Jaqueline não passaria a noite na casa, iria aproveitar do momento com Eri no hotel, e claro que Aizawa também saiu logo em seguida, usando a desculpa de encontrar um "novo amigo" e poderia acabar não voltando naquela noite.
Estariam sozinhos a noite toda.
O cheiro de maresia podia ser sentido na varanda de seu quarto, o som das palmeiras correndo com o vento parecia um assobio suave em meio a melodia das ondas do mar.
Shinsou deixou o banheiro em silêncio, gotas de água ainda corriam sobre a pele enquanto aparecia no quarto já devidamente vestido com uma longa blusa preta, e um short curto que mal se via abaixo do tecido escuro. O olhar pendeu quase de imediato perante a figura de Kaminari na varanda, o carioca já usava suas roupas passadas, e com seu corpo encostado na sacada as íris douradas observavam a vastidão da praia a frente das orbes marcantes. Enrolou entre os dedos alguns dos cachos roxos ao começar a andar, seus pés descalços mal fazendo barulho enquanto chegavam por fim no piso a madeira do da sacada.
Não quis dizer quaisquer coisa naquele momento, ou realizar algum gesto em relação a ele. Mas, o desejo de tocá-lo havia sido maior, e fora questão de segundos até suas mãos irem até as costas do loiro, antes de envolvê-los deslizando sobre o peitoral alheio, e o abraçando com suavidade.
Os olhos de Kaminari se fecharam devagar, tamanha sensação inebriante o envolvendo ao ter o calor do arroxeado contra seu corpo. Entregou-se a vontade de se virar, os braços tomando rapidamente a cintura alheia, e conseguindo ter a satisfação em sentir Shinsou estremecendo abaixo de seus dedos.
- Sereia.
- Você é sua infinidade de Apelidos... - A risada que Shinsou deixa escapar é anasalada, demonstrando escassez apesar das bochechas ficarem vermelhas por ter sido chamado daquele jeito.
- É inevitável... - Confessa devagar. - Minha avó costumava dizer que as sereias mais perigosas iam além das águas, andavam entre nós em meio aos homens e mulheres. Sereias desse tipo seduzem de um jeito meio... - Passou a enrolar o indicador dentre os cachos unidos e coloridos de Shinsou, atraindo de imediato a atenção deste para a região dos olhos dourados. - Pela risada, o sorriso, os cachos, os gostos musicais, a forma firme de agir, e até mesmo problemas familiares que mostram o quão fortes são.
Sentiu vontade de rir. Mas não sarcasticamente, e sim pela forma que se sentia afetado com as palavras de Kaminari.
- Tu é mó comédia garoto.
- E parece que tu tá se amarrando nisso.
- Eu? - Se finge de desentendido. - Sai de mim jabuti.
- Jabuti? - Franziu o cenho, não aguentando segurar a risada que rapidamente deixou os lábios. - Estranho.
- Estranho. - Repete da última palavra dita, usando de um timbre fino e sarcástico que fizera Kaminari rir mais uma vez. - Canta comigo.
- Cantar o que? - Pergunta curioso, e os poucos segundos na qual o arroxeado permaneceu em silêncio, foram para entrelaçar ambas mãos nas de Kaminari.
- Diz pra eu ficar muda, faz cara de mistério... - Começa a cantar a música carregando o nome; Como eu quero, seus braços balançando devagar conforme seguravam na mão do loiro. Denki reconhecia a música, tinha um profundo apego por ela, e quando ouviu ela saindo dos lábios de Shinsou, seu coração começou a acelerar novamente. - Tira essa bermuda que eu quero você sério.
- Dramas do sucesso, mundo particular, solos de guitarra não vão me conquistar. - Não demorou a continuar, o timbre saindo baixo e os olhos se fixando demoradamente sobre o paulista.

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Sujos de areia
FanfictionSe mudar para um novo estado com seu pai e a irmã de nove meses fora a surpresa na qual Shinsou nunca desejou ter. Precisando ocultar o início de uma depressão cultivada anos atrás para apoiar o pai no fim do relacionamento, Shinsou conhece alguém n...