In the middle of the night | Felix | Stray Kids | Lee Felix

Capítulo 03

— Mamãe, no futuro quando eu tiver um bom emprego vou fazer uma cirurgia.

Os talheres que minha mãe segurava caíram fazendo um grande barulho na cozinha e eu me assusto.

– Que história é essa?

— É para tirar as minhas manchinhas, eu não gosto delas, são feias...

– Não, você não vai tirar nada. Suas sardas são lindas Felix, de onde tirou essa ideia?

– Andei pesquisando na internet, tem como tirar sabia? Acha que as pessoas gostariam mais de mim se eu não as tivesse?

– As pessoas tem que gostar de você do jeito que você é, você não precisa mudar nunca!

Na manhã seguinte quando cheguei a escola, não entrei diretamente na sala como sempre fazia, fui até o banheiro masculino e tirei de dentro da minha mochila uma maquiagem que minha mãe usava para esconder as marcas em sua pele e passei em meu rosto como se fosse um creme hidratante. Acabei por sujar a minha blusa mas quase não dava para perceber, eu estava sem sardas.

Entrei na sala de aula de cabeça baixa e permaneci quieto até a chamada, quando precisei levantar a mão e a professora viu o meu rosto, os seus olhos de preocupação se arregalaram e todos olham em minha direção. Parece que tinha muita maquiagem em meu rosto e eu estava um pouco pálido, a professora pensou que eu estava doente mas eu lhe expliquei o que havia acontecido. Ela me levou para o banheiro e eu lavei o rosto enquanto a ouvia dizer.

– Suas sardas são lindas Felix, tente ignorar Jane, ela não sabe o que diz.

Eu queria não me importar mas no fundo queria saber o que tinha feito para ela me odiar tanto. Na hora do intervalo, abri a minha lancheira e enquanto comia o meu sanduíche com suco, vi Jane se aproximando de onde eu estava sentado.

– Você quer ajuda para cobrir essas coisas na sua cara? – Ela diz e eu acabo assentindo que sim, Jane pega a minha caixinha de suco e o espreme fazendo-o espirrar por todo o meu rosto. Furioso e magoado, eu levanto-me da minha carteira e puxo o seu maldito cabelo cacheado e ela dá um grito de dor.

– Você é horrorosa, feia, chata e ninguém gosta de você de verdade! – Fico um pouco surpreso com as minhas palavras naquele instante.
Ela revida me empurrando com força e eu caio de bunda no chão da sala, meus olhos se enchem de lágrimas e eu saio correndo, queria ir para casa, queria o colo da minha mãe e nunca, nunca, nunca mais quero voltar para a escola.

Mas eu tive que voltar, não queria contar para mamãe o que estava acontecendo, ela pensaria que sou um fracote e eu não quero ser visto por ela como um menininho bobo então aguentei Jane por um ano inteiro, aguentei todos os empurrões, piadinhas e beliscões, até ela ser trocada de escola.