XVII - Dia 7

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Max e Jane estavam deitadas no chão do quarto, as duas conversavam animadamente sobre livros que ambas já tinham lido, Max não conhecia nenhum dos que Jane falava, e nem Jane os de Max, mas só o assunto já prendiam as duas. Depois que Max descobriu sobre Jane estar morta, a amizade das duas tornaram mais intensa, Mayfield sentia como se conhecesse a garota por anos. As dimensões haviam mudado, e agora elas estavam sozinhas até Michael resgatar Jane, mas depois de tantos anos, a garota se sentia bem, estar com Max a lembrava sobre a sua vida antes de tudo desabar, sabia que poderia contar com ela para sempre.

- Você viu que os barulhos pararam de repente? Por que?

- Quando o Mike não dá ordens, nenhum dos demônios daqui assombram nada, e isso não é bom! - Jane respondeu andando pelo quarto, estava com um pressentimento ruim.

- Por que não é bom? - a ruiva respondeu ainda sentada no chão.

- Porque eles vão comer o nosso couro - disse passando as mãos nos cabelos.

- Quem são eles? Você nunca me falou nada sobre eles.

- Eu não posso...

[...]

- Porque vocês amam zumbis? - Harry estava folheando um livro de Will, tentava destrair um Byers assustado e machucado.

- Quem te ensinou a ler? - o moreno estava encolhida em sua cama.

- Mike...

- NÃO FALA O NOME DELE!

- Ele é cruel, Will. Mas ele ainda tem salvação - o menino gato suspirou e se aconchegou ao lado de Byers.

- Depois do que ele me fez, eu duvido que ele tenha salvação - Will estava com os braços e o pescoço inteiro arranhados.

- Demônios não sentem, eles não ligam para sua dor. Eles se alimentam dele, mas o Mike tem uma alma forte, ele ainda tem uma alma, mas você sabe que ele não tem sentinentos a maioria do tempo - Evans explicou passando as mãos pelo rosto do garoto, enxugando suas lágrimas.

Will tinha sido atacado por Mike novamente, a dor da última vez foi novamente sentida, porém pior.

[...]

00:49 da manhã.

Will estava em seu quarto, não saiu de lá desde quando encontrou com Michael. Estava sozinho, sem ninguém ao seu lado, queria apenas saber se os seus amigos estavam bem, se seu irmão estava bem.

Deitado na cama dura, os lençóis cobriam até a altura de seu peito. Rolava na cama de um lado para o outro mas o sono não vinha, tinha tantos pensamentos que não aguentava mais. Se virou para a parede, onde estava cheia de escritas estranhas e fechou os olhos, tentou pensar em algo bom. Mas um barulho lhe chamou a atenção, a porta entreaberta rangeu, como se algo ou alguém tivesse encostado. Byers se virou para olhar.

- Harry? - o garoto sussurrou, mas não teve respostas e chamou mais uma vez - Harry? É você?

Dedos apareceram empurrando a porta lentamente, uma sombra preta pairou entre eles, uma figura estava começando a ganhar uma forma na sua frente.

- Harry, isso não tem graça... - Byers dizia com um pingo de voz, queria que fosse o gato, mas Harry nunca apareceu dessa forma para ele. Foi questão do garoto piscar e algo pular em sua frente, era Michael...

- Dorme... DORME DE UMA VEZ POR TODAS! - o demônio pulou encima de Will, pressioando o rosto do garoto contra o travesseiro, o sufocando, Byers sentia seus braços serem arranhados lentamente, queria gritar e chorar mas nenhuma lágrima ou voz saia, o travesseiro o impedia. Will sentia como se os seus ossos estivessem sendo quebrados com o peso que o demônio fazia sobre si, era uma dor insuportável. A falta de ar foi chegando, ele não conseguia respirar, quando estava quase desistindo, tudo parou. Ele respirou fundo, pegou o ar de volta e se enrolou na cama, o choro saiu desesperadamente.

[...]

- O Michael tem um bom coração quando ele é humano, mas quando ele deixa de ser humana, bom... - Harry levantou a manga de sua blusa para Will e mostrou uma enorme cicatriz no seu pulso esquerdo.

- Ela te fez isso!? - o moreno olhou a cicatriz horrorizado, mesmo que Wheeler o tenha machucado muito, não chegou a esse ponto.

- Sim, ele tava mais irritado que o normal, eu tropecei na minha tigela de leite e esparramei tudo. Ele rasgou a minha pele até o meu osso aparecer.

- Porra...

- Mas sabe o que me fez não desistir dele? - Will negou.

- Michael se tornou humano naquela noite! - Evans sorriu ao se lembrar daquela madrugada - Ele passou a noite chorando e cuidando do meu machucado, eu nunca vi ele chorar tanto...

- Aonde você quer chegar com isso? - o menor o fitou, sabia que o outro queria dizer alguma coisa.

- Talvez ele queira cuidar de você, ele vai se arrepender, você sabe!

- Eu não quero chegar perto dele nunca mais - Byers o fitou com raiva nos olhos.

- Michael tem poderes, Will! Ele pode cuidar de você melhor do que eu.

- Depois do que ele me causou, eu prefiro ficar aqui sozinho.

- Se esses arranhões infeccionar, não vai ser uma boa idéia pra quem está preso em um lugar abandonado - Evans avisou se levantando - Quer que eu fique?

- Não, obrigado! Não quero você liberando aquele demônio pelos seus olhos. Nem morto, colega! - Byers se virou em direção a parede, queria ficar sozinho.

- É, ele pode sair pelos meus olhos mesmo - já era 4 da manhã, Harry chegou perto de Will e lhe beijou os cabelos, se virou e se transformou em gato novamente. Lançou um miado feliz e saiu do quarto, deixando Byers sozinho.

O garoto não conseguia dormir, deixou suas lanternas acessas para não ficar no escuro, mas as pilhas já estavam no fim. Ele não conseguia dormir, se sentia impotente, fraco, inútil... De repente, o garoto sentiu-se observado e se encolheu na cama, já até sabia quem estava alí.

- Will? - uma voz banhada por choro soou na porta, mas do lado de fora, apenas sua cabeça estava para dentro do quarto.

- Ah não, você não!

Michael não se intimidou e entrou no quarto, chegou perto da cama e se ajoelhou na frente de Will. Seus olhos castanhos estavam transbordando lágrimas.

- Me desculpe, Will - ele deixou um soluço escapar, estava sofrendo.

- Vai embora! - o menor o olhou friamente, estava com muito ódio e medo.

- Deixa eu cuidar de você, por favor! - o maior pediu com pesar em seu olhar.

- Não! Você já fez o suficiente.

- Will, por favor! Eu te imploro, deixa eu cuidar de você...

"Michael tem poderes fortes, Will" a voz de Harry ecoou na cabeça de Byers.

- Tudo bem, mas você vai embora depois disso.

- Obrigado! - o maior assentiu e estalou os dedos, as luzes do local se acenderam pela primeira vez em anos - Senta, por favor! - o garoto de olhos castanhos pediu e com receio Will se sentou na cama. Como um passo de mágica, um kit de primeiros socorros apareceu ao lado de Michael. Wheeler pegou a maleta e depois pegou gentilmente o braço de Will, seu choro só aumentou. Pegou ataduras e um soro fisiológico e higienizou as feridas, depois enfaixou, com cuidado o braço do menor e, para a surpresa de Byers, depositou um pequeno beijinho no local.

- Me desculpa, por favor! Me perdoa... - pediu novamente abraçando os joelhos de Byers, seu choro saia mais alto do que o normal.

- Merda, vem aqui seu filho da puta! - Byers grunhiu e puxou Michael para um abraço.

- Eu não quero ser assim.

- Não seja...

- Eu não tenho escolha, Will! - o menor apenas o abraçou o quão forte podia, mas o choro de Mike, só piorava - Me desculpe, Will! Me desculpa...

- Eu não te desculpo, nunca vou te desculpar, eu te odeio! Mas para de chorar, por favor! - beijou os cabelos de Mike, queria passar qualquer afeto que tentasse tranquilizar o garoto - Pelo amor de Deus, para de chorar...

Wheeler não se permitiu se mover nenhum músculo, naquele abraço sentiu algo que nunca imaginou sentir...

Fenômenos Paranormais - BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora