O último elemento

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- Vocês estão proibidos de ir! Entenderam? PROIBIDOS!!! - gritou Allan, deixando o clima ainda mais tenso.

- Você está louco se acha que eu não vou tomar nenhuma atitude! - gritou Johnny, em resposta.

- Ahhhh, calem a boca vocês dois!!! - falou Sezão, irritado. - Até quando vocês vão agir como dois moleques mimados? Nós estamos na mesma equipe, droga!

O detetive e o bilionário ficaram calados, mas permaneceram com a postura rígida, como se no fundo não concordassem com Sézão.

- Escutem aqui: eu abrirei uma exceção, mas só dessa vez, entenderam? Eu vou falar com esse tal de Eddie e vou chamar dois policiais pra me darem cobertura. Vocês dois podem acompanhar. - disse Allan, apontando para Sézão e Ed; ser excluído deixou Johnny ainda mais furioso.

- Eu vou arrebentar sua cara seu...

Sezão segurou Johnny e lançou um olhar reprovador para o detetive:

- Pô cara, você também não ajuda né? Que diferença faz ir três em vez de duas pessoas?

Allan revirou os olhou.

- Tudo bem, tudo bem... Vocês podem ir. Mas que fique bem claro que se um de vocês se machucar, ou pior, se alguma coisa der errado e o suspeito fugir, a culpa será toda de vocês.

- Sem problemas. Somos bem grandinhos, sabemos nos cuidar.- disse Sezão, e os outros dois concordaram.

O grupo seguiu até o endereço de Eddie. O detetive e mais dois policiais em um carro; Johnny, Ed e Sézão em outro.

- Esse detetive é uma mala sem alça! Você não conhece alguém na polícia que possa pedir pra trocar o responsável pelo caso, Johnny? Algum delegado, capitão, coisa assim...

- Até conheço Ed, mas como tudo está acontecendo ao redor da minha empresa, acredito que pegará muito mal eu fazer uma coisa assim. Vai parecer que tenho culpa no cartório. E, sinceramente, eu não tenho um pingo de medo desse imbecil. Ele gosta de estufar o peito e falar grosso, mas só faz isso quando tem um monte de gente por perto. Quero ver se ele tem essa "coragem toda" a hora que ficarmos só nós dois, cara-a-cara.

- Eu acho que ele vai correr igual uma mocinha. - disse Sézão, antes de soltar uma gargalhada. - Vai sair pulando igual uma bailarina.

- O pior é que não entendo o motivo dele ter essa implicância comigo. Eu nem o conhecia antes dos crimes. Será que eu fiz algo pra ele e não lembro?

- O motivo tem nome, sobrenome, cabelos longos e olhos castanhos. - falou baixinho Sézão, quase num sussurro, sem ter certeza se deveria tocar no assunto.

Johnny se arrumou no banco, como se quisesse escutar melhor o comentário do amigo.

- O quê?

Sézão suspirou e olhou para Ed, que franziu a testa.

- Johnnão, escuta só: eu sou seu amigo, então vou "mandar a real" pra você. Tá na cara que esse detetive tá "de olho" na Alice. Ele tá fazendo isso pra te provocar, pra te distrair, pra criar problemas entre vocês. Pelo menos é o que eu acho.

- E eu concordo, Johnny.

Ed e Sézão esperavam uma reação explosiva do amigo, mas ele ficou calado.

Os dois se entreolharam, preocupados.

- Você está bem, Johnny? - perguntou Ed.

- Ficarei melhor quando eu arrancar a cabeça dele e jogar de cima do meu prédio.

Ed e Sézão voltaram a se entreolhar, mas agora com os olhos arregalados. Sézão desviou o assunto.

- Que tal a gente deixar isso pra lá, não é? Talvez a gente esteja exagerando e ele só tenha uma "invejinha" de você, Johnny. Opa, aliás, acho que chegamos.

O detetive parou o carro em frente ao portão de ferro, preso num muro de pedra que contornava todo o terreno onde ficava a casa de Eddie. Johnny parou o carro logo atrás.

Todos desceram do carro e um dos policias que acompanhavam Allan tocou o interforne.

- Pois não, quem estão procurando? - disse a voz no interfone.

- Queremos falar com o senhor Eddie. Somos da polícia.

- Eu duvido que ele vá nos recolher sem um mandado. Estamos perdendo tempo. - disse o policial.

E, para surpresa de todos, o portão automático começou a abrir.

- Pelo jeito não estamos não. - disse Ed, e o policial baixou a cabeça, envergonhado.

Um homem os esperava na porta da casa, que eram grande e estilosa. Eddie era negro, careca, tinha cerca de 1 metro e oitenta de altura e porte atlético. Estava com um conjunto de moletom e tênis.

- Eu estava esperando por vocês.

- É mesmo? E o que te fez pensar que a polícia te procuraria? Fez algo de errado? - perguntou Allan, no tom irônico de sempre. - Aliás, meu nome é Allan, sou o detetive responsável pelo caso que nos trouxe aqui.

- Prazer conhecê-los. Eu sou Eddie, mas imagino que já sabem disso. Quanto a esperar vocês... bem, qualquer um há de esperar uma visita da polícia quando se descobre que um sítio seu foi usado como cativeiro para um sequestro.

O comentário do homem deixou todos atônitos. Não esperavam que ele fosse diretamente ao assunto.

- Então você estava ciente do sequestro?- perguntou Johnny.

- Antes de responder a essa pergunta, preciso que vocês me respondam algo antes. Falando hipoteticamente, se por acaso eu soubesse todas as informações a respeito do sequestro, quem sabe até se eu tivesse participado do sequestro, o que eu ganharia compartilhando isso com vocês?

- Você quer fazer um acordo? - perguntou Allan, agora totalmente sério.

- Talvez. Se eu confessar minha participação no sequestro e nos outros crimes, além de denunciar todo mundo que está envolvido, consigo um acordo, detetive? Consigo imunidade?

- Eu posso tentar, mas as suas informações precisam ser "muito quentes". Vou precisar de todos os nomes e de provas. É disso que estamos falando?

O homem deu um passo a frente e falou mansamente, como se estivesse contando um grande segredo.

- É uma história tão boa, detetive, que nem o Stephen King conseguiria imaginar.

Quando os olhos de Eddie e do detetive se encontraram, ouviram um estampido.

Eddie baixou os olhos, seu corpo amoleceu e ele começou a cair. Allan tentou segurá-lo, ainda sem entender o que estava acontecendo.

Mas logo o sangue jorrando na camisa do detetive revelou a todos que um tiro havia acertado a têmpora de Eddie.

Sézão viu ao longe, além do muro que delimitava o terreno, alguém se movimentando atrás de uma árvore, e viu reluzir o que ele julgou ser a mira de uma arma. Num gesto quase automático, pegou sua arma, mirou e atirou. Viu então o homem atrás da árvore se desiquilibrar.

- Acertei o desgraçado!

Começou a correr em direção ao portão da casa, e quando o alcançou só pode ver um carro saindo em disparada. Frustrado, deu um murro na própria perna.

- Filho da mãe!

Enquanto um dos policiais ligava para a emergência, Johnny tentava estancar o ferimento de Eddie, usando seu próprio casaco.

- Aguenta aí cara, que a ajuda já está vindo. - disse.

Foi então que Johnny sentiu alguém segurar e puxar sua mão, a mesma com a qual ele tentava estancar o sangramento.

- Pode parar. - disse Allan. - Ele está morto.

Meu Namorado Bilionário - VOLUME 2Onde histórias criam vida. Descubra agora