Shit

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Trisha Sanchez

Daqui duas semanas

Não confio nele, de jeito nenhum. E nem é pelo fato de ele ser cientista. Peter William. Ele deve ter vinte oito anos, e aí começam os motivos para a minha desconfiança, quem com menos de trinta anos é respeitado? Ainda mais no campo de pesquisas científicas.

O que também não me engana de forma nenhuma é o fato de ele ser um clássico nerd mas ainda sim ter esse bicips malhados. Que tipo de pessoa trabalha em um laboratório e precisa de músculos? Vai usar eles pra que? Erguer livros e microscópios?

E aquele rosto... por trás dos longos cílios avermelhados e óculos de aro preto eu tenho certeza que esconde algo. Aqueles olhos verdes traiçoeiros não me enganam.

Sou tirada de meus pensamentos assim que Lotim se posiciona ao meu lado mexendo em um pequeno potinho.

- Gostaria de saber porque o vírus mata qualquer infectado animal, qual a nossa diferença física e biológica crucial nos difere. - Divaga aéreo me tirando uma careta.

- Super interessante. - Minto fitando as dezenas de pesquisadores dentro do laboratório, um mais maluco que o outro, que concordaram em ajudar na paz suprema.

- Até parece que acredito em você. - Murmura o homem ao meu lado, suspirando. - A reunião com alguns generais vai começar daqui dez minutos, eu, você, Peter e Andréa iremos apresentar nossa teoria e rezar contra o fuzilamento.

- Seu otimismo me toca professor. - Debocho caminhando juntamente a ele em direção à Peter e Andréa que estão na porta de vidro, nos esperando.

- Animados para o grande momento? - Pergunta alegremente a mulher por volta dos quarenta e cinco, mexendo em seus cabelos castanhos.

Eu e Lotim acenamos com a cabeça, nervosos demais para falar, e Peter sequer da importância para a fala da mesma. Como eu disse, suspeito demais.

Juntos, caminhamos para fora do prédio branco, o sol a pino marca o meio dia e em poucos segundos caminhando sob a claridade já me sinto suando. Quando paramos frente ao gabinete dos generais posso jurar que vou infartar pelo nervosismo, atravesso a fachada em azul escuro rezando para qualquer merda de Deus que exista.

- Vou buscar nosso experimento. - Diz Andréa arrumando a barra da saia, e desaparecendo entre os corredores.

Nosso experimento é um beta que topou ajudar a gente, foi o único que nos respondeu quando falamos sobre nossos planos com todos os transformados que temos aprisionados. Soltamos ele, e Vicente não nos atacou, na verdade se sentou e ouviu pacificamente nosso plano, explicando o que se lembra de sua vida humana e se voluntariado para ser nossa cobaia.

Vamos apresentar ele hoje aos generais e provar que estamos certos. Que podemos viver em paz.

Me sento com os dois homens frente a porta da sala de reuniões e aguardamos a volta de Andréa com Vicente.

[...]

Não era para demorar tanto, de forma alguma, já estamos a dez minutos esperando ela e já fomos convocados.

- Se não forem se apresentar agora podem cancelar essa besteira. Tempo perdido. - Resmunga um dos tenentes e sinto vontade de o socar.

Meu olhar se atenta em Lotim, mas o mesmo está travado e mais desesperado que eu, é quando uma voz soa e me tira de meu surto interno.

- Por quase três anos tivemos a falha concepção que os infectados não passavam de vermes que precisam ser eliminados, mas o que descobrimos e querermos expor aos senhores é uma realidade totalmente diferente, e que em primeira vista pode parecer utópica, mas é bem possível. - Começa o ruivo, arrumando o óculos sobre o nariz. - Pensem em ser mais fortes, a força dos senhores triplicada, a velocidade, olfato, audição e visão. Até mesmo os fatores de cura, tudo aumentando. Parece uma dádiva, certo? E nos acreditamos por anos que esses benefícios estavam seguidos por a maior desvantagem de todas: sermos monstros.

ApocalypseOnde histórias criam vida. Descubra agora