Sujos de areia

Oito

Rio de Janeiro - 2016
01:20 da madrugada - segunda - ( 10 de janeiro)

Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada...

Denki nunca negaria um banho de mar, ao contrário do arroxeado que acabou se surpreendendo consigo mesmo com a própria proposta.

Foi levado até o mar, sujo proximidade era extremamente perto, com seu mindinho sendo segurado. Ele levou aquele gesto tendo a barriga se enchendo se sensações frias, até permitiu-se sorrir minimamente, isso até ver o mar naquela hora da madrugada.

Engoliu em seco. Talvez tivesse sido má ideia. O mar era assustador a noite, ficou perceptível em seu rosto e na resistência na qual se forçou a parar de andar. Kaminari percebeu, no momento em que estiveram no meio da praia, ele lhe lançou um olhar confuso.

— Tá de boa…?

— Não… — Admitiu, afastando os mindinhos e colocando a mão por trás das costas. — Fiquei com um puta medo agora…

— Mas nem tem ondas. — Apontou em direção do mar, onde realmente os únicos volumes delas estavam bem no fundo, e eram tão pequenas que até um bebê poderia se aventurar ali. — Quer que eu segure a tua mão?

— Isso só vai me deixar parecendo um bebê chorão…

— Não vai, para com isso. — Resmungou, logo estendendo a mão.

Shinsou encarou aquele gesto demoradamente, eles já haviam dançado juntos, talvez segurarem ambas as mãos seria como dar um beijinho de comprimento.

Deu-se pôr vencido, e, encostando primeiro somente a ponta dos dígitos, tomou a devida coragem para deslizar as palmas e deixarem elas entrelaçadas. O loiro esboçou um sorriso ladino, e lhe puxou gentilmente de volta a direção do mar, Shinsou abaixou a cabeça, foram retirando as blusas no caminho, deixando na areia e chegando muito perto da água.

Com os chinelos também deixados pra trás, a pele inteira do corpo do arroxeado se arrepiou quando o mar tocou seus dedos. Suspirou, não contendo tanto nervosismo preenchendo no peito, mas antes que pensasse em sair, Kaminari continuou dando passos calmos, estes ficando cada vez mais lentos com os de Shinsou conforme a água ia subindo mais.

O mar começou a cobrir abaixo do peitoral dos dois, gelada, fazendo Miguel tremer e apertar com mais força a mão de Matheus. Com cuidado, ele se aproximou do arroxeado, a mão descansando sobre suas costas, o assustando mesmo que não houvesse nenhuma onda, não confiava em si mesmo.

— Relaxa. — Pediu baixo, os dedos cobertos por veias descendo na pele alva de Shinsou, buscando empurrar gentilmente o meio das costas dele para o fazer ficar deitado.

— Eu t-tenho medo… — Seu queixo bateu levemente enquanto segurava com força os braços do loiro. Denki entendia, não iria continuar fazendo caso Shinsou ficasse decidido a não ceder, porém, tentou mais uma vez.

— Não vou te deixar afundar. — Prometeu, aquele sorriso aparecendo como um golpe baixo, pois soara tão reconfortante que mesmo que ele estivesse mentindo, seria impossível negar.

Hitoshi choramingou, não acreditando que realmente o deixaria fazer aquilo. Tentou relaxar seu corpo travado de tensão, aos poucos, os pés foram nervosamente deixando o chão, e de imediato Kaminari lhe segurou de forma firme por debaixo das costas. A atenção do loiro mantinha-se sobre ele o tempo todo, as pálpebras semicerradas, de costas para as ondas fraquinhas e protegendo o corpo do arroxeado.

As costas de Shinsou ficaram arrepiadas ao tocarem a água gelada, provocou um arfar surpreso, o coração batera rapidamente enquanto ainda segurava com força os braços de Denki. Ele esperou pacientemente até Shinsou se acalmar, nunca retirando as mãos debaixo das costas dele, todo cuidado no mar era pouco, mas quando as ondas estavam baixas, poderia se dar ao luxo de fazer Miguel boiar na água invés das próprias inseguranças.