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Jiwoo ensopava a esponja com detergente e passava pelo prato engordurado pelo peixe frito que o seu pai fez para o jantar. Ao seu lado, Taehyung enxugava-os e os guardava em seus devidos lugares.

Pensar em Sooyoung, em seus cabelos longos e castanhos, com os mesmos prendedores coloridos pelas mechas, e seu uniforme ora enfeitado com broches e recortes únicos dados por uma boa dançarina, ora neutro e sem destaque dos demais alunos.

Sooyoung cheirava a morango e talvez fosse como um. Era bonito, dócil, mas o gosto poderia surpreender dependendo do tempo que fosse colhido. Ha era uma incógnita como o gosto de um morango.

A distração a fez derrubar a frigideira dentro da pia, levando um leve empurrão de Taehyung para que prestasse atenção no que estava fazendo.

— Não quebre nada, tenha atenção.

— Tá, tá! — Jiwoo o repreendeu e voltou as mãos aos pratos.

— Jiwoo?!

— Que é?!

— Agora que estamos sozinhos — Taehyung se apoiou na pia —, o que Kihyun te fez?! Eu sempre soube que ele era caidinho por você.

— Ele enfiou a mão embaixo do meu vestido sem o meu consentimento. Eu estava desconfortável a todo momento e ninguém fez nada para o parar. Eu sei que estava notando e simplesmente deixou que ele desse sequência ao que queria fazer comigo.

— Ele achou que você ia gostar.

— Sim, eu iria gostar de ter um cara enfiando a mão entre as minhas pernas mesmo que eu estivesse totalmente desconfortável ao lado dele e dando sinais de que não queria.

— Ele te pediu desculpas?! — Jiwoo negou com a cabeça.

Taehyung mordeu o lábio inferior, com os braços cruzados e certo remorso por achar que a irmã gostaria de ficar com Kihyun no parque.

— Desculpa... Por não ter feito nada com antecedência — a sua voz era bem baixa e envergonhada.

— Você também não podia prever o que ia acontecer — Jiwoo foi até a mesa para pegar as demais panelas.

— Acha que eu sou machista?!

Jiwoo franziu o cenho e encarou Taehyung, que queria ouvir a opinião da irmã sobre suas ações e sobre a sua personalidade.

— Todos os homens são — ela foi sucinta na resposta. — Você pode não chegar a casos extremos, mas em algum momento, já usou de seus privilégios masculinos para nos oprimir.

— E eu já te machuquei em algo momento por conta disso?!

— Não é questão de me machucar ou algo assim, Tae. Por exemplo, Kihyun achou que seria legal ultrapassar o limite que eu determinei pra ele, e na cabeça de vocês isso é uma forma de dar em cima de uma garota porque ela vai gostar, mas isso é errado. Lembra em nossa conversa recente em que eu mencionei que ter atitude não é invadir espaços que você sabe que existem mas mesmo assim quer se mostrar como um fodão?! Era exatamente isso. Nós somos ensinadas a dar o que temos mesmo sem querer, e vocês são ensinados desde pequenos a pegar aquilo sem perguntar antes se pode.

— Então é por isso que não podemos avançar drasticamente em Sooyoung?! — a pergunta deixou Jiwoo aflita.

— A gente precisa de confiança. Homens já nos degradaram demais com seus assédios e qualquer aproximação além do permitido é inconveniente e assustadora. Sabe, não queremos ter medo, mas sempre dificultam toda a coisa. Se Kihyun fez aquilo comigo, ele pode ter feito com outras garotas e ficou por isso mesmo, e você sabe por quê?!

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