Trisha Sanchez
Coço a nuca desconfiada enquanto fito o homem a minha frente. Mr. Lotim, não que eu julgue ele, também o odeio, na verdade odeio todo mundo que não seja a Ava, e antes o Jay.
- E aí? Que que você acha? - Pergunto depois de um momento em silêncio, observando Harper pelo canto dos olhos. A mesma está nervosa, encostada na lousa com todas as suas anotações.
- Esplêndido. Espetacular. Maravilhoso. Inacreditável. Irreal. Fabuloso. Fantástico. Ótimo. Brilhante. Magnífico. Fascinante. Sumptuoso. - Ele enumera e me lembro imediatamente porque em específico eu o detesto.
- Tá, então topa ajudar a gente? - Indago enganchando os polegares na calça jeans.
- Claro que sim! Sempre soube que eles eram muito melhores do que um dia imaginamos! Imagine - Seu olhar se foca em Harper, os olhos miúdos brilhando embaixo do óculos. - Eles realmente só precisam de soro fisiológico para sobreviver?
- Sim, exatamente.
Harper responde mordiscando seu lábio inferior, a mulher estava apavorada em vir aqui, mas pela filha topou, e eu vim por ser a salvadora da pátria.
- Inacreditável! Eles se regeneram e são imunes a qualquer doença que nos afeta, tem funções cognitivas funcionais, mesmo que não se lembrem da vida humana, em suas mentes existe um laço fraternal pré-estabelecido, além de sua força, velocidade, audição, visão e olfato serem aprimorados. Eu sequer posso descrever como eles são melhores que nós! - Lotim exclama feliz, limpando com um lenço a testa. - E se cruzarmos o sistema deles com os nossos? As crianças depois do vírus só nasceram doentes, uma a cada quinze chegou aos dois anos.
Ele sussurra e apenas assinto com a cabeça, nosso maior medo era esse, todos envelhecerem e a demanda de adultos saudáveis e aptos ser mínima. Então a raça humana estaria extinta. Mal sabia Lotim como daria certo a reprodução, uma vez que não contamos de Emma, ou pequena demônio como eu a chamo, para ele.
- Então, como vamos chegar ao concelho e expor essa ideia? A gente vai ser morto se só sugerirmos virar amiguinhos dos zumbis. - Digo com sinceridade, bagunçando meus cachos ruivos.
- Não vamos ao concelho ainda. Eu tenho amigos em todas as tinta e nove bases de segurança dos Estados Unidos. E tenho alguns contatos em bases de juros países. Vou falar com os cientistas, eles vão ser mais aptos a idéia. Então migramos para os tenentes, convencendo os tenentes vamos ter apoio militar na pior das hipóteses. E daí vamos falar com o concelho de cada base. Se tudo der errado, é bom os nossos caros amigos zumbis não desejarem nos matar quando formos expulsos.
Assinto com um aceno, não comentando que poderíamos ser só fuzilados por tal idéia. Muitos perderam a família por conta do caos que foi instituído, simplesmente ficam possessos com a mínima consideração pelos zumbis.
- Marque a reunião e nos avise. - Peço acenando para ele, e me viro para sair da sala juntamente com Harper, anter de parar. - Professor, muito obrigada. Não sei o que teria feito se não topasse ajudar.
Digo com sinceridade, uma vez que eu realmente não sei o que teria feito, e antes que ele comece a chorar de emoção deixo a sala.
Andamos em silêncio por um longo tempo, e apenas quando chegamos em sua casa e ela tranca a porta é que a mesma fala.
- Acha mesmo que podemos confiar nele? Acha que vamos conseguir? - Ela pergunta anciosa, e caminha até o quarto da pestinha a pegando no colo e beijando sua bochecha, a ninando, enquanto Emma brinca com o seu cabelo.
- Podemos confiar nele, Lotim é um velho legal, e que acima de tudo valoriza o conhecimento. Não é um ignorante como os outros. E sobre conseguirmos... bom, não faço a menor idéia, mas espero que sim. - Digo me sentando em um dos sofás. - Faz aquele macarrão com almondega? Tava uma delícia.
Peço fazendo olhinhos pidões, na última semana eu havia me afeiçoado com ela, e aprendi a amar a sua comida. Harper revira os olhos e põe a filha no chão, indo para a cozinha. Pego a demôniozinha no colo, a seguindo e me sento em uma das cadeiras com a criança no colo.
- Preciso tirar a Emma da base. - Oakley comenta e a fito desentendida. - Quando os outros descobrirem que eles identificam companheiras, e associarem que eu fui levada e não fui morta vão saber que sou uma deles. Se me procurarem, ou do nada descobrirem ou suporem que eles podem ter filhos, vão vir atrás de mim e Emma. Preciso a proteger.
Ela diz, cortando o alho na bancada, e tenho que concordar que faz sentido.
- Vou tirar vocês. - Digo com seriedade, pensando nas poucas saídas não vigiadas que temos.
Ela concorda ligando o fogão e começando a cozinhar. Me alongo brincando com a pequena criança enquanto o cheiro de comida toma a cozinha.
[...]
Solto um gemido a cada garfada, definitivamente eu sentia falta de ter alguém cuidando de mim, e o som da risada de Harper me faz erguer do dedo do meio para ela.
Depois de limpar dois pratos cheios, lavo a louça e me viro para a mesma que está dando soro em uma mamadeira para Emma.
- Preciso ir, mas quando voltar vou trazer o remédio para você lactar. - Digo para a mesma, que sorri grata.
- Vou fazer um bolo em recompensa. - Harper diz sorrindo, me passo a mão na barriga já imaginado o sabor, rindo em seguida e acenando para ela, me despedindo.
[...]
Tiro as seis caixas que escondi na roupa, pondo elas sobre a cama, pego os frascos vazios de vitaminas e remédios para enxaqueca me sentando na cama.
Começo a abrir as caixas e tirar os comprimidos de lactação os pondo nos frascos, já que não teria como explicar o fato que estar portando remédios para gestantes uma vez que não estou grávida e que não foram solicitados e sim roubados.
Quando arrumei todos os vidrinhos os arrumo sobre a escrivaninha e pego as caixinhas as molhando na pia para amolecer e deixar ilegível as palavras, antes de as jogar no lixo.
Volto para a cama me deitando e procuro meu aparelho de som para por um cd, antes de ouvir a campanhia tocar. Franzo o cenho descendo as escadas e abro a porta arregalado os olhos ao ver Ava e gritando em euforia, a abraçando com força.
- Que porra aconteceu sua cadela? - Pergunto chorosa, não achei que a veria tão cedo.
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Apocalypse
Teen FictionA vida é uma merda, e Ava, uma sobrevivente do vírus X-18 sabe bem disso. O vírus X-18 nada mais é do que uma mutação que atinge o corpo humano após o veneno da mordida de um contaminado entrar em contato com o sangue de um dos não infectado, mas a...