Eu odeio me apaixonar
No momento em que avistara Bakugou parado no calçadão e olhando de cinco em cinco segundos o celular, Shinsou sentiu-se um tanto nervoso.
Pois o sentimento de não possuir amigos ainda prevalecia, e sequer sabia ao certo se Shinsou gostaria de saber sobre o que ele estava passando. Gostava dele, contudo, tinha um extremo receio de tudo, chegando a nem sabe do que.
— Oi Bakugou… — Disse baixinho, as mãos por dentro do bolso da calça fardada de moletom. Katsuki ergueu os olhos e esboçou um sorriso largo, mas este se perdeu aos poucos quando viu como os olhos de Shinsou estavam avermelhados.
— Tu tava chorando vei?
— Ah, eu… — Buscou levar os dedos até os próprios olhos, e tocou levemente. Tinha chorado antes de sair, e ainda estavam úmidos. Bakugou se aproximou mais, o semblante preocupado deixando Hitoshi mal, não queria causar aquela sensação. — Desculpa.
— Tá pedindo desculpas por que maluco? — Franziu o cenho, os polegares esfregando rapidamente abaixo dos olhos do arroxeado e onde as olheiras residiam.
— Eu não sei… — Murmurou abaixando a cabeça. — E-eu, é que eu perdi um amigo…
— Porra cara. — Suspirou, a destra apertando o ombro de Shinsou gentilmente. — Sinto muito, como ele morreu?
— Ele não morreu. — Comentou num muxoxo. — Mas ele não quer mais falar comigo, por que…
— Por que…?
— Ele não gosta de pessoas homossexuais… — Se encolheu ao falar. — E eu acho que sou gay, daí ele ficou puto com isso…
— E TU TÁ CHORANDO POR CAUSA DESSE ARROMBADO HOMOFÓBICO?! — Gritou de forma estridente, assustando Shinsou que arregalou os olhos e até as pessoas que passavam naquele momento, chegando a encarar os dois com pavor.
— Bakugou fala bai-
— Shinsou eu vou te meter a porrada! — Bateu com força nas costas do arroxeado, este quase caiu no chão pelo impacto.
— Por que em mim e não nele?!
— Primeiro em você por estar chorando por alguém que não merece, e depois nele, aquele filha da puta desgraçado! — Grunhiu colocando as mãos no quadril. — Quem é ele?! Quando eu virar policial do bope vou com meu batalhão atrás dele e sufoco ele na sacola!
— Era o garoto que eu gostava…
Bakugou arregalou os olhos e ficou boquiaberto. Devagar retirou as mãos da cintura, se mostrando em silêncio enquanto Shinsou encarava os próprios pés.
— O de São Paulo?
— Sim… — Fechou os olhos com força. — Mas talvez eu não gostasse dele desse jeito… Deveria ser algo de irmãos. E mesmo assim, acho que ele nunca foi meu amigo.
— Não mesmo. — Balançou a cabeça pros lados. — Amigo que é amigo não faz de Sexualidade, religião ou cor de pele um problema.
— Mas doeu tanto descobrir isso Bakugou…
— Eu sei mano, e como sei. — O puxou pelos ombros e lhe deu um abraço de lado. Shinsou suspirou, não querendo chorar de novo, seria humilhante, mas se sentiu acolhido perto do rapaz. — Só que tu não tá sozinho, beleza? Tem eu aqui, o Kirishima e o Kaminari. Você é da nossa roda agora.
— Mesmo? — Quando o olhou seus olhos brilhavam, Bakugou riu e assentiu, ao mesmo tempo que dava batidinhas nas costas do arroxeado.
— Mesmo mesmo. Vem passar o Carnaval com a gente, bora sair nós quatro, se quiser até te levo pro terreiro onde eu o Kirishima e o Kaminari vamos!

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Sujos de areia
FanfictionSe mudar para um novo estado com seu pai e a irmã de nove meses fora a surpresa na qual Shinsou nunca desejou ter. Precisando ocultar o início de uma depressão cultivada anos atrás para apoiar o pai no fim do relacionamento, Shinsou conhece alguém n...