Onze

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Tenho pouco a dizer, eu prefiro fazer

Queria acreditar que na vez de Kaminari fazer a tatuagem seria algo engraçado onde a música colocada no momento só melhoraria tudo.

Mas, talvez tivesse fugido completamente das suas expectativas.

A voz perfeita de Marina Sena começou a irradiar pelo estúdio, o ritmo lento pareceu dificultar quando Kaminari deitou a cabeça na poltrona, os olhos ficando fechados juntos do cenho se tornando franzido por causa da dor. Hitoshi tentava prender a atenção na tatuagem sendo feita, ou talvez até na música, mas ele estava praticamente ao lado do loiro, e conseguia ouvir os grunhidos e os gemidos baixos de dor que o mesmo reproduzia.

Era um momento sério, não deveria sentir pensar merda perante aquele momento. Mas, uma pequena olhadinha não faria mal.

Com cuidado, o arroxeado erguera o olhar na direção de Kaminari, este parecia estar talvez (na sua cabeça) esperando o momento certo, pois logo o loiro lhe lançou um olhar ladino de sua atenção.

Shinsou engoliu em seco. A voz havia sumido de repente, e bem na parte cantando "Eu já deitei no seu sorriso" daquela canção fodida de tão boa, Kaminari soltou um riso baixo e soprado.

— Olha só que gracinha… — Ele sussurrou devagar por causa da dor imposta na pele. — A música é daora também.

Arqueando as sobrancelhas, Hitoshi soltou uma risada tímida enquanto coçava o pomo de Adão no pescoço. Sempre ficava constrangido com elogios sobre alguma música recomendada, mas pensou se a vergonha havia sido por aquilo mesmo.

— É boa né… — Apoiou o cotovelo no braço da poltrona, tendo agora alguma coragem para manter o sorriso e encarar Kaminari nos olhos.

— Incrível… — Semicerrou os olhos, suas costas acabaram se curvando minimamente e a expressão contorceu em dor ao receber com mais firmeza a agulha na pele. — Porra.

— Ainda quer segurar minha mão? — Brincou, mas também contendo vestígios onde falava sério. Denki respirou falho, chegando a encarar silenciosamente por alguns segundos Shinsou estendendo a mão em sua direção. Ele até chegou a estender o braço bem devagar, e teria chegado no ato de entrelaçarem os dedos, se não fosse o celular do arroxeado vibrando no bolso da própria calça. Hitoshi suspirou, encolhendo a mão e fazendo Kaminari fazer o mesmo. — Foi mal… Preciso atender…

— Beleza.

Se levantou rapidamente com o aparelho sendo tirado do bolso, ao ver de quem se tratava, formou uma careta no rosto. Aizawa.

— Alô… — Murmurou após atender e levar o celular até a orelha.

— Onde você tá?

— Eu te disse que iria sair pai. — Deu passos mais pra longe de onde Kaminari estava, começou a ficar um pouco tenso devido a agitação na voz do mais velho.

— Preciso que você volte, Shinsou. — Pediu, não, soara mais como ordem que o arroxeado arregalou os olhos de forma incrédula. — Eu tô passando muito mal, preciso ir no hospital e só tem você pra cuidar dela.

— Tá falando sério? — Indagou nervosamente, acabando por olhar Denki de soslaio naquele momento. O loiro também chegou a olhá-lo, mas estranhando aquela súbita mudança. — Passando mal de que pai?!

— Bebi demais.

Só podia ser brincadeira.

— Então bebe dipirona, procura alguma receita pra ressaca…

— Não Shinsou, eu não paro de vomitar, acha que vou conseguir fazer algum esforço? — Resmungou, aquilo só ajudou o arroxeado a começar a perder a paciência porém não tinha coragem o suficiente para dar uma bronca maior nele ou simplesmente mandá-lo se foder. — Saio daqui a cinco minutos, esteja logo em casa por favor.

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