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Embora estivesse visualmente abatida, Alice acordou com disposição para conversar, como se tivesse passado todo aquele tempo tirando uma boa soneca.

- Doutor, tem certeza que todos os exames já foram feitos? Exame de sangue, tomografia... vocês repassaram tudo? – Perguntou Johnny ao médico, pela quinta vez.

- Eu estou bem, amor. – Interrompeu Alice. – Eu te juro que estou me sentindo bem.

Johnny olhou com amor para a esposa, mas sem perder a expressão facial de preocupação.

- Nós já conferimos tudo Johnny, antes dela acordar, e refizemos tudo após ela acordar. Alice está bem. É claro que ela ainda pode sentir um pouco de dor de cabeça, porque o ferimento está cicatrizando, mas não há nada com o que se preocupar, neurologicamente falando. Vamos monitorá-la mais um tempo, mas se as coisas continuarem estáveis, amanhã mesmo ela pode ir pra casa. Eles podem ir pra casa, na verdade, porque agora a família tem mais um membro.

Johnny arregalou os olhos, primeiramente olhando para o médico e depois se virando para Alice. Ele desejava contar a novidade para ela, mas como o médico se adiantou, não sabia como Alicia reagiria.

- Tudo bem, Johnny, eu já estou sabendo. – Alice falou, acariciando a própria barriga. – Uma notícia maravilhosa em meio a tantas tempestades.

Johnny sorriu e se agachou ao lado da esposa, segurando sua mão. O médico, sem querer estragar o momento, saiu silenciosamente do quarto.

- Eu amo tanto você, Alice. Esse tempo em que você passou desacordada foi o pior da minha vida. É o seu sorriso, a sua voz e o seu olhar que dão sentido à minha vida. Eu sei que a gente não pode depositar nos outros a responsabilidade pela nossa felicidade, mas eu não consigo ver o mundo da mesma forma sem você nele. É como se a vida perdesse a cor sem você.

- Eu também te amo Johnny, e nós estamos juntos e mais fortes. E em maior número agora. – Ela sorriu e ele retribuiu sorrindo também.

- Eu vou amar cada minuto com ele... ou ela, né? Quero que vocês sempre se sintam amados e protegidos.

A expressão de Johnny ficou séria, e ele se afastou um pouco de Alice.

- Apesar que eu falhei em te proteger.

- A culpa não foi sua. Foi o meu ato de sair sozinha e não avisar ninguém que resultou em tudo isso.

Ele voltou a se aproximar e segurou mais forte a mão de Alice.

- Não se culpe também. A culpa é daquele... infeliz... que fez isso com você. Mas você não deve pensar nisso agora, eu já estou resolvendo isso com...

- Não, Johnny, eu quero falar disso sim. Quanto antes resolvermos esse problema, antes estaremos todos seguros. Além disso, logo a polícia irá conversar comigo, então prefiro falar tudo pra você antes.

- Tem certeza?

- Tão certa quanto o fato de estar viva.

Johnny se sentou em uma cadeira e passou a mão na testa, ainda demonstrando preocupação.

- Bem... vou te falar o que a polícia e eu acreditamos que tenha acontecido, e daí você confirma até que ponto acertamos, ok? Nós chegamos a essa conclusão com base nas evidências encontradas no local, nos ferimentos que você teve e no depoimento daquele imbecil do Allan.

- Ok.

- Certo, vamos lá... Você foi até a casa dele esclarecer uma história de uma mensagem que você viu no celular dele quando ele esteve na nossa casa. A mensagem dizia algo como "Ele fugiu", que você associou com a fuga do Diego do cativeiro. Chegando lá você acabou vendo a máscara que ele tinha guardado – nós não conseguimos imaginar porque vocês estavam no quintal da casa – mas enfim, quando você viu a máscara o confrontou sobre ele ser o criminoso que atacou Valentina, e ele - enfurecido - mandou alguém que estava com ele atirar em você. Você caiu e bateu a cabeça. Por algum motivo ele chamou a emergência. Acho que por ser policial acreditou que todo mundo acreditaria na história que ele não sabia de nada, o que não colou. Já conseguimos a prisão preventiva dele. E então? Passamos perto?

- Bastante. Eu realmente fui tirar satisfação com ele sobre a mensagem.

- Por que você não me chamou pra ir junto?

- Porque quando se trata do Allan você fica meio irracional. Fiquei com receio que se vocês se encontrassem sozinhos de madrugada, acontecesse uma tragédia.

- Mas eu podia ter mandado um segurança com você!

- Foi uma decisão estúpida, Johnny. Nunca imaginei que acabaria assim. Enfim... ele me falou que a mensagem era sobre um cachorro do pai dele, que havia fugido do cuidador, algo assim, não me lembro os detalhes. Fomos até os fundos da casa pra ele me mostrar que o tal cachorro era real. Logicamente não foi suficiente pra me convencer.

- Mas o álibi dele nessa história bate, a polícia checou. O cachorro realmente estava num tipo de hotel pra cachorro naquela noite; o histórico de fugas também foi confirmado, tanto pelo estabelecimento quanto pelo pai do detetive.

- Nossa... mas então foi uma coincidência improvável... eu diria quase impossível.

- O que aconteceu depois?

- Eu não fiquei convencida, mas não falei nada. Voltando pra dentro da casa, eu vi uma espécie de baú com a máscara... chegando mais perto vi a máscara e o sapato... demorei um pouco pra me dar conta... mas lembrei do depoimento da Valentina, e tudo ficou muito claro pra mim: aquilo era do criminoso. Fiquei apavorada. Me virei em direção ao Allan, que falava várias coisas, mas não me recordo o quê; eu só pensava em fugir. Então eu vi sair de trás do pilar da casa...

Alice empalideceu.

- Amor, se não quiser falar disso agora...

- Não... tudo bem. É que foi... apavorante. Eu vi sair de trás do pilar um ser... homem... não sei... alguém muito alto, usando máscara igual a que eu tinha acabado de achar. Estava escuro, mas ainda consegui ver ele levantar a arma. Tentei falar algo, mas tudo escureceu e não lembro de mais nada. Devo ter levado o tiro nessa hora.

- Nós já suspeitávamos que ele não agia sozinho.

- Mas você não acha que seria mais fácil pra eles ter... me matado? E desaparecido comigo?

- Acho que ele não imaginava que você iria descobrir a máscara e o sapato, então deve ter feito as coisas no calor do momento. Talvez o comparsa dele decidiu atirar em você por conta própria e Allan achou que podia se safar colocando a culpa só nele. Não sei, Alice, mas alguma coisa saiu fora dos planos deles.

- E o que o Allan alega?

- Que não sabe da onde surgiram a máscara e os sapatos. Também diz que não conhece aquela coisa que atirou em você.

- E vocês acham que ele pode estar dizendo a verdade?

- Não, não achamos. Acreditamos que você o pegou desprevenido e que o comparsa dele se apavorou e tentou te matar.

- Isso parece um pesadelo louco.

- Parece, mas o importante é que ele está preso. Acreditamos que logo ele abre o bico. Certamente vai delatar o parceiro dele pra conseguir um acordo para reduzir a pena. Até lá, andaremos com segurança extra.

- Será que o parceiro dele ainda pode nos atacar?

- É improvável. Apostamos que ele já está bem longe nesse momento, mas é melhor garantir. De qualquer forma, o pior já passou. Não gosto nem de pensar no risco que você correu. Meu Deus Alice, foi por muito pouco!

- Eu sei, me desculpe. Eu fui muito tola.

- Tudo bem, agora vamos pensar em outras coisas, certo? Deixa a polícia fazer o trabalho dela. Nós temos coisas mais importantes pra pensar. – Johnny colocou a mão na barriga de Alice. – Temos que cuidar do nosso Dollarzinho.

- Minha nossa, Johnny! Dollarzinho? Vamos arrumar um nome decente pro bebê, né?

- Ué, "Dollar" o bebe já será de qualquer forma. Se for menina a gente pode chamar de "Libra Esterlina"?

- Por que não "Euro"?

- Ou "Real"?

Os dois riram, esquecendo por um tempo todo o horror que haviam passado até ali.         

Meu Namorado Bilionário - VOLUME 2Onde histórias criam vida. Descubra agora