Passou o restante do churrasco ao lado de Denki, ou com ele muito próximo a si, sempre arranjando um jeito das partes do corpo se tocarem minimamente. Conseguiu lhe arrancar sorrisos discretos boa parte do tempo, e era desconcertante demais também vê-lo sorrindo daquele jeitinho quase de moleque, como se tivesse planos ou a mente carregadas de pensamentos arteiros.
No finalzinho, sua barriga já estava cheia por tanta carne e refrigerante, o quintal se encontrava vazio, então o arroxeado havia tentado ajudar a limpar. Mas Kirishima e Bakugou lhe barraram, afirmando que ajudariam Cecília em tudo, e fecharam a porta dando acesso lá fora.
Então ele ouviu, a música conectada na caixa de som, pontos de exclamação.
Sorriu pequeno e olhou para trás, Denki lhe observava em silêncio, o sorriso charmoso prevalecendo enquanto chama Hitoshi com o dedo. Ele negou com a cabeça, mas foi, andou até onde o loiro estava parado no meio do quintal, seu corpo era iluminado com as cores fracas de postes lá fora, mesmo sendo de tardinha onde o céu ficava alaranjado e o fim do churrasco era nostálgico, Kaminari era lindo a qualquer hora do dia.
A mão estendida o loiro foi logo aceita por Shinsou, os dedos tocando um no outro devagar, Denki usou daquele entrelaçar para trazê-lo pra perto. O guardou em seus braços, Hitoshi lhe abraçou pelas costas, sorrindo timidamente ao que o mais alto fez os dois dançarem no tom da música.
Os tons coloridos do céu serviam para deixar Shinsou mais encantador. Vento suave que o verão os privilegiou, assoprou seus cachos roxos, naquele momento ele não parecia real. Tanto perante a música, quanto o fato de estar em casa nos braços do loiro.
— Você se parece com essa música.
— Pareço? — Sussurrou o paulista, aquela voz carregada de incertezas sempre estando saindo dos lábios. — Por que?
— É suave… Mas intensa. — Explicou devagar, o polegar encostando nos lábios do rapaz e esfregando num ritmo que enviou arrepios na espinha do arroxeado. — Ela também deixa sei lá… Brisado.
— Oxi… — Riu franzindo o nariz. — Eu te deixo brisado, Matheus?
— Pior que deixa, Miguel… — Suspirou dramaticamente, causando um revirar de olhos de Shinsou, contudo, ele ainda sorria.
— Deve ser minha lerdeza então.
— Nem é… — Com um puxão na cintura, trouxe Hitoshi mais pra pertinho, e o mesmo puxou levemente a blusa do flamengo de Kaminari, descontando o frio na barriga que sentiu. — Você causa umas paradas aí…
— Umas paradas aí. — Assentiu com a cabeça, não conseguindo reprimir o riso. Denki semicerrou o olhar, sorrindo um pouquinho por estar ouvindo aquele som. — Tô achando que tu tá me assemelhando a uma droga.
— Não. Uma droga nem se compara a você.
O sorriso do arroxeado vacilou, seu coração havia dado uma tremenda vacilada ao ouvir aquilo. Que merda, esperava desesperadamente não estar deixando na cara o quanto quase caiu diante as palavras.
— Se tá falando é por que já provou. — Brincou, tentando assim disfarçar a tensão e vergonha. — Você nunca nem me "provou" pra falar isso…
— Tô provando devagar, vida. — Sussurrou, fazendo o interior do arroxeado se tornar um ninho de borboletas. Estava em uma montanha russa ou pulando de algum penhasco, era a única alternativa. — Tenha pressa não.
— Será? — Perguntou hesitante. — Quem é tão paciente assim só para experimentar alguma coisa?
— O apressado come cru.

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Sujos de areia
FanfictionSe mudar para um novo estado com seu pai e a irmã de nove meses fora a surpresa na qual Shinsou nunca desejou ter. Precisando ocultar o início de uma depressão cultivada anos atrás para apoiar o pai no fim do relacionamento, Shinsou conhece alguém n...