Rio de Janeiro - 2016
8:20 da manhã - Domingo - ( 09 de janeiro)Tua beleza é um exagero.
Pequenas mãos gordinhas se puseram sobre a bochecha de Shinsou, fazendo com que o rapaz franzisse o cenho e resmungasse de maneira incomoda.
Crente de que aquela sensação passaria, ele tentou voltar a dormir, mas ela continuou, e talvez para piorar, tapinhas bem levinhos começaram a ser feitos na bochecha. O arroxeado grunhiu, cedendo e abrindo os olhos, acabou dando de cara com um par de íris vermelhas, o rostinho redondinho cobertos pelas bochechas cheias da irmã, e um sorriso por trás chupeta.
— Oi princesa… — Sorriu devagar, os dedos sendo esfregando nos próprios olhos enquanto Eri soltava aquela risada típica e adorável de bebê. Hitoshi a olhou melhor, percebendo que a pequena estava com seu celular nas mãoszinhas. — Ai, aqui, devolve pro irmão.
Ergueu a mão, o coração batendo rapidamente pois devido os toques da mão dela, com certeza a tela demorou a se apagar. Vai saber o quanto de coisas ela acabou fazendo sem querer. Balançando o aparelho, Eri entregou o aparelho nas mãos do arroxeado, que logo ficou sentado as pressas e olhou pra ver se havia algo de errado.
O coração quase saira pela boca. Haviam três notificações na aba de "amigos" no Facebook, seu pânico sequer fora o motivo de alguém lhe seguir, mas sim quem havia sido. Dentre eles, Kirishima, tendo uma foto de perfil vestido de branco, sorrindo com aqueles dentes pontudos. Bakugou também estava ali, completamente sério e deixando o dedo do meio erguido para a câmera.
E a mais antiga era uma foto que ele já havia visto. Kaminari.
— Ai meu cu… — Afastou os fios roxos para trás da cabeça, acabando por lembrar da irmã ao seu lado. — Xingar não é legal Eri.
A caçula que mordia os dedos, riu divertida pela expressão engraçada do irmão. Shinsou fechou os olhos, respirando fundo para tentar buscar a calma na alma. Kaminari havia lhe stalkeado também? Só podia ser, ou magicamente seu perfil apareceu nas sugestões do loiro.
Por Deus, não conseguiria raciocinar direito com aquele calor, e também, tinha um assunto maior a tratar.
Segurou Eri com cuidado, a colocando contra o peitoral e dando passos inseguros para fora do quarto. A bebê brincava com seus fios roxos ao decorrer daquele caminho, e a cada momento passando pelo corredor Hitoshi sentia um aperto no peito, não querendo chegar ao seu destino tão cedo. Parou lentamente na porta do pai, deu batidas na porta antes de entrar, e quando colocou os pés lá dentro, uma careta se formou em seu rosto.
Cheirava a bebida. Aizawa ainda dormia, sujo nas próprias manchas do álcool, babando e dando uma péssima imagem como pai. O arroxeado andou até a janela, lentamente abrindo as cortinas e abrindo os vidros. Seu pai resmungou, detestando a luz sobre as pálpebras que rapidamente buscou esconder colocando-se debaixo do edredom.
— Pai. — Murmurou, dando um puxão forte no edredom para descobri-lo. Aquilo fez o moreno grunhir, sentia uma dor de cabeça infernal. — Acorda. Precisamos conversar.
— Olha ele aí. — Sorriu preguiçosamente. — Como foi seu aniversário com os novos amigos?
— Escuta. — Desviou de imediato do assunto. — O senhor não alimentou a Eri ontem, eu deixei a mamadeira já pronta. E nem trocou a fralda, quando cheguei em casa ela estava assada.
— Não jogue a culpa em mim… — Se encolheu, abraçando o próprio corpo. — Vi uma foto da sua mãe com o novo namorado… A legenda dizia "Amor da minha vida, daqui até a eternidade, nossos destinos foram traçados, na maternidade…"

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Sujos de areia
Fiksi PenggemarSe mudar para um novo estado com seu pai e a irmã de nove meses fora a surpresa na qual Shinsou nunca desejou ter. Precisando ocultar o início de uma depressão cultivada anos atrás para apoiar o pai no fim do relacionamento, Shinsou conhece alguém n...