Vinte E Oito

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Ato de desespero, só pra te sentir mais...
Perto.

Sentimentos de amargura que havia cultivado não importavam mais.

O emocional já não se encontrava como os melhores, anos antes de sofrer pela separação dos pais algo em sua alma já parecia ter morrido, e desde então sequer soubera lidar com cada sentimento fervilhando dentro de si. Shinsou estava pressentindo que no decorrer de todas as aulas uma crise de ansiedade desejou abraçá-lo com força o suficiente para explodir seus pulmões. Mas se manteve firme, não abrindo a boca, não olhando para nada sem ser o próprio caderno ou as mãos. Definitivamente deveria ter ficado em casa naquele dia.

Quando o relógio marcou onze e vinte, Shinsou optou sair sozinho e sem se comunicar com qualquer um. Denki não conseguia conviver perante aquela situação, prendeu o choro durante horas, a garganta já estava tão embargada que seria possível acabar se engasgando. E seus dois melhores amigos tinham o desejo explícito de bater fortemente na cabeça do rapaz, contudo precisavam admitir o quanto ver Matheus naquela situação era doloroso.

Pois se ele estivesse bem com Shinsou, Denki seria o que estaria fazendo piadas na sala, atiçando a risada até dos professores e jogando cantadas sobre Miguel descaradamente. Apenas para provar que ele havia encontrado seu porto seguro.

— Vai ficar com os alunos da tarde, mano? — O murmúrio de Kirishima chegou devagar aos ouvidos de Kaminari, este ainda encarava a porta em silêncio, quando recobrou a consciência por ter a imagem de Shinsou fixa na própria mente.

— Não… — Responde levantando-se com a alça da mochila nas costas. — Eu só… Queria me desculpar…

— Deveria ter falado isso pro Shinsou. — Retrucando, Bakugou usa da rispidez. — Agora além do Midoriya e o tal Bernardo, metade da escola tá querendo ele.

— Fala isso não mano…

— Tu tem que ouvir Matheus! — Kirishima exclama irritado. — Arranja um jeito de resolver essa merda, ou daqui a pouco vai ver o Shinsou beijando o Ojiro na tua frente.

— Em nome de Exu. — Estremece, os olhos dourados transbordando aflição enquanto retorcia sua expressão numa careta. — Olha… Não vai ter baile hoje no bairro do Sero?

— Ah não Kaminari, nem fodendo! — Bakugou exalta-se. — Tu vai mesmo conversar com o Shinsou na porra de um baile?!

— Eu preciso tomar coragem caralho!

— Coragem não se encontra na cerveja não, moleque! — Kirishima sente vontade de estrangular o loiro com aquele pensamento. — Cês precisam de uma coisa mais suave morô? Por que não nas festas estranhas do Sero?

Kaminari parou um pouco pra pensar, não era de todo modo ruim. Apesar da ideia de ir a um baile com Shinsou sempre fosse um desejo seu, os dois sequer estavam juntos naquele momento para curtir de casal.

— Tá, beleza… — Cede em meio a um suspiro baixo. — O Bakugou, convida ele pra ir.

— POR QUE EU?!

— Por que se for eu, ele não vai aceitar. Tu convida, diz que vai você e o Kirishima, mas será só eu e ele. — Responde rapidamente, fazendo com que Bakugou bufasse extremamente irritado. — Vai irmão, na moral quebra esse galho.

— Eu deveria era quebrar sua cabeça.

— Vai amor, os dois precisam se acertar. — A voz mansa de Kirishima soa sorrateiramente, junto ao toque gentil sobre o ombro de Katsuki. O paulista Resmungou xingamentos, não achando nem um pouco justo ser Kirishima a lhe conversar.

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