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A mãe de Jiwoo e o pai de Chaewon eram amigos de infância.

Eles tinham programado morar num lugar próximo para que suas filhas crescessem juntas e fossem amigas assim como os pais.

Taehyung sempre teve outras amizades, mas desde muito cedo, Chaewon e Jiwoo se tornaram amigas.

A amizade de longa data ia se intensificando de forma tão sólida que mesmo depois das 9:00 da noite, horário em que Chaewon já deveria estar dormindo, ganhava um passe-livre se dissesse que ia para a casa dos Kim.

E era exatamente onde ela estava.

Naquela terça-feira, depois da aula, Chaewon pediu folga ao pai para ficar com a Kim. Ela não estava saindo tanto e o Mr. Park se sentia culpado. Para gerar mais renda, a filha decidiu abdicar de sua liberdade juvenil por conta própria para ajudá-lo nos negócios.

O pedido da filha não podia ser negado visto que ela se dedicava muito ao Park Nuggets e precisava de um tempo para relaxar. Contudo, ir na casa de Jiwoo não significava bem um afastamento de estresse.

Jiwoo estava sentada na cadeira, com o notebook em cima da escrivaninha, teclando com veemência que parecia que a qualquer momento as teclas grudariam em seus dedos e sairiam do aparelho.

De cabelos amarrados em um coque e rosto oleoso pelo estresse, Jiwoo fazia o trabalho do irmão que deveria ser entregue antes da meia-noite. Ela não parava de resmungar e Chaewon já estava cansada de ficar deitada assistindo a amiga gastar toda a sua energia.

— Jiwoo! — esta deu um pulo na cadeira e se virou. — Você quer parar de resmungar?! Não fala com Taehyung desde ontem e parece que só você está se importando com isso, tanto porque ele continua treinando e saindo normalmente com os amigos, enquanto você está aí fazendo as atividades dele e o ajudando a passar de ano sem ter nenhum conhecimento de nada. Sabia que isso também é prejudicial para ele?!

— Eu tinha esquecido desse pequeno detalhe, mas muito obrigada por me lembrar porque além de egoísta, ele vai continuar sendo um jumento.

— Bebê, para com isso. Você deveria estar focada em seus trabalhos.

— Eu já passei de ano desde o trimestre passado, só estou fazendo hora extra no colégio.

— Ficar enfurecida com o seu irmão e fazer a atividade pra ele se dar bem não dá em nada.

— Você tem razão — Jiwoo se voltou ao notebook para deletar um parágrafo e escrever um pouco mais.

— O que vai fazer?!

— O que eu já deveria ter feito há muito tempo.

Jiwoo escreveu um imenso parágrafo em meio às sete folhas sobre a história da Nova Zelândia, e nele falava sobre um pavor inestimável a melancias, uma fobia avassaladora que qualquer comediante se daria bem em um show de stand up.

O indicador bateu com força no ponto que finalizou o trabalho, e as duas garotas riam pela proeza de acabar com uma redação esplêndida até que Taehyung parou na porta do quarto.

Imediatamente, elas pararam de rir. O garoto, que tinha saído com alguns amigos e estava chegando àquela hora, retirou a sua jaqueta de courino e respirou fundo, olhando apenas para a irmã.

— Podemos conversar?!

— Não sei, podemos?!

— Jiwoo, por favor...

Jiwoo bufou e se levantou da cadeira, dando espaço para Chaewon corrigir o texto.

— Assim que terminar de corrigir, pode enviar.

Jiwoo seguiu o irmão para a sala e recostou-se na parede, cruzando os braços e esperando que ele dissesse o que queria. Taehyung mexia nas folhas de uma plantinha que sua mãe gostava de deixar no canto da casa, buscando coragem para falar com a irmã.

— Okay, primeiro eu queria pedir desculpas. Você está se dedicando a mim e a me ajudar em tudo, não só com a escola, mas também com a Sooyoung, e eu não soube agradecer. Na real, eu nunca te agradeci por ter me mantido no time, porque sem o seu auxílio, eu nunca mais ia poder nadar. Minhas notas são horríveis e você está dando duro pra que eu me forme e que eu vá para o campeonato final.

— Taehyung...

— Espera eu terminar, por favor. Você é muito inteligente e me põe em reflexão o tempo todo. Desde ontem, depois que você falou aquilo da Sooyoung, eu percebi que estava sendo idiota. Eu não posso tratar uma mulher como qualquer porque nenhuma mulher é qualquer coisa. Se eu estou disposto a dedicar meu tempo a ela, não posso simplesmente dizer que ela é algo em vão. Você sempre é uma pessoa incrível para mim e faz tudo por mim. Eu sou realmente egoísta em não admitir nem valorizar isso.

— Tae...

— Eu venho sendo bem mal agradecido, e sabe, você é a minha irmãzinha.

— Eu nasci primeiro!!

— E eu te amo, independente de qualquer coisa — Taehyung passou os braços pelos ombros de Jiwoo e a abraçou, a fazendo sumir por entre seu corpo alto e robusto. — Agora eu vou tomar um banho e dormir. Essas últimas semanas são imprescindíveis para o meu condicionamento físico.

Jiwoo sorriu e esperou que ele entrasse no banheiro para voltar às pressas ao quarto. Com a mão estendida balançando em negativa, ela quase saltou em Chaewon:

— Bebê, não envia, não envia!

— Ah, merda! — disse Chaewon entredentes. — Eu enviei.

— Não, não, não, não!

— O quê?! O que foi?! Mudou de ideia?!

— Eu estava com raiva de Tae até ele me pedir desculpas com uma imensa declaração — Jiwoo teclava com pressa e nervoso procurando um meio de rebobinar e impedir que o e-mail fosse enviado ao professor mais rabugento e chato do IVE High School. — Merda, o que eu fiz?!

— Calma, Jiwoo. Se a gente não conseguir recuperar...

— Se...?! Chaewon, uma vez enviado, nunca se recupera... A menos que você seja um hacker.

— Se não conseguirmos recuperar, podemos deletá-lo do e-mail do professor. Invadimos a sala dos professores e apagamos. Eu sei que a senha dele é presunto1234, ele sempre digitava isso nas aulas que era necessário ele conectar o seu computador ao projetor.

— Tem certeza?!

— Absoluta. Olha, se acalma. A gente vai conseguir deletar isso da pasta do Mr. Zhong.

— Espero, ou então eu acabarei com a vida de Taehyung...

prom - chuuves Onde histórias criam vida. Descubra agora