou.
- Calma! Não precisa correr pra ir embora só porque a outra chegou. Ela não vai te agarrar. Está acompanhada e muito bem por sinal, porque a ruiva é bonita hein?
- Você é tão abusada que eu não sei como Cristina te aguenta.
- Ela me ama!

Toni apoiou a cabeça nas mãos e preferiu não responder. Betty enrolou pra comer, porque queria que Cheryl as visse. Não demorou muito pra ela se levantar e sair com a mulher. Quando passou perto da mesa é que as viu. Fez sinal para elas e Betty a chamou.

- Por que a chamou?
- Pra sentar com a gente ué.
- Já estamos de saída.
- Que custa só bater um papo? Eu não estou fazendo nada, nem você também. – cantou.
- Betty você é uma aberração.

A ruiva se despediu da mulher e foi em direção às duas.

- Ei meninas, como vão?
- Bem. – Betty quem respondeu. – Senta aí, come alguma coisa.
- Obrigada, mas eu não estou com fome. Tomei um cappuccino agora. Estava tratando de negócios e sabe que aqui é um ótimo lugar? - Olhou pra Toni, que se manteve calada.
- Desculpa perguntar, mas aquela mulher é sua irmã?
- Betty, por que você é tão inconveniente? – Toni a repreendeu.
- Não foi. – Cheryl falou com delicadeza. – Não tenho irmãos, ela é minha advogada. Mas já perguntaram se somos parentes. Se fossemos não parecíamos tanto né? – Brincou.
- Pois é.
- Sempre que preciso de alguma assistência jurídica recorro ao escritório dela. Aliás, acabei de falar que a preferência eu dou à família. Porque também sou parceira do estúdio onde a... a esposa dela trabalha.
- Ah, imaginei que uma mulher linda daquelas não seria solteira.

Cheryl achou graça.
- Não é. Ela é casada e bem casada, ainda tem dois filhos lindos.
- Vamos? – Toni, falou com Betty. – Desculpa a indelicadeza, mas estamos de saída. – Olhou para Cheryl.
- Imagina, também estou saindo, preciso ir ao mercado.
- E comprar uma mistureba de coisas. – Toni riu debochando.
- Ah, eu não sou uma chef renomada, sou uma publicitária que aprendeu a se virar sozinha e isso incluiu cozinhar. Não tenho esse dom, mas faço o que posso. – Cheryl era tão educada e tinha um sorriso tão bonito que isso não deu chance de Toni revidar. – Você, na condição de chef, poderia me ajudar.
- Toni é ótima, sempre me dá uns toques quando vou preparar alguma coisa.
- Quem sabe quando me aventurar na cozinha ela não me ajuda. Eu ia adorar. – A ruiva olhava para a chef.

Toni conseguiu ficar tímida e seu rosto ficou todo vermelho. 

Medida CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora