- Não precisava ter trago a arma. - Harper comenta pela nona vez e apenas reviro meus olhos continuando a caminhar.
A loira é decisivamente pacífica demais para o seu próprio bem, e ela parece gostar muito da família zumbi, agindo como se eles fossem fadas dançantes. Guardo o pensamento sobre a inocência de Harper a virarmos em uma das quadras e nos depararmos com um grupo deles.
Eles farejam o ar e seus olhos de focam em nós, me fazendo engolir a seco, trêmula. Estão em seis, dois betas e quatro ômegas, todavia sou apenas uma, já que duvido que Harper vai atirar em um deles. Os olhos de um dos homens ômegas se detém em Emma, e no mesmo instante destravo a arma, mas sou surpreendida por Harper segurando meu pulso.
- Não atire. Eles reconheceram o nosso cheiro, e agora estão identificando o de Emma. Eu não sei se o cheiro dela é uma mistura do meu com o de Kalel, ou totalmente diferente, mas eu sei que não vão a machucarar. - A mesma diz com firmeza, e fico em dúvida entre a achar burra, ingênua ou corajosa.
O grupo lentamente se aproxima de nós, com os olhos brilhantes fixos na garotinha, que timidamente os observa. É quando surpresa ouço Emma emitir um ruído, baixo, leve e delicado e sei que ela está falando no idioma deles.
Um dos homens betas responde ela, seguido por um homem e mulher ômega. O som estranho e inteligível para mim perdura por instantes, e quando eles se calam, Emma corre até o homem ômega segurando sua mão, e sorrindo alegremente.
Mordo meu lábio inferior sem esconder meu medo, por número um, eles poderem matar ela, número dois, ele ser um homem e número três eles terem desejos sexuais, e se eles também forem filhos da puta abusadores como os humanos?
Um arrepio percorre minha espinha só de pensar, e nego o pensamento voltando a andar junto ao grupo e Harper.
Quando chegamos a fachada do hotel mais de duas dezenas deles já havia se juntado a nós, dialogando com Emma com cuidado o que me deixou mais aliviada. Fecho meus olhos passando as portas de vidro e entro no familiar lobby, lotado de centenas deles.
Todos simplesmente param, com os olhos brilhando no escuro, totalmente focados na criança, o que é extremamente assustador na verdade pela falta de claridade. A luz da lua é a única iluminação que me faz ver seus rostos tão diferentes e iguais aos nossos.
Um rosnado alto soa e meu olhar se detém na alfa asiática filha da puta que está parada no centro das escadas, ela desce rapidamente os lances e se aproxima, me fazendo engatilhar a arma.
- Ume! - Exclamo Harper totalmente alheia aos meus planos de matar a mulher que ela agora... abraça?
A alfa asiática que me trouxe para cá, tentou impedir minha fuga, que é uma pedra no meu sapato e que descobri se chamar Ume, abraça Harper com carinho. Ela poe o nariz no pescoço da loira me fazendo franzir o cenho, e em seguida se afasta, ajoelhando.
Ela sorri abertamente para Emma que como se a conhecesse corre para os seus braços, circulando o pescoço da mais velha com seus bracinhos miúdos.
Analiso o cenário ainda com a arma em mãos, fitando Ume por Emma no chão e me olhar com seriedade, talvez pensando em porque voltei.
- Me da a arma. - Harper inquere estendendo a mão me fazendo suspirar e por fim ceder, lhe entregando.
A loira dá a arma para a demônio asiática que me olha com seriedade, e travo o maxilar, sem acreditar que ela simplesmente entregou.
- Preciso da arma, Harper. Vou embora ainda hoje. - Assim que as palavras deixam meus lábios, um coro de rosnados de uns duzentos zumbis soa pelo saguão. - Que merda foi essa? - Pergunto sem e entender, buscando uma resposta nos olhos da loira que apenas sorri com culpa. A não.
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Apocalypse
Teen FictionA vida é uma merda, e Ava, uma sobrevivente do vírus X-18 sabe bem disso. O vírus X-18 nada mais é do que uma mutação que atinge o corpo humano após o veneno da mordida de um contaminado entrar em contato com o sangue de um dos não infectado, mas a...