Capítulo 2

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Daquele dia até o réveillon foi uma correria para ambas. Cheryl fechou a conta da rede de lojas com chave de ouro. Precisou se desdobrar para agradar os donos, mas conseguiu em tempo hábil ainda para pegar uma nova conta de uma franquia de alimentos.

- Você parece que tem mais gás no final do ano. Geralmente é quando a maioria das pessoas está cansada. – Archie falou.

- Que nada, eu levo o ano até o fim, depois uns dias de folga e volto novamente pro batente.

- Eu preciso de um descanso também.

- Merecido né? Trabalhamos muito esse ano.

- E valeu à pena. Ganhamos tantos prêmios que nem cabe mais na prateleira. – Esnobou brincando.

- Pronto, o sucesso subiu à cabeça. – Os dois riram.

- Minha querida, eu vou indo e desejo a você uma excelente passagem de ano e que em 2012 nossos caminhos estejam lado a lado e sempre comemorando.

- O mesmo para você meu amigo, felicidades pra todos na sua família. – Abraçaram-se e Archie foi embora.
Ainda em sua sala Cheryl ficou pensando que mais uma vez passaria o réveillon sozinha. Archie era um ótimo amigo, mas sempre passava a data com a família da esposa, então nunca a chamava. 

- Vou andar na praia, meu ritual. – Falou pra si mesma.

No café...

- Por que você não vem com a gente? – Betty insistia para Toni ir com ela e Cristina para Niterói na casa da família.

- Não quero. Vocês ficarão em família e eu só atrapalho.

- Vou fingir que não ouvi isso.

- Da outra vez que fui sua família ficou me olhando como se eu fosse um extraterrestre.

- É que você era a mais bonita. Não vê como somos todos feios? – Brincou. 

- Ah ta, deixa de onda. Sem contar os que achavam que eu tinha obrigação de inventar um prato ali na hora da virada.

Betty morria de rir do modo como Toni falava.

- Foi engraçado.

- Sim, muito, tô rindo até hoje! – Revirou os olhos.

- Olha amiga, fica ao seu critério viu? Não vou insistir porque sei como você é, mas se na última hora mudar de ideia, sabe onde nos achar. 

- Ta certo. Bom ano novo pra vocês, divirtam-se e não bebam muito e se beber, já sabe que..

- Não vou dirigir, pode deixar.

Abraçaram-se e Betty saiu na euforia de encontrar a namorada. Toni encerrou o dia com o restante da turma no restaurante e como tradição não abriu no dia 31. Foi pra casa descansar e fazer um balanço pessoal do ano que estava acabando.

"Pessoal de que? Não tive nada além de trabalho e isso nem é pessoal! " – Se ridicularizou. Pensou nas conquistas e que talvez alguém para dividi-las não seria má ideia. O pensamento foi apagado em instantes. Como sempre passaria o ano sozinha e em casa, escutando música, assistindo um filme ou lendo um livro. Nem a queima de fogos via pela TV. Tomou banho e deitou pra relaxar, ligou o som e ficou escutando sua música favorita. Prestava atenção na letra e quanto mais escutava, mais se sentia só. Quando faltava pouco mais de uma hora pra meia noite, uma inquietação tomou conta e acabou entrando no carro e saiu pra dar uma volta.

- O que eu vou fazer na rua uma hora dessas, com o trânsito que deve estar? Não tenho nada na cabeça mesmo. Deve ser hormônio, nos 30... é... são hormônios.

Foi pra Barra e por sorte achou um estacionamento com vaga. Andou até o mar e tirou as sandálias. Vestia uma jardineira branca, que colocou sem pensar na cor para a ocasião e por baixo uma blusa cinza com detalhes em branco. Andou por um bom tempo, chorou sem saber o motivo, pensou na família e no que eles estariam fazendo, pensou que deveria ter aceitado a proposta de Betty. Sorriu ao se lembrar de Cheryl.

Medida CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora