Sujos de areia

Dezessete

Meu quarto ainda tem o seu cheiro de amor e sacanagem...

A quanto tempo eles haviam ficado na piscina, não conseguiram e nem se importaram com a quantidade passada.

Já se passava da meia noite, segundo o relógio na sala com pouca iluminação sem ser pelos nuances da lua. Entraram no local em silêncio, enxugando o corpo com toalhas jogadas pelo quintal, Hitoshi teve o mindinho segurado enquanto subiam as escadas. Agradeceu por estar na frente dele, assim Denki não veria seu sorriso, fora a imensa vergonha nas bochechas que ficaram vermelhas.

Quando entraram no quarto do arroxeado, o paulista ofereceu o primeiro banho a Denki, apontando silenciosamente para a suíte. O rapaz chegou a lhe olhar demoradamente, como se questionasse apenas com aquele gesto se Shinsou não iria consigo, claro que rendeu um nervosismo do arroxeado, negando rapidamente enquanto resmungava envergonhado. A risada leve do loiro ecoou pelo quarto baixinho, e se foi sumindo até ele fechar a porta do banheiro. Shinsou havia dado uma rápida olhava na irmã antes de irem, como garantia Eri dormia tranquila, sem ter sujado nada nem acordado por pesadelos. Deveria estar cansada psicologicamente.

Caiu exausto na cama, também se encontrando exausto numa parte interna a qual sequer sabia explicar. Buscou pelo celular, e quando o desbloqueou, notou que havia uma notificação do WhatsApp. Engoliu em seco, abrindo o aplicativo com certo receio, a notificação não tinha sido favorável.

Haviam lhe removido do grupo que tinha com seus amigos.

Sentiu o corpo ficar travado, quase deixou o celular cair e nem percebeu. Antes tinham mensagens em caps de Ojiro falando sobre si, sobre o quanto era ridículo Shinsou esconder ser gay, os outros ficavam em silêncio, como se não preferissem focar no assunto, e passaram a dizer outras coisas coisas. Após aquilo, Ojiro o removeu do grupo, e percebeu que as fotos dos contatos de seus outros amigos tinham sumido.

Todos eles os bloquearam.

Cobriu a boca com as mãos, o cenho franzido demonstrando a expressão desmanchada em tristeza. As lágrimas em breve viriam com mais dor ainda, por que sua sexualidade era algo tão ruim assim? Nunca, nunca na vida pensou que seria daquela forma. A repulsa, tristeza e receio somente pela preferência de garotos, e não garotas. Não fazia sentido, eles pensavam que Shinsou daria em cima deles? Ou seria abusado, intrometido, o pior dos estereótipos possíveis?!

Chegou quase a deixar as lágrimas caírem livremente mais uma vez, contudo uma nova mensagem lhe fez interromper aquele gesto se é que possível.

Katsuki Bakugou: Treparam???

Fechou os olhos rapidamente. Deu vontade de gritar, mas arranjou forças para lhe responder.

Você: Vamos sempre arranjar assunto só sobre sexo…?

Katsuki Bakugou: Não pô, se quiser podemos falar sobre pepinos

Você: Eu gosto de pepinos

Katsuki Bakugou: Que bom! Por que eles podem servir como vibrador

Você: Vou fingir que não sei como você descobriu disso

Bloqueou o celular e jogou ele sobre a cama. Não havia ficado magoado nem nada, na real Bakugou o fazia se sentir bem, mas agora estava tudo estranho demais para rir. Suspirou pesadamente, Denki saiu do banheiro vestido não havia usado nenhum sabonete lá de dentro e mesmo assim conseguia sentir aquele cheirinho gostoso do rapaz.

Ele viu de imediato tristeza na expressão de Shinsou, facilmente seria até sentida, mas aquilo o incomodou. De algum jeito, quando o jeito do rapaz mudava, Kaminari meio que mudava também, um pouco internamente, mas mudava.