Estou mais uma vez na sala de cirurgia como auxiliando rezando para que o cirurgião terminasse aquilo de uma vez por todas, soa cruel da minha parte pensar assim mas estou exausto hoje, meus pés doem e não me apetece ficar aqui o dia inteiro ouvindo essas malditas máquinas bipando o tempo todo.
Quando finalmente estou livre, lavo as minhas mãos, troco de roupa no vestiário e em seguida agarro minha mochila caminhando para fora do hospital.
– Felix? – Olho para o lado logo que saio pela enorme porta de vidro e vejo Janeanne vindo em minha direção. – Tudo bem?
– Sim, o que faz aqui? – Percebo que minha voz sai num tom grosseiro e hostil, ela me olha de cenho franzido mas decide prosseguir:
– Estava passando por aqui e pensei em sairmos para comer. – Janeanne enfia as mãos no bolso do moletom parecendo envergonhada.
– Como sabia que eu ainda estava trabalhando?
– Eu perguntei.
– Me desculpe pela forma como falei com você, estou tendo um dia péssimo hoje. – Nós começamos a caminhar lado a lado.
– Tudo bem, eu entendo perfeitamente. – Ela forçou um sorriso. – Você quer tomar sorvete? Sorvete sempre anima. – O jeitinho como ela falava comigo toda empolada andando de lado para que pudesse me olhar a espera de uma resposta fez o meu coração se alegrar, já não estava assim tão irritado.
– Eu aceito o sorvete. – Vejo-a dar um pulinho de alegria e eu acabo sorrindo deixando transparecer que estar com ela naquele momento era tudo o que eu precisava e não fazia ideia.
Nós falamos sobre o meu trabalho no hospital, sobre o que estava me deixando irritado naquele dia e ela me deu conselhos de mediação, nunca acreditei muito nessas coisas afinal a medicina me parecia muito mais concreta, mas topei ir com ela ao parque onde costuma fazer sua meditação.
– Pode escolher qualquer um, hoje é por minha conta. – Janeanne estava tão animada que el começo a me sentir horrível pela forma como falei com ela em frente ao hospital. Quando entramos na sorveteria, olhei as diversas opções que eles tinham e escolhi um sorvete de chocolate com morangos, uvas, chantilly e calda de chocolate. – Vou querer um igual, por favor. – Ela diz ao rapaz no caixa e em seguida paga pelos dois sorvetes.
Caminhamos para sentarmos em uma das mesas do lado de fora do estabelecimento, estamos em baixo de uma árvore rodeada de luzes amarelas, enquanto Janeanne e eu olhamos envolta percebe o quão romântico estava sendo aquele momento. O mesmo rapaz que nos atendeu logo trás os dois sorvetes e nós agradecemos.
– Isso é muito bom. – Ela diz saboreando. – Eu não gosto muito de morangos, mas com esse fica difícil continuar dizendo que não gosto.
– Você tem que provar junto com o chantilly também – Pego um pouco de sorvete com uma uva e um morango em seguida mergulho eles no chantilly e viro-me para ela. – Fica muito mais gostoso. – Só então percebo que estava com a minhas colher apontada para os lábios de Janeanne esperando com que ela abrisse a boca e eu fizesse o famoso aviãozinho. Acho que ela percebeu o meu constrangimento e decidiu abocanhar a minha colher.
– Meu deus esse chantilly é incrível! – Ela passa a língua nos lábios para limpar a pequena porção de chocolate que ali havia e eu sinto meu peito queimando. – Minha vez! – Animada, ela me imita e trás sua colher com sorvete para os meus lábios e eu como morrendo de vergonha.
– O sorvete daqui é muito bom e o chantilly não é duro feito pedra. – Comento e a vejo concordar.
Janeanne estava sentada ao meu lado e no instante que ela se vira olhando para mim sinto o meu coração parar, sua mão se estende vindo em direção ao meu rosto e então eu sinto a ponta dos seus dedos gélidos limpando o canto da minha boca, ela estava bem perto, tão perto que conseguia sentir sua respiração batendo contra o meu queixo. Quando termina vejo sua mão se afastar mas ela continuava inclinada em minha direção olhando fixamente para os meus lábios.
– Acho que eu nunca vi alguém tão bonito quanto você. – Sou pego de surpresa com a sua confissão.
– Como? – Eu ouvi muito bem mas pergunto para ter certeza e talvez para alimentar um pouco do meu ego.
– Você. Eu nunca vi alguém tão bonito quanto você.
Sinto o meu corpo inclinar-se para frente e ela olha para os meus olhos profundamente, não consigo explicar mas sinto que já vi estes mesmos paredes de olhos em algum outro momento na minha vida. Janeanne fecha os olhos com suavidade e quando eu finalmente toco os seus lábios com os meus ainda gelados pelo sorvete, o meu interior se explode como gasolina jogada no fogo. Os seus lábios macios e rosados envolvem os meus com tanta vontade mas também cheio de delicadeza que faz tudo a nossa volta parecer irreal e em câmera lenta.
Quando nos afastamos sinto sua mãozinha deixando a parte de trás do meu pescoço, os seus olhos agora brilhavam mil vezes mais do que antes enquanto ainda me olha e os nossos sorvetes derretiam.
– Os sorvetes estão derretendo... – Eu falo tão baixo que parecia mais um murmuro, ela sorrir e volta a se virar para frente e comer o restante do sorvete, enquanto eu permaneci virado em sua direção me perguntando o que aconteceria se eu pedisse para que ela me beijasse mais uma vez só para ter certeza de que aquilo realmente havia acontecido. As minhas mãos estavam suadas e o meu coração batia tão rápido que com certeza dava para ver por cima do tecido da minha roupa.
Mas algo me passa pela cabeça acabando com a toda a beleza daquele momento.
– E o seu... – cocei a garganta forçando-me a prosseguir a seguinte palavra. – namorado?
Ouço-a suspirar com tanta vontade que os seus ombros descem e eu percebo a tensão que aquele assunto lhe causava.
– Desculpa, eu não queria deixar você desconfortável é só que eu não quero causar ainda mais confusão.
– Não precisa se desculpar, tá tudo bem. – Suas bochechas agora estavam coradas, não pelo sorvete gelado e o vento fresco que batia mas sim pela minha pergunta. – Nós terminamos mas eu não o denunciei, apenas ameacei dizendo que faria e ele se foi. Espero que para sempre.
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In the middle of the night | Felix | Stray Kids | Lee Felix
Fanfiction- Eu era uma criança! - Jane gritou exausta e com o coração batendo mais forte do que nunca. - E isso importa? Você foi um monstro comigo! - Dessa vez, Felix gritou cheio de mágoa no peito. - E eu me lembro de cada detalhe todos os dias! +16 bully...